quinta-feira, junho 27, 2013

AGENDA PARA JULHO DE 2013



Dia 18 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia da Benó.

AGENDA PARA JULHO DE 2013


« A man is original when he speaks the truth that has always been known to all good men»
Patrick Kavanagh (1904 - 1967)

Dia 4 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílabaEs” para formar as nossas palavras. Poderá ser colocada no início, no meio ou no fim da palavra que escolhermos. E não se esqueçam da fotografia. O texto que alguns de nós acrescentamos é facultativo.
Dia 11 - Reticências com a frase “O dia” a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia 18 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Benó.
Dia 25 - Fotografando as palavras de outros sobre um dos contos do livro criativamente estranho, ou estranhamente criativo, de Lydia Davis.

Numa Casa Sitiada

Um homem e uma mulher viviam numa casa sitiada. Refugiados algures na cozinha, o homem e a mulher ouviam pequenas explosões.
- O vento - dizia a mulher. Caçadores - dizia o homem. - A chuva – dizia a mulher. - A tropa – dizia o homem. A mulher queria ir para casa, mas já estava em casa, ali no meio do campo numa casa sitiada.

Contos Completos, Lydia Davis, Relógio D'Água Editores, Julho de 2012

O DESAFIO DE HOJE

Dia 27 - Fotografando as palavras de outros sobre este excerto do início de um livro muito interessante (apesar de a tradução não me agradar):

«Na pequena pensão da Riviera, onde vivi antes da guerra, há uns dez anos, rebentou uma acesa discussão à nossa mesa, ameaçando degenerar inesperadamente numa altercação carregada de raiva, ódio e insultos até. A imaginação da maior parte das pessoas é tosca, aquilo que não as atinge directamente, que, qual espigão aguçado, não as toca profundamente, mal pode deixá-las impressionadas. Mas se alguma coisa acontece, mesmo ali à sua frente, por mais insignificante que seja, desde que ao alcance do seu sentir imediato, deixam uma paixão desmesurada tomar logo posse de si. Em certa medida, substituem o escasso interesse por uma impetuosidade despropositada.
Também desta vez aconteceu assim com a nossa tertúlia exclusivamente oriunda de uma burguesia que cultivava as mais das vezes o small talk e o entretém superficial e breve e que frequentemente se desfazia logo, mal a mesa era levantada: o casal de alemães em excursão e fotógrafo-amador, o dinamarquês anafado e apreciador das pescarias enfadonhas, a distinta senhora inglesa com os seus livros, o casal de italianos em escapadela para Monte Carlo e eu, preguiçando numa cadeira de jardim ou trabalhando. Contudo, desta vez, insurgimo-nos todos uns contra os outros, por causa de azeda discussão; e quando um de nós se levantou inusitadamente, não foi por estar educadamente a despedir-se, como sempre acontecia, mas porque a exasperação a quente assumiu, exactamente como acabo de relatar, forma de fúria.»

Vinte e quatro horas na vida de uma mulher, Stefan Zweig, Editora A Esfera dos Livros, 2008

13. Zé-Viajante



«... e eu, preguiçando numa cadeira de jardim...»

Zé-Viajante

12. Zambujal

11. ~pi



«Foi esta a foto que melhor senti que "ilustra" o texto.
Vi esta exposição o verão passado em Ourense, o nome do seu autor está ali...toda a exposição tem a ver com figuras humanas numa espécie de ressentimento colateral à existência.»

~pi

10. Mena M.



«...e eu, preguiçando numa cadeira de jardim...»

Mena

9. Mac

8. M.



«Na pequena pensão da Riviera, onde vivi antes da guerra, há uns dez anos, rebentou uma acesa discussão à nossa mesa, ameaçando degenerar inesperadamente numa altercação carregada de raiva, ódio e insultos até.»

M

7. Luisa



«Procurei, procurei ideias e acabei por mandar esta foto que é o que mais se assemelha a uma "zanga" entre amigos. Aproveitei a minha ida a Vila Viçosa e na Pousada D. João IV encontrei este fresco que atribuem a uma freira - Cecília do Espírito Santo - que ali viveu (Convento das Chagas) entre 1652 e 1723. Com toda a franqueza, não sei o que representa esta cena nem tive a quem perguntar mas acho que se pode adequar ao escrito do Stefan Zweig.»

Luisa

6. Licínia

5. Justine

4. Jawaa

3. Bettips

2. Benó



«… e quando um de nós se levantou inusitadamente, não foi por estar educadamente a despedir-se, como sempre acontecia, mas porque a exasperação a quente assumiu, exactamente como acabo de relatar, forma de fúria.»

Benó

1. Agrades

sábado, junho 22, 2013

A PEDIDO DO ROCHA/DESENHAMENTO

«Cara Manuela 
Estive a ver o PPP e, entretanto, recebi o meu novo livro, do qual lhe envio a capa e a introdução. Trata-se de uma coisa interessante pela actualidade (em torno da guerra na Síria a par com ficção). Será intempestivo publicar isto na primeira parte do PPP? É muito, se calhar. Mas a capa tem sentido e até inclui uma espécie de sinopse. 
Saudações amigas 
João Rocha de Sousa» 
 

                           NARRATIVAS DA SUPREMA AUSÊNCIA 01
                                            Nem apresentação nem narrativa
Este livro não tem género, nem mesmo o que se declara na primeira palavra do título. Esse objectivo, aparentemente esboçado nas palavras seguintes, de Albert Camus, em O Estrangeiro, também não é alcançado na sua propriedade inteira para explicar a natureza dos 28 capítulos desta obra de Rocha de Sousa, entre o limite do apocalipse ou um mundo sem razão. O que talvez tenha acontecido, em plena incandescência, através do real dia a dia, através de memórias semelhantes mas desfocadas e por vezes tristes, poderá estar ligado a uma fase perturbadora do mundo, a inquietantes anunciações de diferentes tragédias em geminação, à impossibilidade de ver o que o olhar colecciona percorrendo as correntes informativas dos jornais quase todos. Ou mesmo da edição fracturada e rápida dos noticiários, ao que parece durante dois meses, com pausas de um fim de vida a dois, Leo e Vicência, sobreviventes dos seus restos de consciência, a cultura esfumada em solidão. Seja como for, para mim, ler este livro foi uma viagem aterradora e fascinante, vendo também, quase em directo, os horrores das guerras que parecem situar-se em meados de 2012 e talvez nos alertem para outros anos que estão a chegar ainda neste século XXI. Correndo o risco de não cumprir um trabalho de apresentação a que me havia prestado, chamo a atenção para a quantidade de jornais, recortes, notícias, artigos, que o autor deste livro terá consultado ou citado, dia a dia, durante os tais vertiginosos dois meses, entre trocas e erros, nomes com várias grafias e fontes demográficas ou étnicas confrontadas por fora das cronologias dentro de 2012 ou muito fora dele, na antiguidade, porventura no presente e no futuro, sobre os conflitos classificados como desastres principais. Rocha de Sousa disse-me, em fim de catarse: lê como se viajasses numa coluna militar em plena Síria a arder, ou na Líbia, ou respirando a cantada imposta pelos talibãs sobre o Corão, as meninas cegas, tu protegido na retoma da marcha, com algum chefe de Estado, em voo retrospectivo, sobre os massacres do ano anterior e as imagens soltas de gente que sobrevive amando pela memória ou de facto e relendo ainda Camus. Depois, entregando-me um papel, o meu amigo preveniu-me: «talvez estas breves palavras, a publicar na contracapa do livro, contenham algumas, poucas, informações que agilizem o esboço dessa minha atormentada viagem, tudo numa edição errática e comprometida no sentido sobre o mundo destas horas.»

O papel dizia:

O mundo visto dia a dia e durante dois meses, em imagens e recortes de jornais ou episódios do real, entre sonhos de estranhos medos, véu de tudo sem nexo, como todos nós. 
 
Anónimo

quinta-feira, junho 20, 2013

AGENDA PARA JUNHO DE 2013

Dia 27 - Fotografando as palavras de outros sobre este excerto do início de um livro muito interessante (apesar de a tradução não me agradar):

«Na pequena pensão da Riviera, onde vivi antes da guerra, há uns dez anos, rebentou uma acesa discussão à nossa mesa, ameaçando degenerar inesperadamente numa altercação carregada de raiva, ódio e insultos até. A imaginação da maior parte das pessoas é tosca, aquilo que não as atinge directamente, que, qual espigão aguçado, não as toca profundamente, mal pode deixá-las impressionadas. Mas se alguma coisa acontece, mesmo ali à sua frente, por mais insignificante que seja, desde que ao alcance do seu sentir imediato, deixam uma paixão desmesurada tomar logo posse de si. Em certa medida, substituem o escasso interesse por uma impetuosidade despropositada.
Também desta vez aconteceu assim com a nossa tertúlia exclusivamente oriunda de uma burguesia que cultivava as mais das vezes o small talk e o entretém superficial e breve e que frequentemente se desfazia logo, mal a mesa era levantada: o casal de alemães em excursão e fotógrafo-amador, o dinamarquês anafado e apreciador das pescarias enfadonhas, a distinta senhora inglesa com os seus livros, o casal de italianos em escapadela para Monte Carlo e eu, preguiçando numa cadeira de jardim ou trabalhando. Contudo, desta vez, insurgimo-nos todos uns contra os outros, por causa de azeda discussão; e quando um de nós se levantou inusitadamente, não foi por estar educadamente a despedir-se, como sempre acontecia, mas porque a exasperação a quente assumiu, exactamente como acabo de relatar, forma de fúria.»

Vinte e quatro horas na vida de uma mulher, Stefan Zweig, Editora A Esfera dos Livros, 2008

O DESAFIO DE HOJE



Dia 20 - Com as palavras dentro do olhar sobre a misteriosa fotografia da Agrades.

14. Zé-Viajante

«Mafalda, A Contestatária, acompanhada por um dos seus amigos, olhava e remirava a estranha foto à sua frente.
E só conseguiu articular: Filipe, já viste o Mundo bicudo que nos reserva o Futuro?»

Zé-Viajante

13. Zambujal

                     Um espanta-pardais pós-moderno?,
                       ou uma escultura “engeniosa”?, 
ou uma engenhoca apanhada em funções para que leigos não têm palavras? 
Por isso, sem palavras, a admiração pela foto em que uma “qualquer coisa” parece arranhar o céu azul, 
                    do azul de que pouca memória já se tem. 

Zambujal

12. Teresa Silva

Estranha escultura. Um pouco agressiva, talvez. Parece que o autor da peça, ao escolher formas tão pontiagudas, pretende exprimir uma certa visão muito negativa do mundo. Faz-me lembrar cruzadas, cavaleiros da idade média em luta. Possivelmente não é nada disto e vista de outro ângulo poderá parecer uma coisa totalmente diferente. Esperemos que a autora da fotografia (que como tal está muito boa) nos esclareça onde captou esta imagem e o seu significado.

Teresa Silva

11. Rocha/Desenhamento

O que invade os meus olhos, neste caso, é uma parte da escultura em ferro, de Jorge Vieira, obra encomendada para a EXPO'98. Trata-se portanto de uma peça moderna, bem no modo de formar daquele autor, e ergue-se como planta, braços agudos em todas as direcções, talvez memória dos grandes catos dos desertos americanos. É uma obra de grande escala, belo espectáculo multisignificante, arte pública bem adequada à implantação a que foi destinada. Mal seria que não houvesse arte naquela zona redimensionada: tudo, desde o urbanismo, edifícios, instalações de água ornamental, escultura, até à famosa Gare do Oriente.

Rocha de Sousa

10. ~pi

" parto a ferros "

~pi

9. Mena M.

Um cavalo num salto meio louco, uma senhora pássaro de vestido comprido e sapatinhos de chumbo que lhe impedem o voo, ou...
Muito bem escolhida esta foto, que me intriga sobremaneira.

Mena

8. Mac

Que coisa esquisita será esta? 
Um monstro metálico pejado de picos, ansiosos por crivar quem deles se aproxime... 
O que pretenderá simbolizar? 

Mac

7. M.

«Quem quer casar com a Carochinha que é airosa e formosinha?»

Pois é, ao olhar esta fotografia, embora sendo ela uma imagem diferente e mais sofisticada do que a do livro da minha infância, de imediato me lembrei do João Ratão. Vejo-o ali, de bigodes espetados e braços abertos, tentando equilibrar-se na beira da panela, o vapor do cozinhado e o cheiro do toucinho a aguçar-lhe a gula.
Quando eu era menina, gostava dessa história, agradava-me a musicalidade daquela pergunta repetida pela Carochinha a cada um dos candidatos a marido que, à vez, se apresentavam junto da sua janela, confiantes na capacidade de lhe causarem boa impressão. Agora, tantos anos passados, dei comigo a pensar se o significado de “airosa” e “formosinha” não será praticamente o mesmo. Talvez seja, mas desconfio que a tal Carochinha, no seu desespero casadoiro, precisava de reforçar a ideia que tinha de si. E pelos vistos, após o insucesso com os vários pretendentes anteriores, a estratégia acabou por resultar com o João Ratão. Não, não terá sido uma ratoeira, nem amor à primeira vista, suponho. O rol de pitéus por ele descritos era tentador, condimentava na perfeição o seu sonho de vida, daí a razão possível, julgo eu, do encanto que ela encontrou naquele ser cinzento, peludo, roedor, fugidio, com a mania dos esconderijos. E ainda por cima guloso.

«Que é que tu comes?»  
«Ora o que há-de ser? Tudo o que é bom e que está nas despensas dos ricos: bom presunto, belo queijo, chouriços, paios, fiambre, toucinho entremeado, carne assada, muito tenrinha…» 
M

Nota: Dei há muitos anos o meu livro, nem sei a quem, mas fui à sua procura na net e reencontrámo-nos.
http://cr1ciclo2.no.sapo.pt/carocha.htm

quarta-feira, junho 19, 2013

6. Luisa

Desespero.

Luisa

5. Licínia

A fornalha, a brasa, a chama, a chispa.
O fogo, o ferro, o ar, o homem.
O ferro escalda, o homem bate, o homem sopra.
E o fogo, e o fogo. E o ferro, e o ferro.
O ferro escalda, o ferro dobra, o ferro quebra.
É a luta, é a força, é o sonho, é a obra.
É o Sol, é o Sol.

Licínia

4. Justine

Uma escultura? Quase de certeza! Onde? Não tem importância! Representando o quê? Isso fica a cargo da minha imaginação…
E parafraseando um poeta que muito prezo, se vejo um moinho, é um moinho. Se vejo um espantalho, é sem dúvida um espantalho…ou um ser extraterrestre…ou um pássaro exótico…ou…

Justine

3. Jawaa

Só me ocorre um D. Quixote embrulhado em varas de moinhos, olhado de baixo por Sancho Pança :))

Jawaa

2. Bettips

As agudezas afligem-me, as pontas afiadas perturbam-me mesmo que apontem o céu e sejam uma representação do Homem-Sol.
Creio que me é uma questão de medo atávico, da perfuração da normalidade que imagino, plana ou redonda. Objectivamente, tem a ver com confusas referências minhas, por exemplo, de quando li a notícia da morte do filho de Romy Schneider, em 1981.

Bettips

1. Agrades

Homenagem
Ao Sol, ao Homem, à Terra... 
Chama-se Homem-Sol esta escultura, de Jorge Vieira, que fotografei de um angulo bizarro. Foi executada na oficina Pirra, de Estremoz, cidade que me toca particularmente.

Agrades

quinta-feira, junho 13, 2013

AGENDA PARA JUNHO DE 2013



Dia 20 - Com as palavras dentro do olhar sobre a enigmática fotografia proposta pela Agrades.

O DESAFIO DE HOJE

Foi um enorme prazer para mim encontrar-me com todas estas Elas dos vossos conhecimentos. Interessantes na sua diversidade. 
Só tenho pena que o Zambujal não tivesse aparecido hoje.

M

14. Zé-Viajante



E lá vai ela, toda vistosa, trepando, trepando, até conseguir alcançar algo que valha a pena mirar. Andou por ali uns dias até que alguém a recolheu e se calhar ainda serviu de brincadeira a alguém menos afortunado.
Coisas de bonecas...
Zé-Viajante

13. Teresa Silva



E lá vai ela; logo a seguir vem outra. Conto sete pequenas e depois três bastantes maiores. Não me atrevo a mergulhar. O melhor é mesmo uma retirada estratégica e ficar a vê-las de longe.

Teresa Silva

12. Rocha/Desenhamento



E lá vai ela, a Paula insinuante, a colega sorridente, a Chaves a sorrir uma juventude avassaladora, e outras, tantas, sob a nova nota do empobrecimento e as moedas que nem cheiram a escudos mas se transformam em milhares para cada dia de gravação das nossas telenovelas bem representadas e completamente insanas no argumento e na balbúrdia da música, guinchos e batida que chegam a calar ou abafar os personagens. 

Rocha de Sousa

11. ~pi



E lá vai ela de novo, parada.
Os pés tropeçavam nos livros lidos e os olhos cegavam.
Tudo o que lera lhe servia agora como conhecimento vago e ficcionado; nada de nada lhe sobrava, apenas alguma poesia - pouca poesia, na verdade: essa que a deslocava ainda para lá dos pés e das rasíssimas sandálias de peregrinação - rasas como campa rasa.
~pi

10. Mena M.



E lá vai ela pela floresta da vida afora sem saber se na próxima encruzilhada a espera um Gnomo de orelhas peludas, o Lobo mau, ou quiçá um Príncipe encantado... 
Mena

9. Mac



E lá vai ela, guardadora de cabras e vacas, já que os sonhos teve de os guardar no fundo do baú, deixando-os esquecidos numa caixinha, acorrentada com os grilhões da triste realidade... 
Mac

8. M.



E lá vai ela, a ribeira, correndo muito. Acena-lhe ao caminho a luz da manhã, cantam-lhe os pássaros da vizinhança, sussurra-lhe o vento leve, mas ela não se detém, apenas corre. 
M

7. Luisa



E lá vai ela, esforçadamente, tentando subir as escadas do conhecimento que o Colégio Damião de Gois, em Alenquer, a tantos proporcionou. 

Luisa

6. Licínia



E lá vai ela, no seu traje de mulher garbosa, festiva,dançante. A flor no cabelo é uma janela aberta contra o azul do céu. Faz o seu papel num desfile de carros, de cavalos, de homens como já não se usam, marialvas ibéricos, domadores de alimárias e de mulheres, de carão fechado e triste, que o sorriso é delas, largo e colorido. Que o dia lhe seja favorável, que a alegria siga a trote, estrada adiante, vida fora. 
Licínia

5. Justine



E lá vai ela buscar à bica da aldeia a água de que precisa em casa para esse dia. É um dos seus gestos diários de luta e de sobrevivência. Amanhã voltará a repetir tudo. Dir-se-ia uma cena de uma aldeia africana no século passado – mas não, é a realidade são-tomense no começo do século XXI! 
Justine

4. Jawaa



E lá vai ela, subindo cada vez mais alto, deixando os cachos brancos pousarem na minha saudade sem tempo, mas com cheiro, cor e asas de vento. 
Jawaa

3. Bettips



E lá vai ela... emerge das cordas, das velas, dos mastros, e colhe a roupa, seca pelos ventos azuis do rio.  
Bettips

2. Benó



E lá vai ela cumprindo o seu ritual diário desde sempre, desde que o mundo é mundo, incendiando céu e mar, pintando labaredas nas cores mais quentes da paleta divina onde há poucos momentos tudo era azul. Aquela bola de fogo, que nos aquece e nos prende nos seus fogosos braços, que é sinónimo de vida e fecundidade, esconde-se nas águas do oceano num mergulho suave, sem splash, para ir dar luz e vida ao outro lado do mundo. É assim, no fim do dia, naquele instante mágico em que, ocasionalmente, os deuses se reúnem provocando um certo burburinho só audível pelos mais atentos. Este é um espetáculo inigualável presenciado por gentes de diversas origens estarrecidas ante tanta beleza, no Cabo de S.Vicente. 
Benó

1. Agrades



E lá vai ela, a bicheza que habita no interior do jarro, numa cadência mole, porque o mundo não acaba amanhã. 
Agrades

quinta-feira, junho 06, 2013

AGENDA PARA JUNHO DE 2013

Dia 13 - Reticências com a frase “E lá vai ela” a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.

14. Mac



             Fé

13. Zé-Viajante



                Ferramenta

12. Zambujal



FEminina condição 
FEcund(a)idade 
FElicidade (emera… como toda)

Zambujal

11. Teresa Silva

 
                     Fe

«Se não me falha a memória, Fe é o símbolo químico do ferro.»

Teresa Silva

10. Rocha/Desenhamento


                       Feliz
  
«Feliz no amanhecer daquele dia, abri a janela da casa de madeira e espreitei para o campo em volta, espaço com belas árvores de longa idade e que me faziam lembrar os dias de uma juventude nas terras das minhas tias, no Verão, cuidando dos frutos e dos regatos sulcados na terra, bem como a água ali correndo, em jeito de rega, no impulso dos nossos rudimentares instrumentos.»

Rocha de Sousa

9. ~pi



                    Afeto

«Chamo-lhe “afeto” e foi tirada em Terras de Miranda.»

~pi

8. Mena M.



               Enferrujado

7. M.



                  Ferrugem

6. Luisa



                     Feliz
 
«Gente feliz com praia.»

Luisa

5. Licínia



                               Cafeteiras
 
«Cá em casa é assim. Farturinha de cafeteiras. De todas só uma serve, mas hoje serviram todas para o retrato.»

Licínia

4. Justine



                 Grafemas

3. Bettips



                            rias
  
«Confesso que fiquei preocupada! Estou longe de casa e sem a minha panóplia doméstica – e domesticada – de fotos escolhidas. Apontamentos, escrituras, disponibilidades a que me habituei, ligações facilitadas. 
Vieram-me à cabeça momentos felinos, de indiferença, de deferência, de felicidade, altas e baixas esferas, ferraduras, pormenores enferrujados mil que vou captando pelas portas e janelas velhas: a feminina curiosidade das coisas, sobressaltadas ao meu olhar. De muitas igrejas e castelos e monumentos que conheço, vistoriei de cabeça as demonstrações de , embora eu vá mais pelas outras chamadas virtudes, esperança e caridade, no que elas têm de básico, entre o sonho da mente e o solidário gesto.
Também espreitei as traseiras das casas abandonadas, fechadas sobre diferentes clausuras, saídas ou mortes. Que tantas delas me deixam rasto.
Desejava mostrar-vos umas pedras tão bonitas que descobri há dias…!!! E não havia meio de encontrar um “feriado” de sílabas onde elas, pedras, se encostassem e se libertassem numa imagem, sem fugir ao convite feérico de M.
Ah…hoje olhava um cadernito de apontamentos e… de repente, surgiu o elo, o veio, o eixo:
Com os Menhires do Lavajo vos deixo, em férias!

Bettips

2. Benó



                   Ca

«Café, uma bebida que nos dá felicidade.»

Benó

1. Agrades



                    Ca

domingo, junho 02, 2013