O vazio instalou-se nesta rua alentejana. Nem pessoas, nem cão ou gato, nenhum sinal de vida. As flores às janelas estão secas, morreram. Sim, porque as flores gostam da companhia das gentes e quando umas desaparecem as outras morrem à míngua de carinhos. Certamente, por aqui correram crianças empurrando os seus arcos ou pontapeando alguma bola de trapos. Ao fim do dia, rodaram carroças puxadas pelas bestas já conhecedoras do caminho que até se dirigiam, sem guia, para o seu destino. Passearam namorados rindo e brincando tendo no olhar aquele brilho especial que só o amor consegue dar. Houve alegria, vida, movimento. Hoje, só o vazio mora aqui.
Benó
A lembrar um excerto de uma novela realista que nos deixa em suspenso enquanto subimos a bela rua. Subimos com ele, e através dele, o vazio da existência que tantas vezes a devora. Mas ao mesmo tempo preenchemos também esse vazio pela descrição do que foi a vida ali.
ResponderEliminarMuito bonito.
ResponderEliminarUma calçada única, paredes caiadas. Tenhamos fé que os ventos mudem e as flores passem a ser regadas e as crianças saiam de novo à rua.
O abandono de tanta aldeia onde se vivia antigamente no aconchego das relações humanas, quentes e amigas! Como é triste este vazio...
ResponderEliminarImaginemos... que estes belos vazios se poderiam encher de vida e risos, subindo a calçada chinelando e dando carinho às flores.
ResponderEliminarImaginemos que o Alentejo não é um sítio de velhos mas um lugar de descobertas, de raízes.
Um vazio que não significa abandono; as casas continuam caiadas, as ruas varridas... Estará muito calor, e as pessoas recolhem-se? Certamente será.
ResponderEliminarTenho esperança de que a ideia da Agrades sobre este vazio seja a certa. Ou terão imigrado todos?
ResponderEliminarDe uma fotografia melancólica, uma
ResponderEliminarideia semelhante anterior. Mas
aqui trata-se de uma espécie de vaziosocial, a ausência dos seres
e do seu ir e vir de outrora.
Rocha de Sousa
Pouca gente para tanta terra. Este parte, aquele parte...
ResponderEliminarO vazio da desertificação que se diria estratégica. A dinâmica a ter de ser corrigida mas, enquanto se não tem força para isso, a descobrir-se-lhe beleza, embora triste.
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