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quarta-feira, janeiro 18, 2023

4. Licínia

Abrir a janela da manhã, na ilha do Faial, é ficar com o olhar preso na ilha do Pico, a filha mais nova dos vulcões que por ali fizeram um parque de diversões hoje chamado Açores. É olhar e ver a montanha, ou não a ver, ou dela só ver o chapéu, ou só a saia rodada, tudo numa inconstância que os ventos comandam e as nuvens executam. Não é a montanha mágica de Mann, não é a de todas as cores de Cézanne, mas foi a minha nos dias em que a espiei, ou ela me espiou, num mudo encantamento, como acontece num amor para sempre.  

Licínia

8 comentários:

  1. Espectacular a tua descrição! O melhor que o Faial tem é a vista para o Pico, dizem os picarotos :)

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  2. Anónimo19/1/23

    Tenho imensa pena de não conhecer esta ilha que todos dizem ser encantadora
    Luisa

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  3. Pelo que tenho visto em fotografias, é um jogo de escondidas maravilhoso!

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  4. Realmente, quase "te vi" e vi o Pico, ao longe, nessa inconstante visão. Nem Mann nem Cézanne a conheceram, aposto que se apaixonariam.

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  5. Texto perfeito, Licínia!

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  6. Um texto muito bonito.

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  7. Anónimo23/1/23

    Gostei muito deste texto

    Teresa

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  8. a saia, o chapéu, escondido, à vista. o pico é tudo.
    os textos da Licinia e M. até parecem complementares

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