quinta-feira, fevereiro 15, 2018

6. M.

Gostei dela logo que a vi. Linda. Embora diferente de tudo o resto, ficava bem naquele espaço onde os objectos contam histórias da História. Tinha sido colocada ali por tempo limitado, não era uma residente, não fazia parte da colecção. Estava de passagem, pois estava, mas marcou presença, cativou o meu olhar, e deste modo a senti:
Desperta a manhã nos campos ensonados da aldeia e os primeiros raios de sol derretem suavemente a geada da noite pousada sobre o pequeno ramo, sua companhia na escuridão das horas.

Primavera é uma das 29 obras criadas por uma amiga minha para o trabalho final do seu mestrado em Arte e Ciência do Vidro na Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa que foram expostas com o título Encontros entre a Transparência e a Opacidade no Museu das Comunicações, em Novembro de 2017.

«A convivência entre a transparência e a opacidade, e os contrastes resultantes, foi o que procurei no desenvolver deste trabalho. Entusiasma-me a natureza, a transparência e luminosidade difusa da atmosfera, e a cor e transparência do mar. A minha experiência da vida, as vivências do quotidiano, as emoções que me tocam, tudo são fontes de inspiração. Começou a desenhar-se o meu processo criativo perspectivando todo o tipo de desenvolvimentos artísticos, com ambição, mas também com alguma inconsciência. Trabalho as minhas ideias, a criatividade e a liberdade. Improviso, corrijo e faço escolhas com enorme entusiasmo. Surge por fim a peça que forçosamente tenho como bem conseguida, autêntica e única. As peças que apresento tiveram como critério de escolha o parecer do meu orientador artístico Dr. Richard Meitner, mas também a forma como vivi as ideias explicitadas, o sentimento que transportam e a agradabilidade sentida na sua elaboração. O responsável pelo trabalho em estúdio, Robert Wiley, deu-me a conhecer com grande rigor as técnicas e o trabalhar as inúmeras possibilidades que o vidro nos oferece. O trabalho com o vidro é fascinante!
Na dinâmica introduzida temporariamente neste espaço, procurou-se uma lógica no enquadramento com as peças do museu, de forma a um equilíbrio harmonioso. (…)» 
Cristina Pato S. Mendes
(Retirado do folheto de apresentação da exposição.)

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