Do
Do espaço que me envolve, terra solta e plantas secas, vejo os muros de um antigo lugar de camponeses, casas meio destruídas ou por completo arrasadas, as suas entranhas mostrando o sangue das pedras em grés. É estranho ver estas habitações dispersas e só constituídas por restos de muros ainda caiados, feridos de rachas, com janelas rombas, as pequenas salas abertas em palco para a paisagem, mas sem espectadores, excepto um ou outro cão dos arredores que por ali cheira antigas memórias, passos, sulcos de gente. Preso a uma certa nostalgia, porque nem uma só casa subsistiu na lenta morte em cadeia vagarosa, sou levado a sonhar com as imagens de uma qualquer plenitude, olhando móveis quebrados, malgas estilhaçadas, pratos e copos também, bocados do telhado estendidos sobre grande parte das coisas como a última manta poeirenta no definitivo final de um requiem.
Rocha
de Sousa
Texto e fotografia a acompanharem-se de forma muito bela.
ResponderEliminarMete dó!
ResponderEliminarLindo texto e bela fotografia.
ResponderEliminarDeixei aqui algo escrito antes: sobre as assombrações que estas fotos nos deixam. Sobre as palavras de tudo o que é passado envergonhado, na pobreza instalada ou na riqueza em fuga.
ResponderEliminar(repito assim o comentário, ou a ideia, ao ver a foto "nostálgica")
É triste ver estas ruínas.
ResponderEliminarBelíssimo texto sobre o abandono, a decadência,o fim (a que tudo e todos chegam!)
ResponderEliminarO texto é muito bom, mas não foi pedido neste desafio. Isso é noutros... Este "amusement" que a M. nos proporciona é muito e bem variado. Temos é de estar atentos à "semanada" e o Amigo é um bocadinho distraído, o que até pode ser uma grande virtude, a somar às outras que lhe reconheço.
ResponderEliminar