quinta-feira, outubro 27, 2011

Agenda para Novembro

Dia 3 - Provérbios Fotografados: «Se o inverno não erra caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho» *
Dia 10 - Reticências com a frase Voltei a ouvi-los a iniciar o texto
Dia 17 - Fotodicionário com a palavra Estação escolhida pela ~pi
Dia 24 - Fotografando as palavras de outros sobre este excerto belíssimo de uma crónica de António Lobo Antunes (Adoro as crónicas dele.)


O cheiro das ondas no instante
em que o ar é mais frio do que a água

«Normalmente é no terceiro minuto a partir do crepúsculo que o ar da praia é mais frio do que a água. Não no segundo nem no quarto: no terceiro e durante onze segundos, o que requer discernimento, atenção e paciência. O melhor é encostarmo-nos à muralha, de queixo na palma, vigiar as gaivotas, dar fé da mudança de cor no horizonte e nisto, mal o terceiro minuto começa, tira-se a palma do queixo para que o ar poise nela e aí está: pega-se no ar da praia, mete-se no bolso e leva-se para casa sem deixar entornar. Tem de utilizar-se logo visto que no dia seguinte, a partir das dez, já o ar aqueceu. Puxa-se com cuidado do bolso e respira-se devagarinho. Quase sempre, então, os pinheiros estremecem e parece existir, nas mulheres da família, uma espécie de vontade de chorar. Não de tristeza, claro: do facto de existir para sempre, dentro delas, um búzio comovido.»

in Segundo Livro de Crónicas, António Lobo Antunes, Publicações Dom Quixote, Outubro de 2002


* NOTA: Se algum de vós tiver um gosto especial em propor um provérbio que nunca tenha aparecido basta que mo faça chegar e eu divulgá-lo-ei no mês seguinte para que possamos “fotografá-lo” no desafio Provérbios Fotografados.

EU EXPLICO

De novo nos reunimos hoje no desafio Fotografando as palavras de outros, exprimindo de maneira muito interessante e diversa, através das nossas fotografias, o que sentimos com a leitura do excerto abaixo transcrito de um livro de Gonçalo M. Tavares.

65

O mundo não tem alcatifa, não pense tal, meu caro amigo,
nem em Paris o mundo real tem alcatifa.
O mundo tem madeira,
e a madeira tem falhas evidentes, lascas pontiagudas,
e quem sobre ela andar não sairá sem feridas
(o que também se poderá dizer do mundo).
O Mundo não foi feito para sobre ele se andar descalço.

Gonçalo M. Tavares
Uma Viagem à Índia (Canto III), Editorial Caminho

16. Zambujal

15. Teresa Silva

14. Rocha/Desenhamento

13. ~ pi

12. Nucha

11. Mena M.

10. Mac

9. M.

8. Luisa

7. Licínia

6. Lagoas

5. Justine

4. Jawaa

3. Bettips

2. Benó

1. Agrades

quinta-feira, outubro 20, 2011

O desafio para a semana de 20 a 27 de Outubro

Dia 27 Fotografando as palavras de outros sobre a interessante passagem abaixo transcrita de um livro de Gonçalo M. Tavares

65

O mundo não tem alcatifa, não pense tal, meu caro amigo,
nem em Paris o mundo real tem alcatifa.
O mundo tem madeira,
e a madeira tem falhas evidentes, lascas pontiagudas,
e quem sobre ela andar não sairá sem feridas
(o que também se poderá dizer do mundo).
O Mundo não foi feito para sobre ele se andar descalço.

Gonçalo M. Tavares

Uma Viagem à Índia (Canto III), Editorial Caminho

"Infância" por Zé-Viajante

"Infância" por Zambujal

"Infância" por Teresa Silva

"Infância" por Rocha/Desenhamento

"Infância" por ~pi

"Infância" por Nucha

"Infância" por Mena M.

"Infância" por Maria de Fátima

"Infância" por Mac

"Infância" por M.

"Infância" por Luisa

"Infância" por Licínia

"Infância" por Lagoas

"Infância" por Justine

"Infância" por Jawaa

"Infância" por Bettips

"Infância" por Benó

"Infância" por Agrades

quinta-feira, outubro 13, 2011

O Fotodicionário à espreita na semana de 13 a 20 de Outubro

Depois da diversidade de interessantes respostas ao desafio desta semana, aqui fica nova proposta:

Dia 20 – Fotodicionário com a palavra “Infância” escolhida pela Lagoas

PARA QUE OS NOSSOS LEITORES COMPREENDAM

Os dezassete textos que abaixo aparecem a acompanhar as respectivas fotografias começam todos com a palavra Outono, dada como mote a ser continuado numa única frase ou em mais algumas linhas, ao gosto de cada um dos participantes e das fotografias que em sua opinião lhes realçam o sentido.
M

17. Zé-Viajante



Outono... com reticências, folhas caídas das árvores, memórias de tempos idos. Objectos da nossa infância.

Zé-Viajante

16. Zambujal



Outono…
… pois se estamos em Outubro.
É o tempo mais clarificador da natureza. Porque é estação (apeadeiro?...) em que tudo deixa de ser e tudo começa a ser ou ainda não é. A vindima e o vinho novo, “as folhas mortas” e Vivaldi, as cores suaves e a nostalgia. O tempo do ser humano ter aprendido tudo, sobretudo que é parte da natureza e que sabe muito pouco. O tempo em que se pode lembrar que ainda não se esqueceu de aprender.
Fui à procura do Outono no meu quintal. Encontrei-o na hera invasora que esconde a janela, mas não escondeu a Léssya a varrer as folhas caídas.

Zambujal

15. Teresa Silva



Outono persistente este...o calor continua, as folhas não caem, a a chuva tarda em chegar. Apenas os dias são mais curtos, que pena.

Teresa Silva

14. Rocha/Desenhamento



...Outono passa por mim como a passagem do tempo e há um arrepio amarelado na atmosfera em volta. Os passos passeiam sobre folhas estalando sobre o empedrado um pouco humedecido da noite. Muda devagar o Verão, persiste arrastadamente.

Rocha/Desenhamento

13. ~ pi



Outono… é o pai da Primavera.

~pi

12. Nucha



Outono, já e de novo!... E as árvores preparam, uma vez mais, a irrepetível, gloriosa e colorida festa da despedida.

Nucha

11. Mena M.



Outono, a minha estação "pátria", apresentou-se dourado e quente, como que mascarado de verão, na minha visita de quatro dias a Barcelona, cidade que me encantou! Que excelente prenda de anos!

Mena M.

10. Mac



Outono...
Este ano quis-nos enganar: o calor teima em prolongar a estadia neste lado do Equador, as praias continuam apinhadas de gente...parece que ainda é Verão...
No entanto se olharmos atentamente, vemos os castanhos, laranjas e vermelhos pelo chão; já se sente um vento fresquinho e cheirinho a castanhas...
Não nos enganas...
O Outono já chegou.

Mac

9. M.



Outono. Regaço de um tempo sereno. Lugar de luz coada, lento e paciente o passo ao encontro da cor despojada da vida.

M

8. Luisa



Outono, o tema da fotografia desta semana parecia simples mas tornou-se uma missão impossível:

À procura do Outono, percorri as matas de folhas douradas mas não estavam lá.
Procurei folhas secas no chão, mas não estavam lá.
Levantei-me cedo para sentir a frescura das manhãs de Outubro, mas não estava lá.
Esperei os nevoeiros que caem sobre a cidade ao entardecer, mas não estavam lá.
Tentei encontrar uma árvore já sem folhas mas não estava lá.

Desisti.

Voltei para a praia.

Luísa

7. Licínia



Outono, diz o calendário, e suporíamos que o calor se ausentava e a praia enfriorava. Mas quem disse que o calendário do Sol ainda é o mesmo?

Licínia

6. Lagoas



Outono convida-nos à serenidade e é aqui que eu o espero, quando os raios do Sol parecem querer despedir-se do fulgor dos dias quentes.

Lagoas

5. Justine



Outono e Inverno podem dialogar com alegria, coexistir em paz, aprender a tolerância um com o outro!

Justine

4. Jawaa



Outono, tempo das salinas sem mar se enfeitarem de branco.

Jawaa

3. Bettips



Outono... um adeus de mão enclavinhada, na gente que sente por dentro do nervo e na seiva, o gesto do recolher na folha.
Guardemos a suavidade da cor que passa: virão minúsculos botões de outras folhas: mover-se-ão esperanças na luz de Março.

Bettips

2. Benó



Outono, outubro, amêndoas, nozes, batata doce, cheira a mosto.
A figueira já se despiu, assim como a maior parte das árvores do pomar. Os seus braços semi nus erguem-se aos céus numa prece muda para que a chuva não tarde. Um figo aqui e ali, uma ou outra folha mais apegada à mãe, está assim a figueira, retrato fiel dum outono que fez um casamento perfeito com o verão deixando-se dominar por ele.
Até quando durará esta união?

Benó