Pode
parecer estranho mas vejo nesta fotografia um navio a inclinar-se em
mar agitado, apesar da serenidade mostrada pelos passageiros no
suposto convés, aliás reacção que não se esperaria numa situação
real e semelhante à que conto a seguir.
Por volta dos 22 anos, eu e a minha amiga Alexandra fizemos um passeio a Espanha para comemorar o primeiro ano dos nossos empregos. Chegadas a Barcelona de comboio, seguimos para Palma de Maiorca de barco, viagem serena, como se deslizássemos sobre um lago azul, sem necessidade de recorrer ao Vomidrine levado na mala. O inesperado aconteceu no regresso entre Palma de Maiorca e Barcelona quando, na escuridão da noite, ondas gigantescas quase engoliam o barco e os passageiros, qual casca de noz de história em banda desenhada. Um horror foram aquelas cerca de dez horas até nascer a manhã! A minha amiga a tempo tomou um comprimido para o enjoo e manteve-se sentada, imóvel, mas eu e outras pessoas não tivemos essa sorte. Infelizmente, no meu caso bastou um atraso de segundos a engolir a bolinha milagreira e pronto, o previsto efeito futuro vingou-se de forma rápida obrigando-me a ir até à proa agarrada ao corrimão do convés coberto para não cair, e lá permaneci, em pé, junto de tantos outros companheiros de infortúnio. Chegávamos a cambalear, abríamos a porta que dava para o exterior, deitávamos borda fora os nossos enjoos e ali ficávamos, até que as nossas entranhas se apaziguassem. Exausta, regressei ao meu lugar inicial passadas horas incontáveis. A Alexandra suspirou de alívio por me ter de volta, preocupada com o meu desaparecimento repentino até me imaginara para sempre nos braços de Neptuno. Quando pisámos finalmente terra firme ainda me sentia a baloiçar, e que ninguém me falasse em comida, ao contrário da minha amiga. Tão esfomeada estava que devorou o seu pequeno almoço e o meu (ambos incluídos no preço da viagem...). O comprimido para o enjoo deve ter-lhe aberto o apetite.
Por volta dos 22 anos, eu e a minha amiga Alexandra fizemos um passeio a Espanha para comemorar o primeiro ano dos nossos empregos. Chegadas a Barcelona de comboio, seguimos para Palma de Maiorca de barco, viagem serena, como se deslizássemos sobre um lago azul, sem necessidade de recorrer ao Vomidrine levado na mala. O inesperado aconteceu no regresso entre Palma de Maiorca e Barcelona quando, na escuridão da noite, ondas gigantescas quase engoliam o barco e os passageiros, qual casca de noz de história em banda desenhada. Um horror foram aquelas cerca de dez horas até nascer a manhã! A minha amiga a tempo tomou um comprimido para o enjoo e manteve-se sentada, imóvel, mas eu e outras pessoas não tivemos essa sorte. Infelizmente, no meu caso bastou um atraso de segundos a engolir a bolinha milagreira e pronto, o previsto efeito futuro vingou-se de forma rápida obrigando-me a ir até à proa agarrada ao corrimão do convés coberto para não cair, e lá permaneci, em pé, junto de tantos outros companheiros de infortúnio. Chegávamos a cambalear, abríamos a porta que dava para o exterior, deitávamos borda fora os nossos enjoos e ali ficávamos, até que as nossas entranhas se apaziguassem. Exausta, regressei ao meu lugar inicial passadas horas incontáveis. A Alexandra suspirou de alívio por me ter de volta, preocupada com o meu desaparecimento repentino até me imaginara para sempre nos braços de Neptuno. Quando pisámos finalmente terra firme ainda me sentia a baloiçar, e que ninguém me falasse em comida, ao contrário da minha amiga. Tão esfomeada estava que devorou o seu pequeno almoço e o meu (ambos incluídos no preço da viagem...). O comprimido para o enjoo deve ter-lhe aberto o apetite.
M
5 comentários:
Fizeste-me lembrar a minha 1a e até agora, única viagem às Berlengas. O bwrco, ainda era dos antigos, os assentos uma tábua corrida, debaixo de cada lugar um balde. Ainda no porto disse,que tinha medo, os meus cunhados alemães troçaram, medo de quê?, o mar estava tão manso. Já no alto mar, as ondas elevavam o barco e entravam furiosas por ele dentro. Eu sentada np chão, muda e queda. Quando atracámos, o meu cunhado muito mal disposto e branco como a cal disse: ah os portugueses têm medo, os alemães vomitam!
duas belas histórias de mulheres valentes! acho nunca mais punha um pé num barco ahahahah
Eu não ponho pés em barcos, a não ser para a travessia do Tejo e muito instada! Lá se me ia o passeio borda fora.
Duas histórias picarescas!
Aconteceu-me o mesmo que a ti, Mena, mas eu vomitei para o dito balde e quando cheguei às Berlengas, em vez de tomar banho e me divertir, fiquei sentada a tentar desenjoar e a pensar no regresso. Tinha 15 anos e não tinha Vomidrine...
M. e Mena, recordo - e basta recordar para me sentir enjoada - as várias idas às Berlengas e o tormento que era a travessia até pisar terra firme! São histórias para contar durante um dos nossos almoços, mas numa dessas viagens, o nevoeiro era tanto e as ondas tão assustadoras, que passámos as Berlengas sem dar por elas e só demos por isso quando estávamos junto do Farilhões!!! Agora o barco da travessia deve ter meios mais sofisticados.
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