O autor desta fotografia, sem pre- tensão de ensinar os olhos dos ou- tros, propõe: Imaginem que têm 19 anos cada um (namorados já com alguma rodagem.) Estão numa serra e encontram uma casinha como os montes alentejanos. Não está ninguém. Na porta deixaram um bilhete. «A água está na bilha, no poço da cisterna: é só puxar.Eu volto só ao jantar. Esperem por mim». O jovem casal entra. As dependên- cias estão escuras e frescas. Num quarto interior reparam nas cadei- ras e num móvel escuro. No chão, muito revolvido, há um colhão de fatana, coberto por um lençol meio velho e de tecelagem rude. Ela foi até lá e deitou-se com grande estrondo no restolhar da fa- tana. Disse: «isto é espantoso.» E ficou a olhar para ele com os olhos húmidos. TINHAM SIDO TENTADOS A esta história podíamos juntar muitas outras a fim de PERCEBERMOS a fotografia. Quem percebe é quem vê e ver é também inventar Rocha de Sousa
É uma tentação saber o que é...
ResponderEliminarAgrades
Pois é trata-se de uma tentação integrante.
ResponderEliminarA mim tenta-me não o saber o que é mas o claro-escuro da foto!
ResponderEliminarTambém fiquei sem perceber...
ResponderEliminarO autor desta fotografia, sem pre-
ResponderEliminartensão de ensinar os olhos dos ou-
tros, propõe:
Imaginem que têm 19 anos cada um (namorados já com alguma rodagem.)
Estão numa serra e encontram uma casinha como os montes alentejanos.
Não está ninguém. Na porta deixaram
um bilhete. «A água está na bilha, no poço da cisterna: é só puxar.Eu
volto só ao jantar. Esperem por mim».
O jovem casal entra. As dependên-
cias estão escuras e frescas. Num
quarto interior reparam nas cadei-
ras e num móvel escuro. No chão, muito revolvido, há um colhão de
fatana, coberto por um lençol meio
velho e de tecelagem rude.
Ela foi até lá e deitou-se com grande estrondo no restolhar da fa-
tana. Disse: «isto é espantoso.» E
ficou a olhar para ele com os olhos
húmidos.
TINHAM SIDO TENTADOS
A esta história podíamos juntar muitas outras a fim de PERCEBERMOS
a fotografia. Quem percebe é quem vê e ver é também inventar
Rocha de Sousa
Inventemos o amor, então, como diria o poeta!
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