quinta-feira, maio 30, 2013

AGENDA PARA JUNHO DE 2013



 Dia 20 - Com as palavras dentro do olhar sobre a misteriosa fotografia da Agrades.

AGENDA PARA JUNHO DE 2013


«I never wonder to see men wicked, but I often wonder to see them not ashamed»
Jonathan Swift (1667 - 1745)
 
Dia 6 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílabaFe” para formar as nossas palavras. Poderá ser colocada no início, no meio ou no fim da palavra que escolhermos. E não se esqueçam da fotografia. O texto que alguns de nós acrescentamos é facultativo.
Dia 13 - Reticências com a frase “E lá vai ela” a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia. 
Dia 20 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Agrades. 
Dia 27 - Fotografando as palavras de outros sobre este excerto do início de um livro muito interessante (apesar de a tradução não me agradar):

«Na pequena pensão da Riviera, onde vivi antes da guerra, há uns dez anos, rebentou uma acesa discussão à nossa mesa, ameaçando degenerar inesperadamente numa altercação carregada de raiva, ódio e insultos até. A imaginação da maior parte das pessoas é tosca, aquilo que não as atinge directamente, que, qual espigão aguçado, não as toca profundamente, mal pode deixá-las impressionadas. Mas se alguma coisa acontece, mesmo ali à sua frente, por mais insignificante que seja, desde que ao alcance do seu sentir imediato, deixam uma paixão desmesurada tomar logo posse de si. Em certa medida, substituem o escasso interesse por uma impetuosidade despropositada.
Também desta vez aconteceu assim com a nossa tertúlia exclusivamente oriunda de uma burguesia que cultivava as mais das vezes o small talk e o entretém superficial e breve e que frequentemente se desfazia logo, mal a mesa era levantada: o casal de alemães em excursão e fotógrafo-amador, o dinamarquês anafado e apreciador das pescarias enfadonhas, a distinta senhora inglesa com os seus livros, o casal de italianos em escapadela para Monte Carlo e eu, preguiçando numa cadeira de jardim ou trabalhando. Contudo, desta vez, insurgimo-nos todos uns contra os outros, por causa de azeda discussão; e quando um de nós se levantou inusitadamente, não foi por estar educadamente a despedir-se, como sempre acontecia, mas porque a exasperação a quente assumiu, exactamente como acabo de relatar, forma de fúria.» 

Vinte e quatro horas na vida de uma mulher, Stefan Zweig, Editora A Esfera dos Livros, 2008

O DESAFIO DE HOJE

Dia 30 - Fotografando as palavras de outros sobre este poema lindo:

MANHÃ

Como um fruto que mostra
Aberto pelo meio
A frescura do centro

Assim é a manhã
Dentro da qual eu entro

Obra Poética (Livro Sexto, I As Coisas), Sophia de Mello Breyner Andresen, Editorial Caminho, Outubro de 2010

14. Zé-Viajante

13. Zambujal

12. Rocha/Desenhamento

11. ~pi

10. Mena M.

9. Mac

8. M.

7. Luisa

6. Licínia



"Arredar a cortina dos frutos e entrar na manhã gloriosa do pomar." 

Licínia

5. Justine

sábado, maio 25, 2013

AVISO

LAMENTO TER DE VOS DIZER QUE SOU OBRIGADA A VOLTAR ÀS LETRAS INCÓMODAS DOS COMENTÁRIOS PORQUE HOJE O ROBÔ APARECEU EM FORÇA COM INÚMEROS ANÚNCIOS. 

M

quinta-feira, maio 23, 2013

AVISO

NÃO SE ADMIREM  DE VER OS COMENTÁRIOS DA JUSTINE PUBLICADOS ATRAVÉS DE MIM, AINDA QUE COM A SUA ASSINATURA. 
EU EXPLICO: 
A JUSTINE DISSE-ME QUE TINHA DEIXADO UM COMENTÁRIO EM CADA UMA DAS NOSSAS  FOTOGRAFIAS, QUE ELES APARECERAM À JANELA A VER A PAISAGEM, MAS QUE DE IMEDIATO FUGIRAM SABE-SE LÁ PARA ONDE. APENAS SE MANTIVERAM VISÍVEIS OS DA MAC, DA AGRADES E DA BETTIPS.
COMO ENTRETANTO RECEBI NO MEU MAIL A INFORMAÇÃO DE QUE OS DITOS COMENTÁRIOS TINHAM SIDO PUBLICADOS, AVISEI-A QUE OS COPIARIA RESOLVENDO ASSIM O PROBLEMA.
MAS COMO ESTE MUNDO DE TECNOLOGIAS É COMPLETAMENTE, OU QUASE, IMPREVISÍVEL, PODERÁ EVENTUALMENTE ACONTECER QUE ELES SE CANSEM DE BRINCAR ÀS ESCONDIDAS E REAPAREÇAM PELA MÃO DA JUSTINE.

M

AGENDA PARA MAIO DE 2013

Dia 30 - Fotografando as palavras de outros sobre este poema lindo:

MANHÃ

Como um fruto que mostra
Aberto pelo meio
A frescura do centro

Assim é a manhã
Dentro da qual eu entro

Obra Poética (Livro Sexto, I As Coisas), Sophia de Mello Breyner Andresen, Editorial Caminho, Outubro de 2010

O DESAFIO DE HOJE: «PROVÉRBIOS FOTOGRAFADOS»

«Coisas vistas à noite, de manhã outras parecem»
  
Rifoneiro Português por Pedro Chaves (2ª edição), Editorial Domingos Barreira


E as nossas interpretações fotográficas mais abaixo.

15. Zé-Viajante

14. Zambujal



«Lua a tomar banho na piscina» 

Zambujal

13. Teresa Silva

12. Rocha/Desenhamento

11. ~pi

10. Mena M.

9. Mac

8. M.



Por vezes, certos momentos, porque vividos em solidão são sentidos como assustadores e negros, passam a ter outra cor e outro significado quando, depois, é possível falar deles com alguém que nos empresta o seu ouvido. 

M

7. Luisa



«Apetecia-me era mudar o provérbio para "coisas feias vistas de dia, à noite bonitas podem parecer ". Depende da nossa fantasia.» 

Luisa

6. Licínia

5. Justine

4. Jawaa

3. Bettips

2. Benó

1. Agrades

quinta-feira, maio 16, 2013

AGENDA PARA MAIO DE 2013

Dia 23 - Provérbios Fotografados: «Coisas vistas à noite, de manhã outras parecem»
  
(Como maio tem cinco quintas-feiras, resolvi ressuscitar este desafio antigo.)

O DESAFIO DESTA SEMANA



Dia 16 - Com as palavras dentro do olhar sobre esta belíssima fotografia do Zé-Viajante.

15. Mena M.

Como pequenas embarcações que somos, partimos, navegamos, mantemo-nos à tona, corremos por vezes o risco de nos afundarmos, e quando chegados a porto seguro deixamo-nos embalar ao som da maré.

Mena 

(Hoje a Mena chegou mais tarde. Foi de barco por Santa Cruz em vez de vir directamente para aqui...)

14. Zé-Viajante

No centro dos remos, bem firme e decidido, lá está o "leme" apontando para um futuro que se deseja promissor.

Zé-Viajante

13. Zambujal

Dois remos, no horizonte um fio (de prumo?) para marcar o rumo. 
Que seja! 
Navegar é preciso. Mas há que saber para onde. 
As palavras dentro do olhar, as palavras trocadas (não truncadas nem “troikadas”) nos ajudarão. 

Zambujal

12. Teresa Silva

Uma fotografia lindíssima que me faz lembrar o início do poema de um fado igualmente bonito: Tive um barco e dei-lhe um nome/dei-lhe um nome feito ao vento/dei-lhe um nome feito ao mar... 

Teresa Silva

11. Rocha/Desenhamento

Olhar é um desafio, é um exercício de descoberta e decifração. A fotografia que nos é dada a ver pode parecer o que não é, tratando-se de um belo jogo de simetrias e claro escuro, quase simulando alguma instalação capaz de convocar o nosso imaginário para domínios da ficção científica, por exemplo. E contudo trata-se de um registo muito mais prosaico. O fotógrafo encenou a simetria e apertou o enquadramento: o que vemos é a parede de um barco, lado interior, num belo contraluz, o rebordo superior denunciando as áreas de trabalho dos remos e um espigão de ferro para amarração dos mesmos, vendo-se em perspectiva dois bancos atravessados, nos quais se pode gerir todo o acto da impulsão através dos remos. Remos que, neste caso, estão encostados obliqua e simetricamente, com as pás para cima e para fora, à borda da embarcação. Ao longe, rente ao perfil da amurada do barco em madeira, vemos o horizonte marítimo e por cima um céu de nuvens brandas e contínuas, tarde ou cedo demais. 

Rocha de Sousa

10. ~pi

À vista do barco, enxuguei as lágrimas. 
Lembrei-me da Woolf, da Pizarnik, da coragem grande e elementar, lembrei-me também de mim - que embora não tivesse horas, Philip Glass soava dentro de mim como soava o movimento místico e húmido da ondulação baixinha, baixa... medi, somei, subtraí, medi-me: 1,63 de corpo, 52 kilos mal pesados, etc, etc, as gramas do desconhecido. 
Entrei e sentei-me e vi como havia apenas que esperar. Continuei um choro mole como um corpo de bebé antes de adormecer, um choro que era uma canção de embalar - a presença da vida e da morte eram iguais nesse vagabundear soluçado do fundo do peito. Pensei: não há nenhum motivo. 
E porém, logo vi que sim, que por fora do pensamento ali se apresentavam os motivos muito claros com seus olhos muito abertos, seus sinais: sem nenhuma convocação, salvo a do silêncio, ali se perfilavam, prontos a falar. 

 ~pi

9. Mac

Cansei de remar... 
Recosto-me para trás, olhando para o céu cinzento, 
Observando as gaivotas voando bem alto, anunciando um prenúncio de tempestade... 

 Mac

8. M.

Parou de remar. Sentia-se cansado, aquele frio interior dos últimos dias a consumir-lhe os ossos e a alma. Encostou os remos à amurada da embarcação e deitou-se de costas sobre um dos assentos de madeira carcomida, almofadado o corpo dentro do forro quente do blusão. Claro que não tencionava deixar-se adormecer, não podia correr o risco de ser arrastado para longe pela ondulação, o que tornaria mais penoso o regresso à praia. Não me demoro, prometera. Apenas queria olhar o céu e voltar a imaginar as nuvens a rir muito lá no alto, fugindo do sopro do vento. Como se o barco fosse o seu berço de menino embalado pelas estórias de sua mãe. 

M

7. Luisa

Agarro os remos e vou 
Sem leme, sem rumo. 
O Mar sabe de viagens 
E apenas pede que reme. 
Se há regresso ou não 
O Mar o saberá. 

Luisa

6. Licínia

Somos barcos em terra. Porque não navegar? 

Licínia

5. Justine

O barco é tudo. Ocupa-nos a visão. É terra firme, é âncora, é ponto de partida e de chegada. Os remos são asas, que nos transportarão no voo que escolhermos. O mar, esse, domesticado, é apenas um pequeno e insignificante friso no horizonte. 
Valores invertidos? Mistérios do olhar? Ou sobretudo o poder ilusório de uma excelente fotografia? 

Justine

4. Jawaa

Já sem forças para pegar nos remos, mas a linha do horizonte ao longe, a chamar por nós. 
Conheço o caminho. Sei o lugar. 

Jawaa

3. Bettips

Num repente, largamos as âncoras, partimos amarras e aí vamos nós, remos nas nuvens, pés enxutos, recolhidas as velas mas sempre confiando na força dos braços. Remar mesmo contra a maré. Que há mais marés que marinheiros, dizem. Tantas vezes nos basta um gesto, um intentar e estender, dividindo emoções: temos companhia para o sonho de viver. Ou mesmo de ir vivendo. 

Bettips

2. Benó

Remos em descanso numa prece aos céus aguardam o dia em que os marítimos possam ir largar as redes e trazer para terra os peixes prateados do seu ganha pão. O defeso, a pior época para o pescador que busca no mar o sustento da sua família. 

Benó

1. Agrades

Olho para o barco e dá-me ganas de embarcar, partir para um sítio onde haja paz e esperança. 

Agrades

quinta-feira, maio 09, 2013

AGENDA PARA MAIO DE 2013


 
Dia 16 - Com as palavras dentro do olhar sobre a bela fotografia do Zé-Viajante.

15. Zé-Viajante



Há momentos assim. Quase mágicos. E não consigo escrever mais mas apenas olhar a maravilha que me fugiu das mãos como a areia fina da praia.

Zé-Viajante

14. Zambujal



Há momentos… ou seja, há décadas, melhor (?) ainda: há meio século, o tempo era outro. Sendo o mesmo. À escala do tempo, claro, que é de séculos e de milénios e não (mas também) de anos, meses, dias, horas, minutos, segundos, momentos. De momentos que já deixaram de ser enquanto estavam a ser.
Há momentos, ontem ainda para mim, a “escola era risonha e franca”, como dizia o “estudante alsaciano” (e quem o dizia era o Chabi Pinheiro!), e as festas eram com gente nova… que eu fotografava e, hoje, está velha. A que ainda está. 
Ah!, ele há momentos…

Zambujal

13. Teresa Silva



Há momentos em que o sol, o céu, a terra, e o mar estão em condições ideais para se apresentarem à objectiva.

Teresa Silva

12. Rocha/Desenhamento



Há momentos em que não chegam as vozes, nem os anjos, nem os milagres: a ausência da suprema ajuda é revelação de como a esperança, em deriva pela nossa consciência, nos faz depressa suspeitar, enquanto criadores insuperáveis, do sinal da condenação e do apagamento. Dizia um soldado gravemente ferido, com as mãos apertadas contra o sangue: «Há sempre a hipótese de Alguém nos salvar? Nunca dei por nada. Por esta terra fora, só os homens e as mulheres estão iluminados até ao momento em que morrem. E deles, nunca mais haverá sinais. Este é um mundo sem razão.»
Rocha de Sousa

11. ~pi



Há momentos em que a fonte se desloca no caminho como um corpo de cristal. 

~pi

10. Mena M.



Há momentos em que o cansaço é tanto, que não importa onde se dorme o sono dos justos.

Mena

9. Mac



Há momentos em que é preciso soltar a loucura, soltar a gargalhada presa dentro de nós...  

Mac

8. M.



Há momentos em que me basta a simplicidade de um corrimão para que eu sinta a presença de um lugar.  

M

7. Luisa



Há momentos em que apetece gritar em frente das varandas das Câmaras Municipais: "edis, não deixeis desaparecer as raízes da nossa cultura". 

Luisa

Informação para os mais curiosos: 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vala_Real_de_Azambuja 
http://www.rotadoperegrino.com/cultura/vala-real-%E2%80%93-azambuja/

6. Licínia



Há momentos assim.
Aproveitando a nesga de silêncio,
mansamente, no Sol em despedida,
sentaste-te no prado verde-luz,
varreste o céu com olhos de água.
Pressentindo a neblina, estremeceste.
De ambas as mãos entrelaçaste os dedos,
a aprisionar lembranças de regressos.

De súbito, um sorriso.
Uma ligeira curva nos teus lábios.
Nos teus olhos a brasa.
Foi golpe de asa
que te tirou a dúvida,
que te saldou a dívida.
Foi o ajuste de contas,
foi o virar da folha,
foi o pão para a boca,
foi o afago na nuca.

Que bom haver um fim de tarde 
em que nada acontece,
nada te perturba.
O gavião não paira
e o pardal emudece.

Licínia

5. Justine



Há momentos na vida em que não podemos dar-nos ao luxo de qualquer distracção, com risco sério de perdermos o equilíbrio!

Justine

4. Jawaa



Há momentos longos, fundos, imensos, onde a vida se entorna e cabe neles por inteiro. 

Jawaa

3. Bettips



Há momentos em que a realidade se desloca, se desfoca e se nos dirige em perguntas: Quem sou eu? Quem és tu? Onde foste? Quando? 
Neste caso, surgiu-me a fotografia com todas estas questões, de lugar, de tempo e de modo. Recordei assim um lugar onde passamos, lindíssimo e imprevisível, que se chamava “Malfeitoso”, lá para trás das serras arredondadas, regatos, pastagens e cabras. Sei que uma mulher cantou aqueles lugares de cristal: Isabel Silvestre, nascida em Manhouce. 
As pedras, ah... as pedras, os caminhos, os espantos das gentes e as aldeias perdidas! 
E veio-me à memória também uma frase, tão querida de uma nossa companheira do PPP. E portanto cito-os a todos: a ela, ao personagem, ao escritor: “Há somente tantas realidades quantas pudermos imaginar” (Pursewarden em “Baltasar” do livro “Quarteto de Alexandria 2”, de Lawrence Durrel, Editora Ulisseia) 

Bettips

2. Benó



Há momentos especiais em que a natureza nos proporciona belos instantâneos fotográficos. Num dia de vendaval no inverno passado, o mar resolveu lavar as pedras do areal com a espuma duma barrela que só ele sabe fazer e eu pude fotografar esse momento. 

Benó

1. Agrades



Há momentos em que perdemos a cabeça...

Agrades