1.000
Comecei por escrever: mil já foi muito… e, como é meu hábito
quando o assunto é números, fui à estante folhear um livrinho da Cosmos. Para
ganhar balanço. E se ganhei!…
Lá está, a páginas 11:
“(…) Há tribos da África Central que não conhecem os números além de 5
ou 6(‘): há outras que vão até 10.000.
(…)
(‘) - Estão, assim, próximas das
crianças nos primeiros anos de vida: para elas, tudo quanto passar além de 4 é muito.”
(Conceitos fundamentais da Matemática, Biblioteca Cosmos-3, B.J.Caraça,
1941)
Para o ser humano, no início
das suas descobertas, mais do que 3 ou 4 é muito. Para a Humanidade, 1.000 já foi muito. Lembramos que uma nota de
1.000 escudos era um conto, e era muito. Um conto de mal reis… como por aqui se dizia.
Hoje – e não passou tanto
tempo assim – esses 1.000 escudos têm como equivalência 5 euros… essa notita
que apenas serve para trocos e está condenada a desaparecer. Como as moedas de
2 e 1 euros, e de 50, 20, 10 e 5 cêntimos que terão o mesmo fim das de 2 e 1 cêntimos.
Agora, 1.000 é pouco! Só se fala em milhões, em milhares de milhões, que
uns já dizem ser biliões, medida que outros reservam para os milhões de
milhões… e por aí acima.
No entanto… “há tribos da África Central que…”
ainda estão como em 1941, que já foi há algum tempo.
Dá a ideia que a Humanidade
perdeu o controlo da dimensão, da medida das coisas (e de si, o que é muito
mais grave!), e quer avançar pela digitalização, esquecida que digitalizar tem
a origem em contar pelos dedos, que são só 10 ou, vá lá, 20 com os dos pés, que
nada contam desde que nos pusemos, humanos, na vertical. Com cabeça nas nuvens!
Zambujal