quinta-feira, abril 26, 2018

AGENDA PARA MAIO DE 2018



Dia 17 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Mónica.

AGENDA PARA MAIO DE 2018



Leonardo - Vergine delle rocce 
Parigi, Museo del Louvre

Proposta de Mónica
Dia 3 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílaba “ Da para formar as nossas palavras. A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas facultativo e um complemento.
Dia 10 - Reticências com a frase “Vou começar a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia 17 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Mónica.
Dia 24 – Jornal de Parede
Dia 31Fotografando as palavras de outros sobre o poema
O futuro
Aos domingos, iremos ao jardim.
Entediados, em grupos familiares,
Aos pares,
Dando-nos ares
De pessoas invulgares,
Aos domingos iremos ao jardim.
Diremos, nos encontros casuais
Com outros clãs iguais,
Banalidades rituais,
Fundamentais.
Autómatos afins,
Misto de serafins
Sociais
E de standardizados mandarins,
Teremos preconceitos e pruridos,
Produtos recebidos
Na herança
De certos caracteres adquiridos.
Falaremos do tempo,
Do que foi, do que já houve...
E sendo já então
Por tradição
E formação
Antiburgueses
- Solidamente antiburgueses -,
Inquietos falaremos
Da tormenta que passa
E seus desvarios.

Seremos aos domingos, no jardim,
Reaccionários.

Reinaldo Ferreira (1922-1959), in “Um Voo Cego a Nada”

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Teresa Silva 
Dia 26Fotografando as palavras de outros sobre o soneto
No mundo, poucos anos e cansados
vivi, cheios de vil miséria dura;
foi-me tão cedo a luz do dia escura
que não vi cinco lustros acabados.

Corri terras e mares apartados,
buscando à vida algum remédio ou cura;
mas aquilo que, enfim, não quer ventura,
não o alcançam trabalhos arriscados.
 
Criou-me Portugal na verde e cara
pátria minha Alenquer; mas ar corrupto,
que neste meu terreno vaso tinha,

me fez manjar de peixes em ti, bruto
mar, que bates na Abássia fera e avara,
tão longe da ditosa pátria minha!
Obras completas de Luís de Camões, Lello & Irmão - Editores, Porto, 1970

10. Teresa Silva



"…Criou-me Portugal na verde e cara pátria minha Alenquer...” que recentemente pintei como gostaria que fosse.
Teresa

9. Rocha/Desenhamento



Ler as palavras dos outros e criar  imagens  a  partir de  frases em rede  poética, onde  a  imagem pode esfumar-se, tornar-se documento, tentar ser paralela ao texto, essa é uma tarefa complexa, tanto mais que entretanto nos fala Camões e nos arrasta pelas viagens e coisas vistas e sentidas. Optámos por um dos nossos maiores símbolos  e que  faz  parte intrínseca deste soneto do poeta. 
Rocha de Sousa

8. Mónica



Cinco lustres 25 anos. 
Mónica

7. Mena M.



“... foi-me tão cedo a luz do dia escura...”

6. M.

5. Luisa



“Alenquer verde e cara pátria minha amada.”

4. Licínia



“Corri terras e mares apartados”

3. Justine



(fotografia de um mar) 
Justine

2. Bettips



"... tão longe da ditosa pátria minha!"

1. Agrades



«Corri terras e mares apartados»

quinta-feira, abril 19, 2018

AGENDA PARA ABRIL DE 2018

Proposta de Teresa Silva
Dia 26Fotografando as palavras de outros sobre o soneto
No mundo, poucos anos e cansados
vivi, cheios de vil miséria dura;
foi-me tão cedo a luz do dia escura
que não vi cinco lustros acabados.

Corri terras e mares apartados,
buscando à vida algum remédio ou cura;
mas aquilo que, enfim, não quer ventura,
não o alcançam trabalhos arriscados.

Criou-me Portugal na verde e cara
pátria minha Alenquer; mas ar corrupto,
que neste meu terreno vaso tinha,

me fez manjar de peixes em ti, bruto
mar, que bates na Abássia fera e avara,
tão longe da ditosa pátria minha!
Obras completas de Luís de Camões, Lello & Irmão - Editores, Porto, 1970

O DESAFIO DE HOJE



Dia 19 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Teresa Silva.

10. Teresa Silva

Gosto imenso do espectáculo de fogo de artifício. Este foi realizado sobre a Pateira de Fermentelos.
Teresa Silva

9. Rocha/Desenhamento



Olhamos em volta com os olhos cheios de imagens. Tudo o que passa por nós, em mobilidade visual, passa também por escolhas feitas pelo nosso  sistema  neurológico, consoante  as  memórias e novas apresentações: escolhemos o  todo, partes mais sugestivas, tudo se vai guardando nas  especiais  estruturas  do  nosso  cérebro.  É  neste  sentido  que  podemos falar sobre o já visto ou o que estamos a ver. A fotografia que Teresa Silva nos propôs reproduz um objecto explosivo, brilhante, que se envolve de fumos luminosos ou iluminados e  se abre em leque, para o ar, através de projecteis incandescentes. Julgo tratar-se de um momento de alguma sessão pirotécnica, em plena noite (o espaço  em volta  aparece azul escuro) e assim convocando o nosso olhar enquanto dura, derramando na nossa memória visual mais um efeito que juntamos a outros, lembrados de aqui e de além. Assim se tenta festejar uma data, um acontecimento, um ponto remoto da história. 
Rocha de Sousa     

8. Mónica

Gosto do fogo de artifício, gosto do convite vamos ver o fogo?, das luzes, das cores, dos desenhos no ar, do barulho, ai, pum pum fssss pum pum, da festa na rua com desconhecidos, levo a máquina fotográfica, gosto da sofisticada mistura do fogo de artificio com musica, da alegria que nos contagia e une, estamos juntos felizes de pescoço levantado a boca aberta e o olhar no céu, devíamos olhar mais vezes para o céu, é uma tentação fotografar, fotografo ou vejo?, agora aquele, tarde demais já vi e não fotografei, olha outro, pronto já me distraí, perdi a sequência, espero que gostem da fotografia e que sintam a minha felicidade no momento. Foi assim Teresa?
Mónica

7. Mena M.

Uma supernova foi o que me surgiu no pensamento no primeiro olhar sobre a fotografia da Teresa. Só mesmo uma estrela para sair de cena de forma tão espectacular, tornando-se, por uns dias, tão brilhante como uma galáxia!
Mena

6. M.

Fogo de artifício, o desafio de colorir a noite com arte. E a propósito de arte, pensei que esta imagem poderia inspirar estilista famoso em processo de criação. Esboços, traços, vigorosos uns, mais discretos outros, imaginado o tecido, os pormenores. Talvez preto macio, o estampado com matizes a realçarem o desenho. Recomenda-se uma amostra que permite dar ideia do conjunto, é prática habitual no atelier. Resultou exactamente como previsto, as cores fiéis às originais, vivas, luminosas, em movimento. Encomende-se então os metros necessários para confeccionar um vestido. Peça única e assinada, exigência da cliente. Perante a obra acabada e experimentada, surgem perguntas e observações. Gosta? Realça-lhe a silhueta. Ela olha-se no espelho grande pendurado na parede: o brilho do seu sorriso é um adereço da toilette. Um verdadeiro fogo de artifício em noite de celebração.
M

5. Luisa

Efémera alegria como tudo na vida.
Luisa

4. Licínia

O fascínio dos artefactos de fogo, os das festas e romarias, que estralejam e nos abrem os olhos de espanto como pela primeira vez, quando crianças. É a procissão que vai sair, é a procissão que vai entrar, é o ano que aí vem, é a alegria, é a alegria, pum! pum! Viva o foguetório, é aproveitar a festa que o dia de amanhã ninguém o sabe. ESTRALÉU! ESTRALÉU! ZZZZZ! ZZZZ! PUUUUMMMM!
Licínia

3. Justine

Uma grande festa, certamente, pois apenas as grandes festas são abrilhantadas com fogo de artifício. Ou uma passagem de ano, que se convencionou festejar como se fosse a única maneira possível de se preparar o ano a nascer. O que quer que seja, é o ponto alto de uma celebração e a fotografia da T. ilustra muito bem esse momento. E a observadora, inevitavelmente, relembra os terrores infantis que sofria em momentos como este…
Justine

2. Bettips

"Fogo na Noite Escura" foram as palavras que me ocorreram. Fernando Namora, 1ª edição em 1942. Lembro-me vagamente da história, da vida académica em Coimbra e do conceito do livro, de tantos livros deste autor, tão actual através das décadas: iluminando os "fazedores da noite".
Bettips

1. Agrades

Sobre a foto de hoje, vem-me à cabeça os Adiafa, que dizem: 
«Estala a bomba e o foguete vai no ar
arrebenta e fica todo queimado…»
Agrades

quinta-feira, abril 12, 2018

AGENDA PARA ABRIL DE 2018



Dia 19 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Teresa Silva.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Teresa Silva  

Dia 12 - Reticências com a frase “Alta ia a noite a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.

9. Teresa Silva



Alta ia a noite mas, na outra margem (da Pateira de Fermentelos), ainda nem tudo dormia. 
Teresa Silva

8. Mónica



Alta ia a noite e os pensamentos não me largavam, fixei o luar pelas frinchas do estore, à procura de algo que me distraísse, olhei para o teto a segurar o candeeiro, percorri lentamente os armários um a um descombinados, o espelho inútil atrás da porta, nada, alta ia a noite e sem dormir, ahhh as paredes, amigas da onça, dão guarida a criaturas grotescas, são elas que me atormentam o sono! 
Mónica

7. Mena M.



Alta ia a noite, a temperatura também, nem dava para acreditar que estávamos em Santa Cruz. Já não faltava muito para o novo dia raiar, quando nos pusemos a caminho de casa. 
Mena

6. M.



Alta ia a noite. Aproximei-me da janela. Na rua, um silêncio de breu escondia estrelas e brilhos. Ao longe, nuvens pesadas ameaçavam desabar sobre presenças fugidias em busca de refúgio nas casas à beira dos passeios. Fechei a persiana, corri as cortinas. Virei-me para dentro. Acendi a luz do candeeiro da sala e recostei-me nos meus pensamentos. 
M

5. Luisa



Alta ia a noite e eu, sem sono, a deambular pela praia.
Luisa

4. Licínia



Alta ia a noite, raros os carros a descerem a rua, recolhidas as pessoas em suas casas, talvez a darem uma última arrumação na cozinha, talvez a procurarem o sono num programa tardio da televisão. Havia a calma de uma noite morna de Verão. Saí a porta, atravessei a rua, levava comigo a máquina de fotografar. Os candeeiros, fogachos de luz, a espaços, rua acima, a pontuarem a noite, foram eles que guardei na máquina, que guardei na memória. Há sempre uma qualquer imagem que guardamos duma noite que vai alta, tranquila, morna, iluminada, como esta. 
Licínia
(A história da foto é esta, tal e qual.)

3. Justine



Alta ia a noite quando terminou o fogo de artifício. A criança, cansada, seguia agarrada à mão do pai, a chorar e ainda assustada. Era assim todos os anos, pela festa da cidade. Quantos anos mais teria ainda de padecer, até se acostumar aos trovões violentos dos foguetes, às faúlhas aterradoras do fogo a caírem-lhe em cima? Teve de esperar quase uma vida inteira.
Hoje, a velha senhora já consegue apreciar uma noite iluminada por um colorido fogo de artifício sem se encolher com medo. Mas não esquece os seus terrores infantis. 
Justine

2. Bettips



Alta ia a noite e mais alta ficou porque se resolveu ir seguindo o eclipse total da Lua, desde a 1h até às 3h da madrugada. E que belo espectáculo, num lugar tranquilo, de largos horizontes e com pouca luz artificial. Vinham-nos à memória as figuras ingénuas dos livros de liceu, de como percebemos a posição dos astros e "o cone de sombra" que, afinal, era projectado por nós todos, com mares e terras, defeitos e virtudes: a Terra. 
Bettips

1. Agrades



Alta ia a noite quando espreitei o céu e vi este espetáculo. 
Agrades

sábado, abril 07, 2018

A TAL PINTURA QUE A MÓNICA FEZ



Espreitem a janelinha de comentários da Mónica e entenderão a razão do aparecimento desta fotografia aqui. Pintura feita pela Mónica publicada neste blogue em 29 de Outubro de 2006.
M

quinta-feira, abril 05, 2018

AGENDA PARA ABRIL DE 2018

Proposta de Teresa Silva
Dia 12 - Reticências com a frase “Alta ia a noite a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Teresa Silva
Dia 5 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílaba “Li para formar as nossas palavras. A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas facultativo e um complemento.

10. Isabel



Magnólias

9. Teresa Silva



licas

8. Mónica



Livros

Para quem não sabe ou não se recorda, a Mónica era visitante assídua dos antigos blogues Diafragma e Fotoescrita, há anos fechados, foi participante durante algum tempo nos desafios do Palavra Puxa Palavra desde que eles nasceram em 2007, e agora visita esporádica do Reflexões Caseiras, para além de já nos termos encontrado ao vivo uma ou outra vez. É bom tê-la de volta no PPP.
M

7. Mena M.



Ligação

6. M.



Solilóquios ao ar livre

5. Luisa



Limite de segurança

4. Licínia



Linhas

Estação de comboios de Braga.
Licínia

3. Justine



Liberdade

Numa aldeia chamada Raposa, antes de chegar a Coruche, há uma pequena ponte em ferro de que as cegonhas fizeram um condomínio aberto: vários ninhos ocupados por casais e respectivos filhotes enfeitam as traves superiores da ponte, dando-lhe uma vida inusitada, muito bela e em Liberdade!
Justine

2. Bettips



Oliveira

1. Agrades



Linhas