quinta-feira, dezembro 07, 2017

10. Zé Viajante



Cómoda lavatório

Um lavatório que me encantou. Museu da Fábrica de Loiça de Sacavém.
Cómoda lavatório, 1919. Proveniente da Quinta das Águas Férreas – Caneças.
Zé Viajante

5 comentários:

M. disse...

Estas cómodas lavatórios são objectos que agora nos encantam mas não seriam muito práticos. A minha avó paterna, em plena Lisboa, tinha uma no quarto e bem me lembro dos gestos que eram precisos para que ela pudesse lavar-se. Ter um jarro sempre cheio, quando vazio ir à cozinha enchê-lo, ou aquecer a água, depois vertê-la no lavatório. Finalmente destapar a válvula e deixar a água escorrer para o balde colocado por baixo, escondido atrás das portas do móvel. Depois... pegar no balde cheio e transportá-lo, pesado, até à pia na cozinha para o despejar. Não haviam as pessoas de ser pacientes... E a minha avó era. sem dúvida que era. Bem me lembro dela, já com 90 e tal anos, praticamente cega, sentada na sua cadeira de veludo verde, a cabeça encostada ao seu braço, por sua vez pousado no braço da cadeira. E ali passava praticamente os dias, calada, a Tia Chanel por perto, sentada na cadeirinha baixa, a cortina da janela de sacada apanhada de lado para deixar entrar a luz, entretida com os seu trabalhos de mãos, a renda com navete, as bonecas de feltro. Nem imagino o que seriam os meninos de hoje, apressados e exigentes, se lhes fosse posto na frente um monstro destes. Os monstros deles são outros...

Zé-Viajante disse...

Obrigado, Manuela pela partilha. Uma memória muito bonita e sentida. Nunca conheci este lavatório em utilização. Está no Museu da extinta Fábrica de Loiça de Sacavém, juntamente com outras preciosidades Um escarrador é uma dessas peças.
E, de memória, lembro um bacio alto de meu avô. Não sei se de metal ou de loiça. Coisas de encantar.

Licínia Quitério disse...

Havia um lavatório desses, com jarro e bacia de loiça, em casa de amigos dos meus pais. Eu era muito pequena, mas ainda hoje me lembro com exactidão da peça e do local da casa onde se encontrava que era, nem mais nem menos, um quarto interior, dos que havia em casas da época.

bettips disse...

São objectos pouco práticos mas belos. A fotografia muito bonita! Lembro que na minha lua de mel, uns dias passados em aldeias do Douro (claro, as minhas raízes são daí!), havia uma cómoda destas e que trabalheira dava!
Na verdade, a silenciosa paciência dos dias de trabalho, ficará para sempre ligada aos nossos queridos antepassados. Tal qual a M. descreveu.

Justine disse...

Outros tempos, outros objectos! E através deles nós entendemos como o quotidiano era diferente e como tudo se apressou nestes dias nossos...
para melhor? sei lá! Sei que estes objectos, que nos retratam os tempos idos, me enchem de uma nostalgia, de desejo de alguma lentidão nos dias de hoje.