quarta-feira, maio 16, 2012

12. Zambujal

Procuram-se as palavras dentro do olhar. Dentro do que o olhar vê dentro da fotografia.
Amplia-se a foto para melhor observar o pormenor.
Entra-se no que estaria inexistente ou fechado ao olhar. Como aquele portão ao fundo. A dar para onde? E aquela espécie de torre branca, e o carro, no canto à direita, a fazer a curva. E os postes de electricidade a descerem a encosta, pela esquerda, a dizerem-nos que é tudo muito maior do que ao primeiro olhar, à primeira procura de palavras.
Tudo ganha, sempre, outra vida, outros contornos. Os caules e as pedras. As ervas como que despenteadas… Teriam de ser outras palavras para um aparente mesmo olhar para uma bela fotografia.
Só se mantém as cores. Os azuis diferentes. Os verdes. Porque assim são em qualquer tamanho, porque assim os queremos.

Zambujal

2 comentários:

Justine disse...

Tens razão, é tudo muito maior ao segundo olhar! Bela maneira de enunciar uma grande verdade!

Luisa disse...

Olho de lince!