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quinta-feira, novembro 07, 2013

11. Rocha/Desenhamento



                         Ga...

Garantiram-lhes que podiam ficar ali, sentados, à espera do que pudesse acontecer ou nada. Fiquem em paz, diziam os velhos, é preciso descansar. Os velhos gabam esta solução sob a mágoa de os verem ali, depois de correrem durante todo o dia, na terrível fúria de viver, agora sem restos, parados, à porta de um albergue desarrumado, cheio de coisas de súbito inúteis. Nesta época de pressas impensáveis e noites sem abrigo, há quem presuma, antes dos velhos, a mesma ideia básica mas sem esmola, voz saindo de um jaguar ao entrar na garagem que logo se fechou; ou do lado dos condomínios milionários, intocáveis na sua diferença ensurdecedora.

Rocha de Sousa

fotojornalismo internacional

7 comentários:

  1. De tanta gente sem abrigo e tão poucas certezas: despejados há tantos e sem garantias. Só os velhos que (lhes)restam: ainda há dias dizia uma jovem na tv da ajuda da reforma da mãe... Ensurdecedor o silêncio, como sugeres.

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  2. Os novos «pobrezinhos».

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  3. Tanto quanto julgo ter percebido do texto, parece-me que a todos pode tocar o infortúnio, independentemente da idade e da situação.

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  4. Mundo de inseguranças e solidões. Mas não teria sido sempre assim?

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  5. A roda da sorte e do azar que pode andar e desandar para qualquer um, em qualquer tempo.

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  6. Nunca se sabe quando a desgraça aparece.

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  7. Um texto sério que nos leva a pensar na juventude de hoje tão desarrumada.

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