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quinta-feira, fevereiro 21, 2013

8. M.

Alguém, e alguém, e mais alguém. Mundos. 
Esquecimento e lembrança. Abandono e abrigo. Portas que se fecham sobre existências passadas e se abrem para dentro da presença de estranhos. Objectos calados recomeçando a vida. Demorando-se no lugar temporário dos instantes. Sôfregos de olhares que se encontram no espaço que perdura para além da morte dos instantes. Aguardando o toque de mãos desconhecidas que lhes sintam a pele envelhecida. Ávidos de palavras a desabrocharem em bocas prontas a amá-los com palavras de pertença. Gestos que desapareceram e se repetem. 
A vida e o nada de cada um no desenrolar dos dias. 

M

7 comentários:

  1. como diz a M. estarão estes objectos à espera que alguém os torne a amar?

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  2. Bwlo texto para a entrada em contacto com estes objectos que
    formam, ao mesmo tempo, a cadência
    da produção e as mil lembranças da~vida, do habitat

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  3. "Objectos calados... ávidos de palavras" de apreço, de serem úteis, de voltarem a viver.
    Assim e tantas vezes, nós, objectos dum Universo cada vez mais indiferente à Felicidade de cada um.
    (ah... M. não me venhas dizer que a Felicidade para um ganancioso é ter dinheiro, de um glutão é ter comida... isso é "desvio de carácter"! O ser humano nasce para procurar, fazer a harmonia, em si e à volta)
    Bj

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  4. bettips:
    Felicidade?! Mas eu não falei em felicidade, antes pelo contrário...

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  5. Claro, M., eu é que falei em "nós, como objectos de um Universo..." "indiferentes à felicidade de cada um". E fiz o que faço tantas vezes, por defeito: dei a resposta a mim mesma, discuti o contraditório comigo mesma.
    A tua descrição é para mim um olhar de melancolia descritiva, interpretando objectos como gente, "aguardando o toque de mãos desconhecidas".
    Bjinho

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  6. Um texto poético-filosófico de me fazer ficar a reler e a pensar! Gostei muito, M.!

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  7. Vidas suspensas, interrompidas, dando os seus sinais de outros tempos a estes tempos que serão também outros.

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