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quinta-feira, março 14, 2013

2. Benó



Era apenas mais uma noite invernosa. A chuva lá fora caía impiedosamente. O vento soprava empurrando à sua frente as folhas jovens que fragilmente se agarravam aos braços da mãe árvore. Ninguém passava na rua e as janelas eram como olhos entreabertos deixando passar tiras de luz de casas ainda acordadas. 
Como habitualmente em noites de invernia, a luz retirou-se não se sabe para onde, talvez com frio e o apagão foi geral. 
A lareira chispava e iluminava debilmente a sala onde nos encontrávamos. Com o isqueiro que está sempre à mão, acendemos a vela e brindámos à claridade que pelas paredes desenhava figuras abstratas executantes duma dança de luz e sombra. 
Era apenas mais um apagão numa noite invernosa.

Benó

5 comentários:

  1. E o apagão deu origem a uma noite "antiga", bela e romântica...

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  2. Bonita recordação das noites tempestuosas deste inverno...

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  3. A falta de luz leva-nos às cavernas, à condição primordial do fogo que para tudo servia: iluminar, aquecer, fazer a comida.
    E contudo, há quem descubra a beleza quando falha (sendo só um apagão, claro!).

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  4. Quando os apagões não duram muito tempo também tenho essa sensação da calma das velas ao serão.

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