Há muito que sabemos quanto o nosso olhar transporta para os milhões de nichos do cérebro as imagens do real, coisas que voltam por vezes à superfície da nossa consciência em metamorfoses que relevam porventura do subconsciente, figuras sobrepostas, manchas, restos de oceanos, cores inusitadas. Neste caso, ao rebuscar nas gavetas fotografias onde fora tentada a ilustração desse fenómeno, aqui estamos suspensos de vários registos de tempos, lugares ou coisas diferentes: há os restos ou ruína de um cargueiro encalhado na lama, projectando sombras sobre o ondular contrastante de um mar à flor da terra, enquanto o céu se substitui pela dobras redondas de um grande pano rosado, mortalha da lírica e dos finais encantatórios, como num fotograma de cinema, como na lágrima múltipla da saudade.
Rocha de Sousa
Que bonito ver aflorar dessa escuridão persistente, da lama escura, esses tons rosados que tornaram essa foto um quadro magnífico!
ResponderEliminarMortalha embora, pinta a saudade de poentes que perduram nas memórias.
E viva a efabulação
ResponderEliminardo cérebro e dos tons!