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quinta-feira, setembro 20, 2012

13. Zambujal

Uma janela fechada separa sempre dois mundos. Um interior, só nosso, e outro lá de fora, dos outros. 
Na arquitectura portuguesa, as janelas de pequenos quadrados de vidro na esquadria de madeira são um convite para que essa separação seja sentida… e para apoiar a testa num dos quadrados de vidro lá deixando, como impressão digital, a rodela de suor de quem esteve a ver o mar, ou os verdes, ou o betão, ou os outros, do outro lado-mundo do seu mundo interior.
Mas também a arquitectura muda e, hoje, são os rasgões nas paredes, com a aparente maior comunicação entre os dois mundos. Ou será ilusão? Onde apoiar a cabeça, como sentir na testa o frescor do outro lado, como tomar a consciência de que há um outro mundo, o mundo dos outros? 

Zambujal

5 comentários:

  1. Lindo o teu texto. Esta janele, à antiga, não separa as pessoas. Apenas dá um pequeno espaço para o silêncio e meditação antes de entrar em acção. E o mar é um bom conselheiro.

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  2. Gostei muito da imagem da mancha de suor no vidro que nos separa do mundo dos outros. Como diz Manuel António Pina, "um lugar onde pousar a cabeça".

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  3. Esta aqui em frente,a que dá para o pátio, está sempre cheia de rodelas de suor, de quem está sempre a olhar para o outro lado-mundo!

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  4. gosto muito do que aqui leio,foi umprivilégio espreitar pela janela aberta do teu olhar sobre a foto da Luisa!

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  5. Como diz Manuel António Pina, "um lugar onde pousar a cabeça", como lembra Licínia.
    E um colo, um colo quente e confiável onde dormir sem medo.





    ~

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