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quinta-feira, fevereiro 14, 2013

5. Licínia



O vazio agarra-nos pela garganta, sobe, irradia, instala-se na nossa mesa. Não fala porque nada há para ser dito. A praça é um cenário de cartão. As pessoas são meros sinais de ausência. Os pássaros não se atrevem ao voo. O vazio é o nome que damos à cidade que somos quando o amor desaprendemos. 

Licínia

10 comentários:

  1. Aqui de novo a beleza do vazio. Ainda que doloroso quando também "as pessoas são meros sinais de ausência". Muito bonito.

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  2. Logo, logo, a Primavera enche o cenário de verde e o amor reaparece!

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  3. Triste, minha amiga poetisa. Mas tão belo!

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  4. As mãos nuas agarram a garganta da rua. A cidade, desabituada da alegria, é assim que a sentimos quando este vazio (agressivo) invade as nossas esperanças.

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  5. As árvores lembram mãos vazias a segurar o céu.

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  6. Belo mas doloroso este vazio da praça onde deviam estar pessoas que já desistiram e recolheram às casas dos seus problemas.

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  7. Anónimo17/2/13

    Uma boa fotografia de um conhecido lugar que só indirectamente se pode
    ligar ao vazio, talvez mais à solidão. O texto tenta o argumento,
    tem a legitimidade que tem

    Rocha de Sousa

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  8. Olhe, Rocha de Sousa, eu vou tentando, vou tentando, com as fracas equipagens de cultura que possuo. Talvez um dia lá chegue... Quanto à legitimidade, disso não duvide, o texto é legítimo, sentido e sem presunções de ser avaliado de cátedra. Este recanto que a M. nos concede não é propriamente, e ainda bem, uma mostra de habilidades, mas de dádivas e de sentires. E de elegância e de simplicidade e de afecto. Consegui fazer-me entender?

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  9. do Zambujal19/2/13

    Tanto a reaprender em cada desaprendizagem...
    A poesia em tudo, como é próprio das/os poetas. Assim se preenchem vazios.

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  10. "...quando o amor desaprendemos". Fica-nos realmente, um vazio, dificil de preencher.

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