quinta-feira, junho 28, 2012

Dia 19 de julho: «COM AS PALAVRAS DENTRO DO OLHAR»


Olhemos então esta belíssima fotografia da Licínia e encontremos nela, e dentro de nós, as palavras que a digam.

AGENDA PARA JULHO DE 2012


Dia 5 - Provérbios Fotografados: «Ovo assado, meio ovo; ovo cozido, ovo inteiro; ovo frito, ovo e meio»
Dia 12Reticências com a frase “Há muito que sabemos” a iniciar o texto
Dia 19 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Licínia
Dia 26 - Fotografando as palavras de outros sobre estes excertos do livro abaixo referenciado:

«Agora que é Inverno, recupero a memória fotográfica do último dia de férias de Verão. Uma memória que se repete: todos os anos, no dia em que volto as costas às férias, após subir a duna íngreme que me afasta do mar, olho fixamente para trás, como se aquele fosse o derradeiro dia de praia.
Na verdade, regresso muitas vezes àquela mesma praia, mas de facto só um ano depois, quando volta o Verão, é que ela me é devolvida. Só então volto a tomar a praia como minha, reacendendo-se inesperadamente, como num turbilhão, um sopro de felicidade absoluta. (...)
Se olho uma última vez para a praia, é porque sei que vislumbro ali um tempo parado, batido pelo sol. É um fugaz momento, mas que trago no regresso à cidade. Depois, basta-me fechar os olhos e ficar com a certeza que na memória tenho tudo. O calor, o vento e um mundo de ondas perfeitas. Muitas delas imaginadas.
Estou convencido que a nostalgia de um lugar é mais rica se conservada como nostalgia, como se a sua recuperação significasse a morte da ideia que fazemos desse mesmo lugar. Agora que se passam semanas sem ver mar, vai-me bastando esse pulsar sereno que guardo do dia em que virei as costas ao Verão. Eu, por mim, estou convencido da superioridade daquele último olhar furtivo.»

O Sal na Terra, Pedro Adão e Silva, Autor e Bertrand Editora
(A Minha Estação Preferida, texto anteriormente publicado na revista SurfPortugal, em fevereiro de 2009)


NOTA: 
Se quiserem enviar-me todas as vossas participações de uma só vez, podem fazê-lo.

O DESAFIO DESTA SEMANA

 Foi este o texto que serviu de inspiração ao desafio Fotografando as palavras de outros.
As 13 fotografias abaixo identificadas mostram a maneira como cada um de nós reagiu, através da imagem, à escrita deliciosa de Mário Cláudio.
 
«O senhor Soares percorre as áleas do Jardim da Estrela, o qual se estende como o fantasma de um parque antigo, dos séculos antes do descontentamento da alma. E enquanto os cisnes deslizam no espelho de água o senhor Soares, contemplando-os com os olhos semifechados por detrás das lentes, magica numa quermesse em que participam columbinas e pierrots e arlequins. Observa a criança que apanhou um tabefe da mãe por ter desejado mais um caramelo, e compadece-se do choro desabalado, vendo nele a metáfora da condição de todos nós, ambiciosos de uma cor inatingível, e do paladar que lhe corresponde. O senhor Soares repara agora no soldado que passa o braço pelos ombros da criadita no banco que fica à beira do canteiro de gladíolos, e inventa o teor das cartas que os dois se trocam ao longo das semanas, e nas quais se tratam por «meu adorado amor», «minha vida», e «riqueza do meu coração». O senhor Soares leva os sapatos ligeiramente cambados, a dobra das calças surradas pelo pó, e o cabelo ao léu, mal lambido pela brilhantina. Aproxima-se de uma rapariga de expressão azougada, uma dessas moreninhas que gostam de exteriorizar uma certa malícia, simbolizada pela vírgula do penteado que se lhes cola à testa. E tudo isto se mistura na minha visão, não sei bem porquê, com um romance ancestral, em cujas linhas intervêm Hamlet e Ofélia, heróis do grande Shakespeare, que só conheço de ouvir falar. (...)»

Boa noite, senhor Soares, Mário Cláudio, Publicações Dom Quixote, 2008

13. Zé-Viajante

12. Zambujal

11. Teresa Silva

10. Rocha/Desenhamento

9. ~pi

8. Mena M.

7. Mac

6. M.

5. Luisa

4. Licínia

3. Justine

2. Bettips

1. Agrades

sexta-feira, junho 22, 2012

A culpa foi da Bettips...

 
   
 Fotos de M 
(Clicando sobre as fotos consegue ler-se o texto, o que é interessante porque conta como era a vida e o ambiente naquele tempo.)

Por causa do comentário que escreveste no meu texto ali em baixo, e a que respondi, deixaste-me com uma lágrima a querer escorregar. "The World Within". Talvez seja isso tudo o que temos.
M

quinta-feira, junho 21, 2012

AGENDA PARA JUNHO DE 2012


Dia 28 - Fotografando as palavras de outros sobre este excerto belíssimo de um livro delicioso:

«O senhor Soares percorre as áleas do Jardim da Estrela, o qual se estende como o fantasma de um parque antigo, dos séculos antes do descontentamento da alma. E enquanto os cisnes deslizam no espelho de água o senhor Soares, contemplando-os com os olhos semifechados por detrás das lentes, magica numa quermesse em que participam columbinas e pierrots e arlequins. Observa a criança que apanhou um tabefe da mãe por ter desejado mais um caramelo, e compadece-se do choro desabalado, vendo nele a metáfora da condição de todos nós, ambiciosos de uma cor inatingível, e do paladar que lhe corresponde. O senhor Soares repara agora no soldado que passa o braço pelos ombros da criadita no banco que fica à beira do canteiro de gladíolos, e inventa o teor das cartas que os dois se trocam ao longo das semanas, e nas quais se tratam por «meu adorado amor», «minha vida», e «riqueza do meu coração». O senhor Soares leva os sapatos ligeiramente cambados, a dobra das calças surradas pelo pó, e o cabelo ao léu, mal lambido pela brilhantina. Aproxima-se de uma rapariga de expressão azougada, uma dessas moreninhas que gostam de exteriorizar uma certa malícia, simbolizada pela vírgula do penteado que se lhes cola à testa. E tudo isto se mistura na minha visão, não sei bem porquê, com um romance ancestral, em cujas linhas intervêm Hamlet e Ofélia, heróis do grande Shakespeare, que só conheço de ouvir falar. (...)»

Boa noite, senhor Soares, Mário Cláudio, Publicações Dom Quixote, 2008

O DESAFIO DE HOJE: "COM AS PALAVRAS DENTRO DO OLHAR"


Foto de Justine

Olhámo-la, olhámo-la encantados com a sua beleza, e escrevemos sobre o que ela nos dizia.
Assim aconteceu com os quinze textos abaixo identificados.

M

15. Zé-Viajante

De repente, aparece no céu cinzento, com luzes brilhantes. Redonda, perfeita, em azul metalizado. E vai pousando lentamente na superfície de uma rocha.
Depois, numa transformação camaleónica, toma a forma da pedra onde poisou, integrando-se na paisagem.
Por lá ficou. Quando voltei ao lugar, já a nave tinha regressado às suas origens. Ou foi apenas sonho como no poema conhecido?

«...eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer
como esta pedra cinzenta...

...o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.» 
Zé-Viajante

14. Zambujal

A natureza é, por vezes, surpreendentemente bela. E equilibrada… O ser humano, que dela faz parte, aproveita-a, transforma-a, desfruta-a. Nem sempre a respeitando, isto é, desrespeitando-se. Por vezes, agredindo o seu/nosso equilíbrio, ou seja, agredindo-se ao agredi-la.
Mas a natureza lá se faz equilibrando, geração após geração, pedra sobre pedra.
Como esta enorme pedra circense e pintora, ali perto de Celorico, que parece querer lembrar-nos qualquer coisa. Por isso, depois da surpresa, ficou guardada na memória – na de dentro de nós e na da máquina de tirar fotos, por nós criada –, e aparece-nos como oferta ao desfrute de todos os companheiros. E à reflexão.
Obrigado pelo convite para pormos palavras dentro deste olhar. Que equilibradas têm de ser! Pelo que, feitos os cumprimentos e deixados os agradecimentos, por aqui ficam as palavras. Mas vou olhar mais uma vez…
Zambujal

13. Teresa Silva

Lindíssima fotografia. Afinal na natureza o equilíbrio, mesmo aparentemente instável e parecendo contrariar as leis da gravidade, mantem-se há milhares ou milhões de anos. Pena é que os humanos não olhem à sua volta e consigam transpor as leis da natureza para a política e para a sociedade. Será ainda possível transformar o desequilíbrio actual num novo equilíbrio da ordem mundial? 
Teresa Silva

12. Rocha/Desenhamento

COM AS PALAVRAS DENTRO DO OLHAR 
Alimento algumas suspeitas quanto à sanidade da situação que nos é proposta, mesmo que não passe de uma metáfora. Disfarçamos as lágrimas, como nos filmes, com a desculpa de que nos entrou qualquer coisa para o olho. Mas vou espreitar-me ao espelho, há letras de jornal, meio desfeitas, que o vento nos cola perto de iris, ainda que raramente.
Não há nada dentro do olho, nem palavras, nem letras, nem pó. Deduzo que se trata de um estímulo poético à criação, folheando pétalas e folhas manuscritas redescobertas no fundo de uma gaveta. Um dia, para começar um livro, escrevi assim: «Morri ontem, com a boca cheia de palavras e os olhos tapados de imagens.» Esta abertura é naturalmente suspeita, própria da liberdade artística, e só nessa medida é que vejo palavras dentro de olhos, os meus, por acaso, mas em mim isso não desenha nenhuma estranheza porque eu sempre misturei as palavras com as imagens. A palavra pensa a imagem. Mas pensa-a com o olho, em certa medida ela entra para dentro dele, mil vezes por uma imagem, mil imagens para mil palavras, ou uma apenas, uma só a pensar o já visto, textos feitos de letras, palavras e restos de imagens a escorrer matéria ficcional para o fundo do nosso imaginário. É isso: é tudo mentira, porque, em arte, só pela mentira se inventa a verdade. 
Rocha de Sousa

11. ~pi

É por dentro da pedra que a água cresce. 
Tendemos a esquecer que será sublime esse sulco de aresta revelado. A pedra cai e escutamos o seu coração desfeito em nada: pedra contra pedra, o imenso interior ensimesmado auscultamos a sós, na língua, a invenção da saudade. Daqui seguimos muito devagar. 
Inebriados pela liquidez de ser, embebidos no deserto azul da tarde. 
~pi

10. Mena M.

Curiosa como sou, pergunto-me qual terá sido o deus que ofereceu à serra tamanho anel de noivado :-)! 
Mena

9. Mac

Alguém teve muito trabalho em colocar aqui esta rocha, mas parece estar num equilíbrio muito precário... Acho que vou fugir antes que ela rebole para cima de mim...
Mac

8. M.

E pôs-se ao caminho.
Recebera a notícia no dia anterior, escondia-se então o sol para lá da serrania, mas não ousara enfrentar a noite pois conhecia os seus azedumes ventosos no início da primavera. Preferiu esperar pela manhã, que sabia habitualmente mais amena por aquelas paragens.
Levantou-se cedo, abriu as portadas do quarto para perscrutar os campos em redor da casa e preparou-se para sair. Vestiu a roupa deixada de véspera sobre a cadeira à beira da cama, calçou os sapatos com sola de borracha grossa e fechou-se na casa de banho. Não se demorou. Apareceu daí a minutos na cozinha com o cabelo bem penteado preso no alto da cabeça com o seu gancho predileto, olhou para mim e sussurrou-me um Bom dia. De pé, mastigou à pressa o naco de pão de centeio que lhe ofereci para acompanhar o café quente bebido de um trago, o pensamento longe na distância da paisagem invisível. Em seguida pousou a caneca em cima da mesa de madeira escurecida pelos anos e enfiou o pesado capote de lã serrana. Abraçou-me então demoradamente e saiu de casa encostando a porta sem fazer ruído.
Fiquei a vê-la por detrás das vidraças. Reparei que estremeceu um pouco ao sentir no corpo a friagem matinal enquanto, com mão firme, aconchegava o cabeção do casaco ao pescoço para se proteger dos farrapos de neve que teimavam em descer sobre os seus ombros.
Não olhou para trás, não voltei a ver-lhe o rosto, mas adivinhei nele a determinação de sempre. 
M

7. Luisa

Os políticos têm pressa em equilibrar as contas da Europa mas nada se faz dum dia para o outro. O tempo o fará como aconteceu com estas pedras. Levaram talvez um milhão de anos a conseguir o equilíbrio perfeito. Confiemos na natureza. 
Luisa

6. Licínia

Há quanto tempo aí moras, ave de pedra, pousada sobre a altura que as águias desejam? Que força te sustem, no ponto ínfimo em que tocas a terra? Que missão te deram os deuses para permaneceres, serena e forte, desafiando o equilíbrio que os homens não conhecem? De silêncio te vestes a enfrentar o ruído dos séculos. Resistes, que outra forma não tens de aguardar o voo prometido. Um dia partirás, imponderável, rumo à lonjura, para além de todos os céus, à casa grande a que pertences. 
Licínia

5. Justine

Está ali. Provavelmente está ali desde sempre. O tempo apenas lhe foi burilando a forma, adoçando a face, compondo as cores. Até a transformar num quase mistério.
Justine

4. Jawaa

A Vida... só pode ser. O equilíbrio da vida no fim do tempo, grande e colorida embora, deixando estrias que ficam quando por fim um vento mais forte a derrubar. 
Jawaa

3. Bettips

O raro e instável equilíbrio da vida. A beleza das formas e cores da terra suspensa: o prazer de as/os encontrar (pedra, equilíbrio, cores e formas). 
Bettips

2. Benó

Equilibrio
Se eu fosse Hercules ou Sansão atirava esta pedra para o chão. A frase rima, mas não vou versejar que, para isso, não tenho "engenho nem arte". Só que, ao olhar este grande pedregulho em perfeito equilibrio, como se fosse uma bailarina em pontas, sinto um desejo enorme de o empurrar pela provocação que me está a fazer, pois eu, um ser bípede, dotado de vida e inteligencia, seria incapaz de me manter no cimo daquela pedra. 
Benó

1. Agrades

Parece que a qualquer momento vai desabar e, no entanto, deve estar ali naquela posição periclitante há anos, há séculos... E espanta-nos tanto o ruir duma construção que julgamos sólida como a resistência desta instabilidade. Quantas vezes nos iludimos com as forças e as fraquezas... 
Agrades

quinta-feira, junho 14, 2012

15. Zambujal



Entretenho-me a espreitar… 
Na passagem do computador para a mesa (“vem jantar!…”), ainda me detenho e me entretenho a espreitar. Pela “janela da gávea”, que fica no curto trajecto, espreito a casa dos vizinhos batida pelo sol do fim da tarde.
Por nada. Para ver se estão, se vieram de fim-de-semana. Estão! As janelas abertas são prova.
Ainda nos não habituámos àquela casa ali, de madeira plantada ao lado da nossa de pedra da serra. Ele há cada gosto, costumamos resmungar… De qualquer modo, se se sentem bem…
Então?!… a tua sopinha arrefece…, és sempre a mesma coisa…”, “… vou já, entretive-me a espreitar…” 
Zambujal
Nota:
Publico a participação do Zambujal fora da ordem alfabética. Do seu primeiro mail, enviado no dia 11 mas para uma outra Manuela que não se queixou de receber em sua casa uma construção de madeira, não tive conhecimento. Só agora recebi de facto uma segunda via.
Aproveito para deixar um aviso: quando eu não reagir aos vossos mails dentro do prazo razoável a que nos habituámos é porque não os recebi, por isso perguntem para se assegurarem do que se passa. Isto já aconteceu uma ou outra vez, e com diferentes pessoas que, estranhando a minha mudez, me questionaram. Nalguns casos, os mails tinham-se desviado do caminho, à semelhança do Capuchinho Vermelho, ou até mesmo perdido.
M

AGENDA PARA 2012



Dia 21 - Com as palavras dentro do olhar sobre a belíssima fotografia da Justine

O DESAFIO DE HOJE

Reticências
Desta vez  a inspiração para as nossas fotografias e textos foi colhida na frase "Entretenho-me a espreitar".
M

14. Zé-Viajante



Entretenho-me a espreitar os jornais e revistas em cima do balcão e deparo com a Margarida. Já idosa, também é vaidosa. Porque ela atrai as atenções de todos os que visitam o quiosque da dona. Vida de cão? Não. De cadela prendada. 
Zé-Viajante

13. Teresa Silva



Entretenho-me a espreitar coisas antigas, guardadas, perdidas em gavetas e armários. Encontrei um quadro pintado por uma Avó; pendurei-o, retratei-o e vou, talvez, tentar copiá-lo numa tela. 
Teresa Silva

12. Rocha/Desenhamento























Entretenho-me a espreitar pelo buraco da fechadura do quarto da minha avó. Nunca a vejo deitada,sentada ou a fazer renda na cadeira do avô. Depois de muito espreitar, um dia, na penumbra, vi um vulto branco, a avó em camisa de dormir, deslocando-se silenciosamente para o lado do oratório. Ficou a rezar durante muito tempo. Cansei-me e fui brincar. No outro dia, logo de manhã, voltei a espreitar o quarto da avó. Ela não estava na cama mas na mesma posição em que a vira, no oratório, ontem mesmo. Sempre que insisto em espreitar pelo buraco da fechadura o quarto da avó, ela está a rezar, como desde o princípio. Tinham-me dito que ela não vinha para a sala porque estava doente, a descansar, no seu quarto. É assim que a mentira ganha corpo ou imagem. 
Rocha de Sousa

11. ~pi




Entretenho-me a espreitar o meu entretenimento adiado. Nem sei se o que está ali fotografado é a frase do ano, como diz. Não gosto que haja frases do ano, talvez. Mas reconheço que sim, que seja uma frase grande e verdadeira, como por vezes ainda podem ser as palavras - como montanhas.
E por isso, vou ao redor, saio desses baços olhos inexpressivos, deste destroço camuflado, da lamela onde o mundo se vai amarfanhando e encolhendo, sob a gigantesca espátula invisível e fantasmagórica onde habitamos estes breves instantes. 
Saio e logo sou um rio que canta e um colo no fim do dia, a cereja que dança na brisa tremida: debruada a renda, simples como malha de ternura, enrolados nós ( quantos somos? ) em meada, subjacendo sinfonias. Na ponta dos dedos, um fio de água, um fio de apalavrado, sulco onde nasça e onde beba, num amanhecer secreto de fonte perdida na memória do ninho, ou moinho à escuta, ou mão de pai, ou baloiço, ou lençol de nuvens, ou amoras de sangue clandestino, indecifrados sinos. Sem vestígios de sede suplementar, papoila me seja em casa de madeira e cristal e branco cheiro a jasmim - com os pés no chão e asas perfiladas, sinuosa e subtil como serpente e pesada de leveza como grifo. 
~pi

10. Mena M.



Entretenho-me a espreitar através da lente da máquina e volta e meia surpreende-me o resultado... 
Mena

9.Mac



Entretenho-me a espreitar pelas frinchas, na tentativa de descobrir novas perspectivas... O meu trabalho dá os seus frutos, e este é o resultado... 
Mac

8. M.



Entretenho-me a espreitar a azáfama destas criaturinhas aladas em bzzs de impor respeito ao mais afoito citadino a deambular pelos campos. Gostaria de entender as suas conversas abelhudas, confesso. Será de Van Gogh que falam? Ah como ele amava o amarelo! 
M

7. Luisa



Entretenho-me a espreitar o que se passa com os fantasmas destas quintas abandonadas que eu conheci com tanta vida. 
Luisa

6. Licínia



Entretenho-me a espreitar a porta da tarde nas flores dos meus vasos e sonho jardins de outras babilónias, outros impérios, outras gentes, outras tardes quentes que até mim vieram, porque tudo é possível quando espreitamos as portas abertas dos dias cerrados. 
Licínia

5. Justine



Entretenho-me a espreitar os improváveis campos desenhados em esquadria perfeita e coloridos com pinceladas exactas, que lá em baixo se me oferecem numa luz lenta e leve, enquanto, vagarosamente, me aproximo do abraço filial que aguardo há um ano… 
Justine

4. Jawaa



Entretenho-me a espreitar tudo o que mexe: os abelhões nas flores, os carros e gentes na rua, o que se passa do outro lado da estrada, o cão que não sabe que há vida sem elos de corrente, outros felinos a explorarem territórios largos, e, naturalmente, o meu mais-velho(CG)! 
Jawaa

3. Bettips



Entretenho-me a espreitar os favos de luz da água e as flores-pérola no leito da pequena ribeira. Assim me perco do mundo. 
Bettips

2. Benó



Entretenho-me a espreitar a minha rua quando falta a luz e uma escuridão total instala-se dona e senhora da noite. De onde em onde, os faróis de algum automóvel torna visível os vultos invisíveis. Nestes momentos, acendo as velas e os meus ouvidos abrem-se para os ruídos estranhos que a noite me envia. 
Benó

1. Agrades



Entretenho-me a espreitar quem passa e vou escutando os mais díspares comentários.
Agrades

quinta-feira, junho 07, 2012

AGENDA PARA JUNHO DE 2012


Dia 14Reticências com a frase “Entretenho-me a espreitar” a iniciar o texto

Espreitemos então... :-))

"Provérbios Fotografados"

«Remenda o teu pano, chegará para o ano. Torna a remendar, tornará a chegar » 
Foi este o provérbio sugerido pela Jawaa para o desafio desta semana. Através das 13 fotografias abaixo identificadas com os nomes dos seus autores,  mostrámos como o entendemos e sentimos.

No Rifoneiro Português por Pedro Chaves (2ª edição), Editorial Domingos Barreira, aparece ligeiramente diferente:
 
«Remenda o pano, durar-te-á outro ano, torna a remendar, outro ano há-de passar»

Como adicional à minha fotografia desta semana, e para quem não o conheça, aqui fica alguma informação retirada da net sobre
Stuart.

"Provérbios Fotografados" - Zé-Viajante

"Provérbios Fotografados" - Zambujal

"Provérbios Fotografados" - Teresa Silva

"Provérbios Fotografados" - Rocha/Desenhamento

"Provérbios Fotografados" - Mena M.

"Provérbios Fotografados" - M.

"Provérbios Fotografados" - Luisa

"Provérbios Fotografados" - Licínia

"Provérbios Fotografados" - Justine

"Provérbios Fotografados" - Jawaa

"Provérbios Fotografados" - Bettips

"Provérbios Fotografados" - Benó

"Provérbios Fotografados" - Agrades