
Estava ali, o pau de pita reflectido no charco de águas barrentas como se fosse num espelho do mais puro cristal, vigoroso e altaneiro, vaidoso da sua altura.
Irrompeu da piteira mãe, parecendo um gigantesco espargo verde, cresceu, criou uns pequenos braços que deram frutos sem qualquer valor alimentar mas que lhe dão uma certa graciosidade.
Quem lhe deu vida morrerá em breve, mas antes, assegurou a sua descendência fazendo nascer outras pequenas piteiras sob as folhas grandes e carnudas que pouco a pouco vão murchando.
Estava ali, mas em pouco tempo o pau de pita também deixará de existir e para sempre tombará velho e ressequido. Ficará, porém, recordado para sempre neste registo fotográfico.
Benó
Serão talvez assim as memórias que cada um deixa no seu álbum de vida no mundo que lhe cabe: uma sombra em tons sépia.
ResponderEliminarBelísisma esta fotografia.
A memória contra a morte.
ResponderEliminarFizeste bem, Benó, imortalizando o tempo nesse reflexo, quase uma história de vida. Na foto e nas palavras!
ResponderEliminarbettips
ResponderEliminarCuriosa e melancólica relação en-
tre a fotografia e o texto. O re-
flexo cria o inverso da nossa ver-
calidade, evoca a perda e a morte.
Mas sobreviverá a quem o viu e visitou.
Os reflexos ficarão sempre na nossa memória.
ResponderEliminarTu guardaste o momento. A natureza se encarregará de o renovar...
ResponderEliminarLinda esta foto que casa na perfeição com o texto.
ResponderEliminarAgrades