quinta-feira, fevereiro 11, 2016

4. Justine



Naquele dia, ao caminhar pela cratera do vulcão, ao pisar chão coberto de telhados de casas engolidas pela lava, ao olhar para as gentes que puseram mãos à obra e recomeçaram tudo, aprendi muita coisa: que doçura não é fragilidade; que pobreza pode ser dignidade e orgulho; que tenacidade nasce das tripas e do coração, ligados.
Naquele dia, creio ter aprendido, de vez, a relativizar as perdas. 
Justine 
(um dia de Janeiro em Chã de Caldeiras, Ilha do Fogo, Cabo-Verde)

3 comentários:

Licínia Quitério disse...

Caldeiras do diabo. Assustador.

zambujal disse...

Naquele dia de janeiro! Terrível e belo, a aprender a lição dos humanos e da sua coragem, da sua teimosia, de como resistem às zangas do que chamam o Homem Grande, a nunca desistirem apesar da sua zanga destruidora.
E - também! - contente por ter regressado a este canto, onde encontro textos como este.
Há dias assim...

bettips disse...

Forte e belo o que dizes, da paciência dos homens. A imagem, como sangue correndo das veias da terra.