Se eu fosse ainda criança e não tivesse já passado muitas décadas a crescer e a diminuir, que assim se faz o nosso breve ciclo entre o nascer e o morrer, se assim não tivesse sido e eu permanecesse naquele estado a que se costuma chamar “dos anos felizes e despreocupados”, quem seria eu agora?
Só pelo absurdo se pode falar de um tempo irreal, mas pode-se fazer um esforço. Pode-se falar dos passeios pela mão do pai, do papel dos rebuçados que se pegava aos dedos, das festinhas na cabeça feitas pela mão sapuda do vizinho Nicolau, dos joelhos esfolados no saibro do caminho, do sumo das ameixas vermelhas a escorrer pelo bibe, de brincar às casinhas com a amiga Milu, de ouvir cem vezes a história do gato das botas, das primeiras letras aprendidas, b a bá, e a magia a acontecer. Foi tudo isto a infância e tudo o mais que se apagou da memória, mas que persiste num lugar escondido e nos faz gostar disto ou daquilo, reagir desta ou daquela maneira, sem explicação, apenas porque sim, porque afinal a criança ainda vive connosco e viverá e nos falará de Alegria, provavelmente.
Só pelo absurdo se pode falar de um tempo irreal, mas pode-se fazer um esforço. Pode-se falar dos passeios pela mão do pai, do papel dos rebuçados que se pegava aos dedos, das festinhas na cabeça feitas pela mão sapuda do vizinho Nicolau, dos joelhos esfolados no saibro do caminho, do sumo das ameixas vermelhas a escorrer pelo bibe, de brincar às casinhas com a amiga Milu, de ouvir cem vezes a história do gato das botas, das primeiras letras aprendidas, b a bá, e a magia a acontecer. Foi tudo isto a infância e tudo o mais que se apagou da memória, mas que persiste num lugar escondido e nos faz gostar disto ou daquilo, reagir desta ou daquela maneira, sem explicação, apenas porque sim, porque afinal a criança ainda vive connosco e viverá e nos falará de Alegria, provavelmente.
Licínia
Sim, não podemos esquecer esse "lugar escondido" onde continuaremos a ir sempre que a realidade nos pareça insuportável
ResponderEliminarHá sempre em nós um pouco da criança que fomos
ResponderEliminarLuisa
Espero que essa criança que existe em todos nós, mais ou menos escondida, nunca me abandone.
ResponderEliminarQuando em nós a criança que fomos se mantém, provavelmente teremos essa Alegria que nos faz sorrir e reparar nas coisas simples.
ResponderEliminara minha historia preferida era a do gato das botas, que engraçado!
ResponderEliminaré impressão minha ou boneco está com uma cara que não combina com o corpo? não digo nada, com óculos ou sem óculos já vejo tudo mal
Muito vivos os detalhes do que contas.
ResponderEliminarMónica, o gato da foto é uma improvisação feita por uma amiga muito criativa que a fez para um neto.
ResponderEliminarrecordações doces gravadas no disco rígido da memória
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