"Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha velhice, que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação."
Solidões distribuidas pelos bancos da rua... Simples e verdadeira.
ResponderEliminarUm estar só de velhos, que sempre me faz pensar...!
ResponderEliminarTantas solidões!...
ResponderEliminarTanta solidão...!
Esta é a minha preferida.
ResponderEliminarMuitas vezes a maior e mais dolorosa das solidões...
ResponderEliminarHá tantas e tantas destas solidões. As piores porque não são procuradas.
ResponderEliminarCompanheiros de solidão!
ResponderEliminarFruto do tempo em que vivemos...
uma das minhas preferidas.
ResponderEliminarAí!... Podias me ter apanhado, é um sitío dos meus (muitos)cafés!
ResponderEliminarBeijoca*
Os Ombros Suportam O Mundo
ResponderEliminar"Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação."
(Carlos Drummond de Andrade)
E não poderiam comunicar mais uns com os outros? Felizmente que mts acabam por jogar as cartas ou dominó juntos!
ResponderEliminarUm banco de jardim é, as mais das vezes, sinónimo de solidão...
ResponderEliminarBonita imagem!
Abraços!