quinta-feira, março 26, 2015

AGENDA PARA ABRIL DE 2015

Proposta da M. 
Dia 2 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílaba “La” para formar as nossas palavras. O texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
Dia 9 - Reticências com a palavra “Imagina”a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia. 
Dia 16 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia da M.
Dia 23 – Jornal de Parede 
Dia 30 - Fotografando as palavras de outros sobre o excerto de um livro que o meu Pai me ofereceu há muitos anos, e que agora reli com prazer, quando procurava material para os desafios deste mês. 
«Dissolvida a reunião, Helena recolheu-se à pressa com o pretexto de que estava a cair de sono, mas realmente para dar à natureza o tributo de suas lágrimas. O desespêro comprimido tumultuava no coração, prestes a irromper. Helena entrou no quarto, fechou a porta, soltou um grito e lançou-se de golpe à cama, a chorar e a soluçar.
A beleza dolorida é dos mais patéticos espetáculos que a natureza e a fortuna podem oferecer à contemplação do homem. Helena torcia-se no leito como se todos os ventos do infortúnio se houvessem desencadeado sôbre ela. Em vão tentava abafar os soluços, cravando os dentes no travesseiro. Gemia, entrecortava o pranto com exclamações sôltas, enrolava no pescoço os cabelos deslaçados pela violência da aflição, buscando na morte o mais pronto dos remédios. 
(…) 
Quando a tormenta pareceu extinta, a moça sentou-se na cama e olhou vagamente em tôrno de si. Depois ergueu-se; dirigiu-se trôpega ao quarto de vestir; ali parou diante do espelho, mas fugiu logo, como se lhe pesasse encarar consigo mesma. Uma das janelas estava aberta. Helena foi ali aspirar um pouco do ar da noite. Esta era clara, tranqüila e quente. As estrêlas tinham uma cintilação viva que as fazia parecer alegres. Helena enfiou um olhar por entre elas como procurando o caminho da felicidade. Estêve à janela cêrca de meia hora; depois entrou, sentou-se e escreveu uma carta.» 
Helena, Capítulo XIII, Machado de Assis, Gráfica Editôra Record, Rio de Janeiro, 1967

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