quinta-feira, abril 23, 2009

"Densidade" por M.

11 comentários:

bettips disse...

Ó Manuela...quero é ver o que vais "descrever discorrendo" desta prateleira, densa de significado alimentar!
Bj

M. disse...

Pois então assim digo, Bettips menina:
Aqui haverá várias espécies e facetas de densidade, ou eu farei a fantasia sobre a palavra, talvez. Uma espécie de densidade de tráfego de loiças, e a comparação com a conhecida expressão "densidade de tráfego" não será despropositada, pois que as ditas loiças lembram filas de carros e ocupam um espaço que mais parece demasiado apertado para tanto... Depois, ou ao mesmo tempo, porque tudo se liga entre si, existem aqui massas de unidade de volume, espessuras e consistências diferentes em líquidos que se imaginam dentro. E a acrescentar, porque não também a densidade de histórias relacionadas com estes objectos, alguns deles passando de mãos na minha família. E se tomarmos a palavra no sentido figurado como consistência e profundidade, imagino os olhares mais ou menos consistentes, ou profundos, trocados em ocasiões em que estas loiças terão saltado da prateleira para uma mesa de convívio. Se calhar estou a delirar, mas terei desculpa porque o Fotodicionário é mesmo assim, provoca-nos...

mena maya disse...

A densidade da associação das ideias e dos afectos...

Uma vez mais a tua magia de tanto dizer através das coisas simples do dia a dia, Manuela!!!

Justine disse...

M., não sei que admirar mais: se a simplicidade "falsa" da foto, se as tuas lucubrações magníficas!

bettips disse...

...pronto, além do que a M. diz e a gente segue pelo fio dela, ainda imaginei as louças a falarem umas com as outras, coscuvilheiras.
Diz o "paté" para a tacinha florida de baixo: olhe lá, os vizinhos de cima fazem tanto barulho, aposto que não são de nascimento nobre! Se ao menos fossem cristal da Boémia, era um sossego nesta prateleira. E que dizem as canecas, irmanadas na sua diversidade e tão introspectivas, sempre de tromba baixa? Pifff, estas modernices da convivência democrática! No meu tempo, as louças de porcelana de Sèvres não se misturavam com o vidro grosseiro e muito menos com o esmalte esbotenado: cada um no seu lugar. Eu claro, só ia à mesa em dias de festa, mas lembro-me muito bem das vezes que as meninas chávenas de chá das 5 soltavam risadinhas cúmplices e andavam sempre fora com os seus amigos pratos de biscoitos...
Bjinho M.

M. disse...

Ah bom, completa-se o diálogo de prateleira! Que os vizinhos de cima façam barulho duvido, pois que certamente dormem no sono das memórias. Foram oferecidos aos meus pais como presente de casamento, festejaram várias datas importantes na vida que foi deles e minha e depois abrigaram-se aqui. Há muito que não saem dali e suponho que será avisado algum cuidado se resolverem passear até à mesa, pois que os seus corpos são frágeis e estarão entorpecidas de tanta pasmaceira. Às vezes até ressonam, felizmente que o seu ressonar é cristalino.

Luisa disse...

M. linda a tua ideia, tão densa de sugestões. E adorei também o teu diálogo com a Bettips. Calculo que a loiça o entendeu muito bem.

por um fio disse...

A tua fotografia a preto & branco ficou linda! Não a comentei logo, porque quando vejo loiça, passo à frente!!!!

Não sei se detesto mais lavá-la ou de a meter/tirar da máquina...

À primeira vista, parecia que me querias castigar mostrando-me esta fotografia.

Mas, a tua descrição (ou fantasia?) é uma delícia!...

Já estou de pazes feitas!!! :))

eijinhos

Anónimo disse...

Num primeiro olhar, julguei ser loiça muito bem arrumada numa máquina de levar e fiquei "preocupada" pois as peças mais antigas não sairiam de lá com muita "saúde".Mas depois de ler as palavras tão imaginativas e brilhantes da Manuela e da Bettips fui ver melhor e percebi que me tinha enganado.

Teresa Silva

Antonio stein disse...

Ah , minha Amiga, desta densidade não gosto não!

Até à próxima...

Teresa David disse...

A tua explicação é uma verdadeira preciosidade!