quinta-feira, fevereiro 19, 2015

4. Licínia

Grande, grande é a cidade. Um colosso de casas e gentes, de histórias alegres e tristes das casas, das gentes. A cidade tem um coração, mais pequeno que a soma dos corações das gentes. A cidade é um polvo, é uma aranha, é um animal maior que a soma dos pequenos animais que a habitam. A vida da cidade não é a soma das vidas das gentes. É outra coisa, é uma mole gigantesca de madeira, betão, pedra, metal, que constantemente se corrói e se constrói. Vista de longe, do alto, é uma planura pontuada de pequenos e grandes cerros, um diamante aqui, outro acolá, a rebrilhar ao sol do dia. Vulnerável, a cidade grande, às intrusões dos que a desamam, aos desmandos dos que a amam. Pelos séculos permanece, mutante, enigmática, desejada.

Licínia

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