quarta-feira, junho 07, 2023

3. Licínia


 

Passaram décadas desde o dia em que se fizeram protagonistas da aventura a dois a que se chamou casamento. Fizeram-no pela lei civil, contrariando os desejos de famílias católicas, praticantes. Desprezaram benesses que lhes foram negadas como “castigo” pela prevaricação aos bons costumes. Deram-se a trabalhos de gente “remediada”, como então se chamava, modestos e dignos. O amor os acompanhou num abraço que não apertava, mas amparava, mesmo nos piores momentos em que o salazarismo ameaçava os “perigosos” republicanos como o meu pai. No tempo de reforma, de bem com a vida, cuidavam das suas plantas, o meu pai sossegava nos livros, a minha mãe nos crochets. Orgulho-me deles que me fizeram como sou.

Licínia

2. Justine


 

Os meus pais formavam um casal amigo, companheiro, cúmplice. Nunca os vi discutir. Amaram as suas duas filhas, apesar do pai ter desejado ter um filho rapaz. À mãe competia a educação social das filhas, o acompanhamento dos estudos, a escolha dos amigos visitas da casa. O pai preferia outro tipo de ensinamentos, tais como aprender a usar a sua espingarda, levar-nos a uma batida de caça, e pôr à nossa disposição todos os livros que ele lia, para que nós os lêssemos também.

Foram pais-modelo, que eu sempre admirei e de quem tenho muitas, muitas saudades.

(na fotografia estão também os genros e alguns dos cães do meu pai)

Justine

1. Agrades


 

Salvo algumas exceções aberrantes, os Pais geram, amam e cuidam a sua prole desde a conceção até ao infinito.

Agrades