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quinta-feira, dezembro 01, 2022

6. M




 

Gosto de telhados e da cor ondulada das telhas lado a lado. Servem de tecto para uns e chão para outros. São canteiros para sementes perdidas, toldo para ninhos de andorinhas, casa aberta para cegonhas em descanso de voos e alimento das crias, poiso temporário para gaivotas fugindo de tempestades no mar. Precavidas e confiantes, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, no equilíbrio entre céu e chão firme esteve a escolha destas três companheiras. Observam do alto os veraneantes nas ruas. Caminham felizes, toalha ao ombro e chapéu de sol debaixo do braço, de regresso a suas casas com janelas e varandas viradas para o horizonte imenso. Mas dos horizontes sombrios dos desconhecidos da capital cosmopolita a dormirem ao relento com embalagens de cartão a servirem-lhes de telhado nada sabem as gaivotas.

M  

4 comentários:

  1. Um encanto este teu texto, as fotos lindíssimas!

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  2. Anónimo1/12/22

    Este telhados-abrigo são espantosos. que não os têm, como dizes no teu belíssimo texto
    Luisa

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  3. Telhados:superfícies multiusos e multifacetadas, úteis e muito belos!

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  4. São os "mistérios" dos telhados e o que vês/pensas. Belos!
    Os de cartão, desviam-se os olhos e os poderes.

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