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quinta-feira, janeiro 29, 2009

"Brinquedo" por Bettips



Nenhum brinquedo material ficou da voragem dos dias que não eram meus. Todos os poucos brinquedos me ficaram na memória. A fotografia representa o que eu mais gostava de fazer: campismo. E é fácil de prever, para quem já me conhece um pouco: a natureza, os bichos, as árvores, os pés nus na caruma dos pinheiros. O campo, o monte, o mar, a pedra. Se não me lembro bem das salas de escola, destes lugares tenho memórias bem vivas. A sincronia de gestos com o meu pai é pura coincidência: fomos e somos muito diferentes: nem ele nunca soube como tratar uma criança. Com a minha costumada ironia direi que aprendi pela negativa.
***
Brinquedos: poucos, brincar muito! Inventar: quase tudo. Percebo, desde há muito tempo e bem, como a infância de cristal deve ser tratada com dedos de ouro. São preciosos e tão céleres, os tempos da felicidade transparente!

Bettips

12 comentários:

  1. Quando era pequena ia os tres meses de verão para a terra do meu pai, onde tudo era uma aventura, brinquedos? Ficavam em Lisboa, lá era a loucura total, eram os burros, as galinhas as cabras que muitas vezes eram o meu "cavalo" os utensilios de cozinha eram coisas achadas, como as latinhas da graxa dos sapatos, vivia-se em liberdade constante.
    Campismo? Nessa altura não, mas a saudade daquela liberdade, obriga-me a andar por aí, numa casa de quatro rodas em contacto constante com a natureza.
    Fizeste-me recordar o meu passado....
    Deixo-te um beijo

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  2. Anónimo30/1/09

    Estes brinquedos são de carne e osso...
    Agrades

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  3. Esta fotografia faz-me lembrar Peter Pan...

    A infância é um tempo mágico e como muito bem dizes deve ser tratada com o maior dos cuidados!

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  4. E que melhor modo de brincar que com o que nos rodeia e o que está dentro de nós: a natureza, a criatividade, a invenção, dispensando os artefactos supérfluos e castradores da imaginação.
    Revejo-me na tua infância:))

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  5. A imaginação, a inventiva, dominava a nossa infância. Não era preciso muita coisa para estarmos felizes. Acampar nunca fiz mas dávamos grandes paseios a pé pelas matas, pelos rios, sempre acompanhados de belos pic-nics de arroz de frango e pasteis de bacalhau...

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  6. ...a esta hora e depois de ler e escrever tanto, estou cá com umas saudades ...
    Já começo a perceber vagamente porque é que os velhinhos se reúnem numa comunidade a dançar o "tango"... Cada um recorda o que o fez feliz!

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  7. Não sou grande fã de campismo, porque, o meu corpo é super vulnerável ás picadelas dos insectos e mesmo que ninguém seja mordido eu sou sempre!
    Mas a foto está girissima e mesmo com um ar bucólico!

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  8. Todos os fins de semana e durante as férias de Verão, eu, a minha irmã e os meus pais íamos para a casa dos meus avós. Ficava numa aldeia a 2 km da praia, e mesmo assim houve Verões que fazíamos campismo só para estar ainda mais perto da praia. Naquela altura não gostava muito de campismo devido ao calor dentro da tenda e ao desconforto, mas agora adoro!

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  9. Ah que engraçado esta fotografia também me faz lembrar Peter Pan!
    Adorava fazer campismo e fi-lo enquanto adolescente durante alguns anos. Hoje gosto mais de montanhismo e sempre a andar.

    Quando era miúda, brincava muito "ao faz de conta", dispensando qualquer brinquedo. Um dia ri de alegria, quando descobri que a minha filha também brincava sozinha ao "faz de conta".

    A brincadeira na rua com os miúdos do meu bairro também me trouxe alguns dissabores. Mas, eu conseguia escapar-me de vez em quando à vigilância dos da casa... :)))

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  10. Assim era, meninas, tal como o dizem.
    O comum
    das gentes que aqui somos encontradas,
    revisitado!
    É bonito, isto.
    Obrigada e abraços.

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  11. Que giro então temos coisas em Comum, embora deteste campismo.., sou obrigado a socorrer-me de uma tenda pequenérrima,(mas que obrigatóriamente tem de caber dois) nas minhas longas viagens que por principio parto a qualquer momento sem saber quando volto,sem qualquer programação e quando a uso, no dia seguinte pareço um aleijado.

    Quanto à ironia de aprender pela negativa, afirmação sua, permita-me dizer-lhe que por irónico que lhe pareça que foi assim que aprendi a viver a vida é a melhor forma de depurar, filtrar, perceber, a essência humana, de que ela é feita; um bocado complicado não é?

    O meu Pai era um caso sério de se perceber.
    Eu era o contestatário da família; O Mafaldo cá do sítio e assim eu e ele andávamos sempre a fazer faísca.

    Também gostava de brincar ao faz de conta, e hoje o faz de conta até tá na berra, basta pôr a cabeça for da janela e vê-los imbecilizados sem saber o verdadeiro nome do JOGO.

    Reinvente-se o Homem.

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  12. Obrigada António pelo (re)conforto!
    Abraço

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