quinta-feira, março 10, 2016

12. Zambujal



Apenas uma casa…

e é, apenas, A CASA
(diria o Neruda, se esta fosse a sua, LA CASA).
Desta casa gosto de falar. Conta-me tanto…
No começo de tudo,
com serventia para os currais e para o forno,
para se ir dar a comida ao gado, para fazer uma merendeira;
para se sair para a fazenda, enxada às costas,
para regressar, corpo cansado, pelas avé-marias.
Depois… depois cresceu um pouco por dentro, mudando;
adaptando-se a nós e à nossa constante adaptação.
Sem mudar. Nem ela, nem nós!

Aqui, nasceu meu pai. Aqui, gostaria eu de ter nascido.
Aqui, naturalmente, morro um dia de cada vez,
e nasço, cada manhã, ao viver a alegria de estar vivo
e de saber porquê e porquê com quem.
8.3.16
Zambujal

6 comentários:

Justine disse...

A casa que és tu, ou vice-versa...

Benó disse...

Que feliz ainda és ao falar da casa onde tens as tuas raízes mais profundas. Parabéns, por isso.

Licínia Quitério disse...

A CASA - o tempo e o lugar dos que as constroem, dos que a habitam. Uma casa de afectos, como deviam ser as casas. Saúdo-te e saúdo A CASA que és.

bettips disse...

Uma descrição da ternura, antes, depois e durante. Uma CASA verdadeira e gente de quem se gosta! Que prazer das pessoas, dos gatos, dos melros...
Abç

Luisa disse...

Que bom ter assim a CASA que já vem detrás e vai para o futuro.

jawaa disse...


Identifico-me com esse sentimento de pertença. Também trago em mim uma casa que sou eu mas já não existe. Não é aquela que postei, é outra, muito mais antiga onde moravam as lendas e as histórias que me encheram a infância e persistem num Pai que nunca morre.