quinta-feira, janeiro 30, 2020

AGENDA PARA FEVEREIRO DE 2020



Dia 20 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Agrades.

AGENDA PARA FEVEREIRO DE 2020

Proposta de Agrades
Dia 6 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílaba “mu para formar as nossas palavras. A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas facultativo e um complemento.
Dia 13 - Reticências com a frase “Ao lusco fusco” a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia. 
Dia 20 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Agrades. 
Dia 27 - Fotografando as palavras de outros sobre
« (…) Nesse tempo, as mulheres cumpriam ainda todo o ancestral rito da espera, sentadas nas soletas das portas a catar os filhos: os dedos perseguiam as lêndeas e, na pressão das unhas, vinham arrepios de gadelha arrepelada. Então as crianças grunhiam contra semelhante tortura e gritavam para que as libertassem. 
Está quieta aí, rapariga! - berravam as mães - Lapareira, que não deixa fazer nada nesta cabeça. (…) » 

João de Melo, O Meu Mundo não é deste Reino, Publicações Dom Quixote, 6ª edição março de 1998

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Zambujal
Dia 30 - Fotografando as palavras de outros sobre
(…)
pobre mulher,
só conseguia executar uma tarefa se a descrevesse enquanto a praticava, se lavava a roupa dizia agora estou enxaguando primeiro, botando sabão e esfregando rugosa na pedra, agora molho outra vez, até a água sair limpa, agora desamarroto, torço e ponho secando no varão, primeiro uma mola, depois esta e mais dez para o vento não puxar, o vento estica, enrodilha, embaraça, estorce, arranca e rouba a roupa, mas não a quer para ele, é maldade, só a revoluteia no ar, para a jogar fora mais adiante, surripia sem proveito, o vento é só para irritar a gente, e corria atrás dos trapos, e dizia agora estou pondo um pé à frente e tudo o que lhe vinha à cabeça. (…)

O Gesto Que Fazemos para Proteger a Cabeça, Ana Margarida de Carvalho

12. Zambujal

11. Teresa Silva

10. Rocha/Desenhamento



Depois de pensar neste tema, lendo o texto proposto, achei que via, por dentro da minha cabeça, alguém a proteger a cabeça em gestos sucessivos, outrora ou hoje, tendo então desenhado um gesto dos citados, aqui, em computador. Penso então que o desenho pintado serve o instante exterior e poderá dizer o resto, a interioridade, perto da palavra proposta em situação. 
Rocha de Sousa

9. Mónica



Ao ler o texto lembrei-me que penso na roupa enquanto a estendo, talvez por isso gosto de fotografar roupa estendida, penso, mas não digo nada. 
Mónica

8. Mena M.



"... primeiro uma mola, depois esta e mais dez para o vento não puxar..."

7. Margarida



"… e tudo o que lhe vinha à cabeça..."

6. M.

5. Luisa

4. Licínia

3. Justine



(foto de uma mulher cabo-verdiana a tratar da roupa da família, na Cidade Velha, Santiago) 
Justine

2. Bettips




"primeiro uma mola, depois esta e mais dez para o vento não puxar..."

1. Agrades



Lembro os bonecos de Estremoz, património imaterial da humanidade. 
Agrades

quinta-feira, janeiro 23, 2020

AGENDA PARA JANEIRO DE 2020

Proposta de Zambujal
Dia 30 - Fotografando as palavras de outros sobre

(…)
pobre mulher,
só conseguia executar uma tarefa se a descrevesse enquanto a praticava, se lavava a roupa dizia agora estou enxaguando primeiro, botando sabão e esfregando rugosa na pedra, agora molho outra vez, até a água sair limpa, agora desamarroto, torço e ponho secando no varão, primeiro uma mola, depois esta e mais dez para o vento não puxar, o vento estica, enrodilha, embaraça, estorce, arranca e rouba a roupa, mas não a quer para ele, é maldade, só a revoluteia no ar, para a jogar fora mais adiante, surripia sem proveito, o vento é só para irritar a gente, e corria atrás dos trapos, e dizia agora estou pondo um pé à frente e tudo o que lhe vinha à cabeça. (…)

O Gesto Que Fazemos para Proteger a Cabeça, Ana Margarida de Carvalho

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Zambujal
Dia 23 - Jornal de Parede

12. Zambujal



 
JORNAL DE PAREDE

podem limpar as mãos à parede…
a espuma (suja!) dos dias
ou um exemplo… exemplar

Zambujal

11. Teresa Silva



A pintura é uma forma de terapia. 

Teresa Silva

10. Rocha/Desenhamento



Este jornal, feito de uma fotografia em papel e colado na parede de um hall, conta apenas a morte de uma criança ao nascer sem zelo nem cuidados médicos - apenas na estrada, à noite e envolto num lençol. 
Rocha de Sousa

9. Mónica



Sugiro a leitura de um ou todos os livros escritos por Jung Chang. Pela ordem que escreveu: o primeiro "Cisnes Selvagens" é a historia da avó, da mãe e da escritora, enquadradas na época histórica em que cada uma viveu, de mudanças radicais na China, o segundo livro "Mao" é a biografia do estadista, o terceiro livro "Imperatriz Cixi" é a história da última imperatriz da China, mulher e concubina, três feitos inéditos e o quarto livro que ainda estou a ler é sobre três irmãs que por coincidência da época em que viveram foram casadas com os homens mais importantes da China à época, cada um em seu quadrante político. O que mais aprecio é a forma pragmática como ela escreve e faz o enquadramento histórico, com a enorme vantagem de ser chinesa e por isso tem acesso a documentos que sabe ler e interpretar sem a intervenção de um tradutor.

Mónica

8. Mena M.

7. Margarida


"Porto Quipiri, Angola, 2007" 

                                O carnívoro materialista em cima.
O povo, sustentando-o em braços, em baixo.
Qualquer semelhança é pura coincidência.
Ou terá sido premonição?
(a propósito do Luanda Leaks)

Margarida

6. M.



Um banco enorme no jardim da avenida principal de Setúbal, poiso útil para descanso temporário de excursionistas à descoberta da cidade. 
M

5. Luisa

4. Licínia

3. Justine



(Foto do início das obras de recuperação da escola do Zambujal, onde vai funcionar o Centro de Documentação. A coisa está a caminhar, o que nos dá muita alegria!) 
Justine

2. Bettips



Numa praia do sul, Algarve. Onde tantos atentados se fazem contra a terra e as gentes, avisam-nos que, apesar de tudo, podemos fugir a pé do mar. Este aviso ficou por lá apenas uns meses. Foi um ar que lhe deu, uma moda passageira, a cumprir, quiçá, uma norma da UE. 
Bettips

1. Agrades

segunda-feira, janeiro 20, 2020

A PEDIDO DA LICÍNIA



A Justine pediu para informar a data dos concertos.  Por agora é o que há. Talvez interesse a mais amigos, por isso pedia-te o favor de publicares.
Licínia


quinta-feira, janeiro 16, 2020

AGENDA PARA JANEIRO DE 2020

Proposta de Zambujal
Dia 23 - Jornal de Parede

O DESAFIO DE HOJE



Dia 16 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Zambujal.

12. Zambujal

No séc. XII (acho que foi… mas irei confirmar), na previsão do futuro “boom” turístico, os empreendores da cidade italiana de Pisa (públicos, privados?... investigarei!) investiram num projecto que não só popularizasse a povoação como viesse a ser cartaz e atracção. Por isso, hoje, Pisa é a terra da torre inclinada, e não falta veraneante ou invernariante que não vá ver a inclinação da torre e fotografá-la e/ou comprar postais. É pena… porque, bem mais do que a torre, a povoação (cidade?, vila?) é muito simpática, mas tal torre sineira e cambaleante (?) absorve todas as atenções.
Todas? Não!, há quem tenha ido tirar a foto da praxe – apressadamente – e tivesse passeado, tranquilamente, por uma curiosa cidade medieval e com vida, para lá daquele espaço onde o tal monumento à instabilidade parece cumprimentar os muitos e (alguns) embasbacados visitantes com uma discreta mesura.
Zambujal

11. Teresa Silva

Muito original esta foto. Dá a sensação de que se rodarmos a foto para a esquerda, até a torre fica direita!
Teresa Silva

10. Rocha/Desenhamento


Parece fora de dúvida: Zambujal é um homem de talentos: ao fotografar a torre de Pisa, com uma inclinação de 45º apela ao ensino de Arnheim, acentuando o valor da percepção: naquela posição já a torre tinha caído e os homens haviam perdido um exemplar da sua glória em equilíbrio. Mas a fotografia também caracteriza as coisas com a ironia da acentuação. A pintura em anexo, de Ilidio Salteiro vai mais longe: e estes destroços devolvidos à fome das criaturas antecipa alegoricamente torres tombadas, seres devoraveis. As pedras tombadas em Pisa, no futuro são devoráveis e transportáveis para museus estrangeiros.

Rocha de Sousa

quarta-feira, janeiro 15, 2020

9. Mónica

É impressão minha ou a Torre de Piza está direita? Não sei! Gosto da Torre de Piza, é o paradigma “fazer das derrotas vitórias” ou “o óscar vai para o ator secundário”, como fazer um desaire de engenharia, num simples campanário, tornar-se tão célebre, um ex-libris, há quase mil anos.
Mónica

8. Mena M.

Há 15 anos estive inclinada para lá ir, mas foi só na Páscoa de 2003 que pisei este mesmo chão e também fotografei esta famosa Torre. 
A Toscana é maravilhosa!
Agora tenho que virar o pescoço para o lado esquerdo...
Mena

7. Margarida

"Nem tudo o que parece é"
Margarida

6. M.

Pode parecer estranho mas vejo nesta fotografia um navio a inclinar-se em mar agitado, apesar da serenidade mostrada pelos passageiros no suposto convés, aliás reacção que não se esperaria numa situação real e semelhante à que conto a seguir.
Por volta dos 22 anos, eu e a minha amiga Alexandra fizemos um passeio a Espanha para comemorar o primeiro ano dos nossos empregos. Chegadas a Barcelona de comboio, seguimos para Palma de Maiorca de barco, viagem serena, como se deslizássemos sobre um lago azul, sem necessidade de recorrer ao Vomidrine levado na mala. O inesperado aconteceu no regresso entre Palma de Maiorca e Barcelona quando, na escuridão da noite, ondas gigantescas quase engoliam o barco e os passageiros, qual casca de noz de história em banda desenhada. Um horror foram aquelas cerca de dez horas até nascer a manhã! A minha amiga a tempo tomou um comprimido para o enjoo e manteve-se sentada, imóvel, mas eu e outras pessoas não tivemos essa sorte. Infelizmente, no meu caso bastou um atraso de segundos a engolir a bolinha milagreira e pronto, o previsto efeito futuro vingou-se de forma rápida obrigando-me a ir até à proa agarrada ao corrimão do convés coberto para não cair, e lá permaneci, em pé, junto de tantos outros companheiros de infortúnio. Chegávamos a cambalear, abríamos a porta que dava para o exterior, deitávamos borda fora os nossos enjoos e ali ficávamos, até que as nossas entranhas se apaziguassem. Exausta, regressei ao meu lugar inicial passadas horas incontáveis. A Alexandra suspirou de alívio por me ter de volta, preocupada com o meu desaparecimento repentino até me imaginara para sempre nos braços de Neptuno. Quando pisámos finalmente terra firme ainda me sentia a baloiçar, e que ninguém me falasse em comida, ao contrário da minha amiga. Tão esfomeada estava que devorou o seu pequeno almoço e o meu (ambos incluídos no preço da viagem...). O comprimido para o enjoo deve ter-lhe aberto o apetite. 
M

5. Luisa

Se não contrariarmos o que já está feito e nos inclinarmos no sentido do erro, pode ser que caiamos mais depressa no abismo sem dar tempo a mais discussões sobre a tragédia que se abate sobre a Terra.
Luisa

4. Licínia

Um aprumo de juventude, uma firmeza, uma recusa a curvaturas, vénias. Empertigada, diziam, vaidosa, um dia havia de vergar, talvez quebrar, diziam, perante aquela verticalidade que confundia, incomodava. 
Passaram anos, séculos, e ela ali, erecta, ignorante do despeito, da irritação de quem a olhava de viés, por medo de tão persistente inteireza.
Chegou o dia, havia de chegar, da vingança, de tentar o derrube da vertical afronta. Cercaram-na. Depois, todos à uma, empurraram. Eia, eia, ô! Sem tempo a perceber as razões de tal fúria, cedeu, um pouco, mais um pouco, inclinou-se. A turba ululava. Cai, cai, eia, ô!
Do meio da multidão, uma voz lhe chegou, em sopro, em soluço. Gosto de ti, minha torre de vontade! Sorriu, deteve o pendor, ficou imóvel, incólume, na sua nova pose de mulher reclinada em ombro oferecido. Misteriosamente, sem tombar. Uma Torre de vontade.

Licínia

3. Justine

Edifício emblemático da cidade de Pisa, a Torre é um deleite para os turistas que a observam de longe, não vá cair-lhes em cima. O fotógrafo ainda requintou o ângulo de inclinação do monumento, talvez criando assim uma metáfora das razões da sua inclinação – fundações mal construídas, solos mal preparados para suster o edifício -, e levando-nos a pensar, com razão, que as coisas não melhoraram nada desde o séc.XII no que respeita à construção civil…
Justine

2. Bettips

Que o mundo se vai inclinando ou que a gente se vê inclinada perante ele? Questões da engenharia: dizem que, após restauro em 2008, a torre deixou de se mexer e ficará estável durante pelo menos 200 anos. Enquanto uns se inscrevem para fazer a viagem a Marte, eu cá não desdenharia ir apenas ali adiante, a Pisa e outros lugares do meu imaginário de Itália.
Bettips

1. Agrades

Não há duas sem três; a torre é torta, o fotógrafo entortou a foto e, fazendo jus à torre, um dos jovens pisa outro...
Agrades

quarta-feira, janeiro 08, 2020

AGENDA PARA JANEIRO DE 2020



Dia 16 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia de Zambujal.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Zambujal
Dia 9 - Reticências com a frase “ Já cá faltava” a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.

12. Zambujal



Já cá faltava… a luz quente do sol a apagar o cinzento dos dias e a dar, aos nossos olhos, o azul e os verdes (como é que os povos nórdicos conseguem sobreviver?!). Que 2020, além de bissexto, seja um Ano nOvo e de Paz, apesar de tão agressivo ter começado.

Zambujal

11. Teresa Silva



Já cá faltava outra tempestade para que mais uma cidade fosse afectada.
Teresa Silva

10. Rocha/Desenhamento



Já cá faltava!... esta obsessão de pensar na morte, de enterrar os mortos, em vez de os cremar e enviar para a poluição dos oceanos, sem danos. Assim, ficam estas melancólicas cidades dos mortos, em pedra e terra... Já cá faltava!

Rocha de Sousa

9. Mónica



Já cá faltava uma sorte grande chamada turismo, a juntar a legislação excepcional, para fomentarem a reabilitação de edifícios. O resultado que está à vista de todos é bonito de ver. O que quero dizer é que foi graças ao turismo e a legislação que facilitou a reabilitação que os donos dos prédios resolveram reabilitá-los. Antes reabilitar uma casa exigia projectos, licenças e demais burocracias como se fosse uma construção nova. A nova legislação permitiu que sob a capa de "lavar a cara" se reabilitassem prédios. Para nós que vemos as fachadas achamos bonito e gostamos. Mas por trás estão famílias despejadas, reabilitações da treta (reabilitações estruturais que não foram acompanhadas de projectos por exemplo), negócios muito lucrativos. Em Lisboa foram vendidos apartamentos velhos por 60 mil euros e após reabilitação 600 mil, mais ou menos nesta ordem de grandeza. Estas reabilitações são "cenário" para atrair turistas e especuladores, materiais bonitos mas de fraca qualidade. Neste momento já há novamente legislação para acautelar reabilitações profundas. É bonito ver os centros históricos reabilitados mas custam tristeza e "sangue". Parece que cerca de 1/3 das casas reabilitadas em centros históricos estavam vazias, 2/3 implicaram despejos. Daqui a uns anos ninguém se lembrará disto. Os nossos governantes são muito manipulados pelos interesses de quem tem poder económico, não estão para defender os interesses dos mais desprotegidos e ignorantes. É uma pena. Depois da sorte grande já cá faltava bom senso, memória e solidariedade para todos.
Mónica

8. Mena M.



Já cá faltava, a todos certamente não, mas a mim, por vezes, um nevoeiro tão denso, uma espécie de casulo, que eu pudesse habitar, até me tornar borboleta.
Mena

7. Margarida



Já cá faltava um canteiro de couves municipais.
Sim, são couves, Senhor!
Margarida

6. M.



Já cá faltava o pássaro encarrapitar-se no bengaleiro! Escolheu este poleiro improvisado para passar a noite de ontem em vez do cantinho no parapeito da janela da sala de estar onde costuma aconchegar-se. É capaz de sentir a falta de jardins espaçosos com árvores frondosas onde pode saltitar de ramo em ramo. Bem sei que os tectos de uma casa escondem o céu, são de certo modo restritivos para quem aprecia o ar livre, contudo tive sempre o cuidado de o deixar à solta por aqui. Provavelmente num desses seus voos viu o chapéu de palha e pensou que eu o usaria quando saísse de manhã. Uma bela oportunidade para fugir... talvez viajando na minha cabeça... ninguém daria por isso, andam todos na rua com os olhos postos nos telemóveis, indiferentes aos tropeções provocados pelas pedras soltas nos passeios. E ainda que alguma pessoa reparasse nele não acharia estranho aquele ninho ambulante sobre a minha cabeça, há tantas originalidades, tantas evasões à rotina, não é? Compreendo que o Chapim Real se sinta um pouco constrangido neste meu ambiente urbano de cidadã comum. Encontrei-o dentro da loja do Museu Gulbenkian, entre pássaros de diversas linhagens, com nomes e características diferentes, apaixonei-me por ele e trouxe-o comigo, mas parece-me que nunca viveu completamente feliz aqui, provavelmente saudoso do seu jardim, de outros ares e dinastias. Raramente pia, apenas quando as crianças da casa ou eu lhe apertamos suavemente a barriga, para nós um gesto carinhoso, se calhar desconfortável para ele. Enfim, já não sei qual de nós os dois confundiu a realidade com a fantasia, nem quero saber.
M

5. Luisa



Já cá faltava um mirone a interromper o nosso namoro.
Luisa

4. Licínia



Já cá faltava o som dos carrilhões do Convento de Mafra, há muitos anos parados para reparação. No próximo 2 de Fevereiro, voltarão a fazer-se ouvir. É um som inigualável em poder e afinação. Concertos voltará a haver e eu estou contente porque os sinos me trarão decerto sons de infância e de juventude que por sua vez me trarão memórias de vida passada por lugares a que regressei.

Licínia

3. Justine



Já cá faltava mais esta! E logo no primeiro dia do ano! Já bastava o velho frigorífico, que com as cheias de fins de Novembro curto-circuitou e lá foi para reciclagem, num transporte camarário; já chegava a tristeza dos onze cedros que, pelo temporal do solstício deste inverno foram derrubados sem dó nem piedade, desnudando-nos a intimidade dos vizinhos e vice-versa; agora foi a vez do velho carro, amigo prestável durante 22 anos sem dar grandes preocupações, antes cumprindo o seu papel com muito denodo. Acabou. Foi embora. Sucumbiu. Finou-se. Morreu.
Já cá faltava mais esta!
Justine

2. Bettips

 
Já cá faltava o luxo, o aparato, a riqueza, a opulência, a pompa … e a circunstância de ter posto os olhos nesta ostentação apenas num museu. Chama-se a Sala de Jantar no “andar nobre”, no Museu da Ajuda, com variadas dependências reais. Diz-se que, ainda hoje, são servidos nesta sala os banquetes da Presidência da República. A história deste palácio é muito curiosa e cheia de pormenores, alguns surreais. Pelo andar da carruagem, um dia destes dar-se-á um jantar aos sem-abrigo de Lisboa. E já cá faltava... a mordacidade que sempre me surge em escritas várias.
Bettips

1. Agrades



Já cá faltava a cabeça quando o conheci! Não fui eu, juro! 

Agrades 

(Convento do Lorvão)

quinta-feira, janeiro 02, 2020

AGENDA PARA JANEIRO DE 2020

Proposta de Zambujal
Dia 9 - Reticências com a frase “ Já cá faltava” a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Zambujal
Dia 2 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílaba “mor para formar as nossas palavras. O foco tem de estar todo, e apenas, na ligação entre a palavra que escolhermos para a sílaba proposta e a fotografia que a expressará, quer se trate de um objecto ou de um conceito.

11. Zambujal


                                                  MOR
                 
             por mor da luta, por amor à vida, com 38 anos… (*)
                           … a morte saiu à rua e encontrou-o,
                 num dia assim, 19 de dezembro de 1961

Zambujal

* Dias Coelho.

10. Teresa Silva



Montemor-o-velho

9. Rocha/Desenhamento



Senti um verdadeiro temor quando perdi o maior amor por mim longamente acalentado. 
Rocha de Sousa

8. Mónica



Mortos
Confesso que gosto de visitar cemitérios, é genealogia, é a história real das pessoas. Na minha família não há qualquer tradição em culto de mortos, não há campas não há missa, rezas, etc. mas falamos dos "mortos", relembramos histórias e vivências. Por isso acho "piada" o quanto as pessoas investem em cemitérios, é uma perpetuação material da vida - quando se visita um cemitério e se lê os nomes (datas de nascimento, mensagens, etc) estamos a trazê-los à vida. Esta fotografia foi tirada no ano passado, nas férias, é o cemitério de Cacela Velha que fica a poucos metros da beira-mar, mesmo à saída da praia, um sitio bem peculiar para fazer um cemitério. Depois da praia andamos a passear pela aldeia e cemitério incluído.
Mónica

7. Margarida



Amor maior

6. M.



Amor

(Parte de um azulejo no Palace Hotel do Buçaco)

5. Luisa



Quero ver o céu mormente nublado para que a chuva regresse onde é mais precisa. 
Luisa

4. Licínia



 Mortalha

3. Justine

 

Mortíferos