quinta-feira, março 31, 2016

AVISO

Imagino que já devem estar admirados com a minha ausência até esta hora do dia.
Com febre desde ontem à noite, sonolenta e mal disposta, sem apetite, não me tenho sentido com disposição para me dedicar à net (nem a nada, confesso).
Assim que me sentir melhor volto aqui para fazer as nossas habituais publicações de 5ª feira.
Inté!

quinta-feira, março 24, 2016

AGENDA PARA MARÇO DE 2016

Proposta de Bettips
Dia 31Fotografando as palavras de outros sobre o excerto

« O céu colabora na nossa vida íntima, vive connosco, acompanha-nos na mudança do nosso ser; é um confidente, é um consolador; invoca-se, fala-se-lhe. Olhar o céu, é, nos nossos climas, uma ocasião de viver; instintivamente voltamos para ele os nossos olhos. O poeta meridional, cheio de imagens e de cores, contempla-o; o burguês trivial admira-o; pela manhã, abre-se a janela e vai-se ver o céu! É um íntimo, sempre presente na nossa vida; o nosso estado depende dele; enevoado, entristece-nos; claro e lúcido, alegra-nos; cheio de nuvens eléctricas, enerva-nos. É no céu que vemos Deus... E mesmo despovoado de deuses, é ainda para o homem o lugar donde ele tira força, consolação e esperança.
A paisagem é feita por ele, a arte imita-o, os poetas cantam-no.
...»
O Egipto – Notas de Viagem, Relato da inauguração do Canal do Suez, de Eça de Queiroz (1845 – 1900), Alêtheia Editores, Julho 2015

O DESAFIO DE HOJE

Dia 24 - Jornal de Parede

11. Zambujal

10. Teresa Silva



Há sítios em Lisboa, para mim, ainda desconhecidos. Fui ontem, numa visita guiada, ao convento de S. Felix em Chelas que remonta a tempos antes de Afonso Henriques. 
Teresa Silva

9. Rocha/Desenhamento



Feito em papel com colagens e, por sua vez colado ao muro, o JORNAL DE PAREDE de hoje 
Rocha de Sousa

8. Mena M.



A Alcateia, 63 lobos-homens, em representação dos "odiadores", dos incendiários, dos neo-nazis, dos militantes da Pegida e do partido AfD, que querem correr com os refugiados a tiro.

Exposição de Rainer Opolka
Neumarkt - Dresden

8. M.



Praia de Santa Cruz.

7. Luisa

6. Licínia

5. Justine

4. Jawaa



Era apenas uma menina quando carreguei a palavra no meu dicionário: derivada de terror, era uma guerra diferente, ardilosa, não respeitava civis, mulheres ou crianças, podia acontecer em qualquer lugar, era uma guerra injusta. 
A Argélia incendiava-se. Ameaçava Paris - a minha cidade de sonho - e o terrorismo grassava para sul, o Congo ali ao lado. Não havia kalashnikovs, mas havia canhangulos e catanas que retalhavam famílias inteiras, brancos e negros; estávamos em 61. Já na faculdade, estudei a Negritude, vibrei com a perspectiva de independência da minha terra - que não era minha afinal! 
Agora, só consigo olhar o horizonte e ver pinceladas de sangue no céu que, dizem, fez os Homens todos iguais. Também não é verdade: há um qualquer deus ali a olhar os Homens preconceituosamente. 
Jawaa

3. Bettips

2. Benó



Esta árvore que leva muitos anos para dar frutos, já li que são mais de 70, foi levada pelos árabes para o Norte de África, Espanha e Portugal. Aqui, no Algarve, na zona do barrocal especialmente, onde fotografei esta, encontramo-la com facilidade. Naturalmente doce, o seu fruto, a alfarroba, é rico em vitaminas e minerais. Atualmente, tem múltiplas aplicações na indústria alimentar, farmacêutica, têxtil e cosmética. Como curiosidade, posso acrescentar que a farinha de alfarroba é antidiarreica, usada especialmente nas crianças. 
Benó

1. Agrades

quinta-feira, março 17, 2016

AGENDA PARA MARÇO DE 2016

Proposta de Bettips
Dia 24 - Jornal de Parede

O DESAFIO DE HOJE



Dia 17 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Bettips

12. Zambujal

Que faço eu aqui, neste jardim e neste estado?
Penso, logo existo!
Zambujal

11. Teresa Silva

Penso em Rodin e na pena que tenho de não conhecer o Museu.

Teresa Silva

10. Rocha/Desenhamento

Sim, dentro dos olhos, memória visual de uma obra bem conhecida e na qual o escultor, num poderoso corpo humano, nos suscita a ideia de quem se concentra no pensamento, de quem reflecte sobre a sua própria interioridade, condição, integração neste mundo onde a vida ganhou consciência e sentido da razão. A figura está dobrada para a frente, apoiando o queixo nas costas da sua mão direita. Sentado, o pensador apoia a estabilidade da atitude no próprio avanço de uma perna sobre a outra.

Rocha de Sousa

9. Mena M.

Os ombros dobrados sob o peso do mundo.
Assim me sinto também, cada vez mais sem palavras perante os acontecimentos, não só a situação de todos os homens, mulheres e crianças que atravessam mares enlatados em barcos sem condições para a travessia, que atravessam fronteiras à procura de um refúgio que quase ninguém lhes quer dar, mas também perante o facto de que a extrema direita e os nazis cada vez ganham mais terreno na Europa, e muito especialmente aqui na Alemanha.

Mena

8. M.

Nesta estátua impressionante sinto a complexidade da natureza humana que compõe cada pessoa. À flor da pele, se assim posso dizer.

M

7. Luisa

Muito se tem dito sobre o Pensador: uns vêem nele a força bruta, outros a introspecção, outros ainda a poesia. Eu, quando o olho, vejo sobretudo sofrimento. Então, resolvo não pensar e olhar, sem me perguntar por quê, as borboletas são tão bonitas.

Luisa

6. Licínia

Rodin é, em boa medida, o seu Pensador. A primeira vez que o vi, aí mesmo onde a Bettips o fotografou, impressionou-me a densidade da figura, despojada de roupa, e aquela mão no queixo fechada em punho, virada para o peito onde parece querer penetrar. É um corpo a fechar-se, em busca do interior, do lugar onde talvez habite a raiz do pensamento. 
Falando melhor, não vi isto tudo da primeira vez, estava demasiado deslumbrada pela novidade, mas sei, isso sim, que me deixei enlevar pelas as Mãos, a Catedral, e lembro-me de andar à volta, à volta da peanha onde se encontrava, à procura do segredo da leveza daquela ogiva que até um descrente eleva aos céus. 
Depois atentei em Camille Claudel, mas isso é outra história de muita perversidade.

Licínia

5. Justine

Continua a impressionar-me, muitos anos passados desde a primeira vez que vi ao vivo O Pensador de Rodin, a simbiose perfeita entre o físico imponente da figura e a sua postura de profunda introspecção. É um homem que pensa com o corpo todo, que nos diz com clareza que não há grande separação entre o físico e o espírito no ser humano.

Justine

4. Jawaa

Pensar não é uma característica exclusiva do Homem, também os outros animais pensam o presente e guardam referências do passado; porém meditar, pensar o futuro, a morte do corpo, o destino desta energia que nos move, é uma prerrogativa bem humana.
E assim a Arte, a expressão dela em todas as vertentes, por vezes tão sentida, tão intensa, tão pura que chega a ser sublime.

Jawaa

3. Bettips

"O Pensador", 1904, de Auguste Rodin. Escolhi esta figura como poderia ter escolhido outra deste escultor. Todas me fazem parar e cogitar no génio e na mesquinhez, na grandeza e na miséria, no perto que queremos estar e no longe que estamos. O caminho do homem, que na tecnologia tanto evoluiu, e nas relações universais tanto se parece com o nu e primitivo homem das cavernas, sentado numa pedra.

Bettips

2. Benó

À entrada do museu onde se encontra, a mais famosa estátua de Rodin convida-nos à meditação. O Pensador nem olha para quem o aprecia tal é a profundidade do seu pensar. Despido, espera, talvez, ter ideias claras e límpidas, libertas de quaisquer roupagens fantasiosas que poderiam encobrir aquilo que ele deseja puro e sem mácula .
Benó

1. Agrades

Penso!
Nos cumes, na erosão, na solidão.
Penso nos outros, que estão atrás, que estão à frente, que não se veem, que não se ouvem.
Penso nos rumos, nas escolhas. Penso muito, acerto pouco.
Penso rápido, útil para qualquer ferida.

Agrades

quinta-feira, março 10, 2016

AGENDA PARA MARÇO DE 2016

Proposta de Bettips

 
Dia 17 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Bettips

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Bettips
Dia 10 - Reticências com a frase “Apenas uma casa“ a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.

12. Zambujal



Apenas uma casa…

e é, apenas, A CASA
(diria o Neruda, se esta fosse a sua, LA CASA).
Desta casa gosto de falar. Conta-me tanto…
No começo de tudo,
com serventia para os currais e para o forno,
para se ir dar a comida ao gado, para fazer uma merendeira;
para se sair para a fazenda, enxada às costas,
para regressar, corpo cansado, pelas avé-marias.
Depois… depois cresceu um pouco por dentro, mudando;
adaptando-se a nós e à nossa constante adaptação.
Sem mudar. Nem ela, nem nós!

Aqui, nasceu meu pai. Aqui, gostaria eu de ter nascido.
Aqui, naturalmente, morro um dia de cada vez,
e nasço, cada manhã, ao viver a alegria de estar vivo
e de saber porquê e porquê com quem.
8.3.16
Zambujal

11. Teresa Silva



Apenas uma casa é o que parece. Mas que história encerrará para além do que é visível na foto? 
Teresa Silva

10. Rocha/Desenhamento



Apenas uma casa. Os meus olhos pousam nela, toda em madeira, numa paisagem igualmente de madeira. Casa bem aconchegada ao relevo e concavidades orográficas do lugar. Muito bela, a pequena casa, bem arrumada perto de duas árvores e defendida por um muro feito de pedras. E servida por uma estradinha que a contorna e a serve. Em volta, árvores sobretudo desfolhadas, árvores direitas, juntas, de madeira. 
Rocha de Sousa

9. Mena M.



Apenas uma casa típica do Castelo de Monsaraz, as paredes caiadas de fresco e uma janela simples e bela, encaixilhada em xisto. Na fachada um rasgo com uma nesga de céu e um jogo de sombras a enfeitar. 
Mena

8. M.



Apenas uma casa. Como coração a pulsar no corpo da terra. E o meu olhar pousado nela, abrindo um pouco mais a portada de madeira para espreitar a intimidade do silêncio. 
M

7. Luisa



 Apenas uma casa, já em ruínas, e tantas as imagens e sons que dela partem: risos, choros, música no salão de baile, o crepitar das lareiras nas salas e dos fogões da cozinha, escadas estreitas que levam à capela abandonada e um fantasma que não se sabe se ainda vive no tal quarto assombrado.
Luisa

6. Licínia



Apenas uma casa, Dos Bicos, assim chamada pelas pequenas pirâmides que lhe revestem a fachada, quadrado sim, quadrado não, a apontarem para quem passa, a lembrarem que assim se talham os diamantes, preciosas pedras que por ali passaram, trazidas de longes terras, no século do fulgor e da abundância.
Hoje guarda a obra e a vida de José Saramago, não abdicando da sua vocação de arca de tesouros dum país que é também a nossa casa. 
Licínia

5. Justine



Apenas uma casa pode fazer um retrato fiel e real dos seus habitantes. Os quadros nas paredes ou a sua ausência, os livros nas estantes, no chão, em cima das mesas ou a falta deles, os pequenos objectos acumulados ao longo de uma vida, a música que envolve o ambiente ou o silêncio triste de uma televisão ligada - tudo isso pode dizer mais de nós do que qualquer testemunho. Porque apenas uma casa e o seu ambiente sofrido, vivido, lutado, é testemunha imparcial daquilo que somos na nossa intimidade, no mais privado de nós! 
Justine

4. Jawaa



Apenas uma casa - acabada de construir.
A casa que vi desenhada no chão, antes de se abrirem os caboucos enchidos de pedra de granito donde cresceram as paredes, os muros. Os jacarandás ainda na beira da estrada sem asfalto, as buganvílias a espreitar meninas, à espera do ferro forjado que iria amparar os pesados cachos vermelhos, a parede nua por baixo das persianas, depois bordada pela chuva d'oiro, pingentes cor de sol; em volta sem casas próximas, campos de cosmos coloridos até ao edifício dos correios perto, longe para os passos dos meninos que éramos. Setenta anos? Quase...
O mundo inteiro pousado ali numa sucessão intensa de emoções, infância e juventude, contentamentos e desesperos, amizades e abandonos, amor... e a guerra - tudo num único olhar. 
Jawaa

3. Bettips



Apenas uma casa... e o que me deu para procurar e pensar! A foto é do Castelo de Bagatelle, construção neoclássica do séc. XVIII, integrado no Bosque de Bolonha, Paris. A minha curiosidade veio da inscrição “Parva Sed Apta” - Pequena mas suficiente -, que se pode ler acima da porta de entrada, e saber que tinha pertencido a um súbdito britânico. Foi herdada por Sir Richard Wallace (1818-1890), filho do 4º Marquês de Hertford e Agnés Jackson, um inglês que foi educado e viveu a maior parte da sua vida em Paris. Apesar de filho ilegítimo e de nunca ter sido reconhecido pelo pai, veio a herdar as suas numerosas propriedades, palácios e uma extraordinária colecção de arte. E por isso, considerei uma coincidência curiosa ter visitado em tempos a Hertford House, em Londres, onde se encontram todas as obras reunidas, na chamada Wallace Collection. 
Bettips

2. Benó



Apenas uma casa, um T0, habitada por um molusco gastrópode terrestre, vulgarmente chamado "caracol". É uma casa calcária e facilmente destruída por uma simples pisadela. Beneficia da caracteristica importante de ser transportável pelo seu habitante. Não paga IMI nem é transmissível aos filhos do dono. Apenas uma casa sem água nem luz mas suficiente para as necessidades de quem mora nela. 
Benó

1. Agrades



Apenas uma casa muito intrigante que ninguém sabe para o que serviu: teria sido um forte, uma igreja, uma pousada? 
Agrades

quinta-feira, março 03, 2016

AGENDA PARA MARÇO DE 2016

Proposta de Bettips
Dia 10 - Reticências com a frase “Apenas uma casa“ a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Bettips
Dia 3 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílabaMi” para formar as nossas palavras. A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas facultativo e um complemento.

11. Zambujal


  
                    MIco a pedir MImo
             (em Angra dos Reis)

10. Teresa Silva




Se alguém quiser vir comigo, podemos dar uma volta pelo Tejo. 
Teresa Silva

9. Mena M.



                                              Miramar

8. M.



                       Lâminas

A Tentação do Corte

Suponho que haverá quem se recoste na cadeira do barbeiro e ali desdobre vidas que serão de seguida refeitas de modo diferente pelo discurso de outros, depois de estadia breve em ouvidos alheios. Correrão no entanto alguns riscos, imagino, pois que a mão viril de quem agarra a navalha poderá eventualmente segurar, também, a tentação de cortar o mal pela raiz. Ou seja: a barba e a palavra. Dependerá da barba e da palavra, claro. Sensibilidades à flor da pele, uma embirração, uma inveja que se insinua, uma indignação que sobe ao olhar de quem escuta (ossos do ofício), cansaço de mão ou de ouvido, sabe-se lá que mais por adivinhar. Uma questão de fio: o da navalha que se presume afiada, e o das palavras que se desenrolam rápidas e aguçadas na ponta da língua do cliente, para que se não perca o fio à meada. Enquanto os movimentos circulares do pincel e do pensamento espalham espuma e tentação sobre a pele húmida onde a navalha abre carreiros de intenções desconhecidas. Mas há que ter contenção e salvaguardar a arte: colem-se então os sorrisos no espelho defronte da cadeira, ao mesmo tempo que a mão, agora já sem a navalha, absorve com toalha morna os restos de espuma.
O senhor que se segue...

M

15 de maio de 2006

(A memória tem destas coisas.)

7. Luisa



                       Miradouro


Poucos já param neste miradouro. Com a auto-estrada ali tão perto, preferem mirar o contador de quilómetros.
Luisa

6. Licínia



                          Milho

5. Justine



                                                  Amigos

4. Jawaa

                                     
                                                   Mimos

3. Bettips



                       Chami
 
Vemo-las às vezes, no inesperado da cidade, inúteis na sua altivez ocre e antiga. Tal como as clarabóias, tecidas de vidro e ferro: ambas são lugares do alto e da luz.
Bettips

2. Benó

                                                                           
                         Caminho

1. Agrades



                  Minhotas