Páginas

quinta-feira, janeiro 10, 2013

6. Licínia



Os muros estão ali para contarem que houve um tempo antes da casa. E antes dele nasceram as pedras. A memória antiga das pedras fala de conchas, de peixes, de sal. Ao princípio era o mar, depois a terra e os seus bichos. E houve guerras quando chegaram os homens que fizeram os muros. E fizeram a casa. E plantaram a árvore. E colhem os frutos. E vivem e dormem, por detrás da cal, na casa de segredos, na concha de terra que veio depois do mar, depois do nada que foi antes do mar, antes, muito antes. 

Licínia

9 comentários:

  1. Anónimo10/1/13

    Fotografia aberta à luz e, pelo que
    o texto nos diz,à evolução e ao segredo da vida ali serena, sob a árvore.

    Rocha de Sousa

    ResponderEliminar
  2. A brancura da beleza da História na luz da esperança e do amor com que se constrói a vida. Linda!

    ResponderEliminar
  3. Um muro caiado que revela o cuidado de manutenção dos donos...

    ResponderEliminar
  4. Uma concha humana encantadora, um texto/poema de princípios e meios! O fim está longe...

    ResponderEliminar
  5. do Zambujal13/1/13

    ... e antes, e depois, e enquanto... sempre o tempo!

    ResponderEliminar
  6. Um muro-ponte entre a vida e a poesia.

    ResponderEliminar
  7. Um muro enganador. Todo aperaltado, caiado de branco para tapar as pedras velhas que o formam. É como muitas pessoas.

    ResponderEliminar
  8. E como falam as pedras, de branco casadas com a árvore. Depois de tanto mar, um sossego de chegada, este muro-vida que o poeta dobra/doba, ao sol.

    ResponderEliminar