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quarta-feira, março 19, 2025

5. M


 

Este postigo estava encerrado. Não soube quem resguardava por detrás dele. Encontrei-o na estação de comboios de Sintra. Um posto de venda de bilhetes. Eventualmente na hora de almoço do funcionário ou funcionária. Ou não seria ainda hora de abertura ao público. Apesar de tão mal sentado na ponta da pedra pintada nos azulejos da parede, coitado, chamou-me particular atenção a expressão feliz do menino angelical com duas flores na mão. Não faço ideia se as apanhou perto dali, no Parque da Liberdade, e foi punido pela ousadia e para sempre tornado estático pelas mãos do artista contratado para a obra. Seja como for, se a sua intenção tiver sido colher um raminho de flores para oferecer a alguém, o seu gesto ficou registado per saecula saeculorum. E será sem dúvida inspirador para quem por ali passar.

M

5 comentários:

  1. Um contraste interessante: o postigo/guichet banal, e a parede de azulejos belíssimos, onde sobressai um menino simpático

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  2. Anónimo20/3/25

    o menino tem uma flor na mão para uma certa compradora de bilhetes que se aproxime do postigo

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  3. Que bonito, este postigo à espera, descrito de forma poética. Um azulejo de palavras.

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  4. Anónimo22/3/25

    É lindo este postigo. Apetece lá comprar montes de bilhetes
    Luisa

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  5. Anónimo22/3/25

    Desconhecia esta estação de Sintra. Estranho o postigo no meio dos azulejos. Gostei do texto.
    Teresa

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