domingo, maio 01, 2011

Obrigada, Bettips, menina irrequieta e curiosa

Porque me parece interessante partilhar convosco este link enviado pela Bettips que fala de Sophia M. B. Andresen http://sigarra.up.pt/reitoria/noticias_geral.ver_noticia?P_NR=436, aqui ficam a imagem e o texto dele retirados.



"O mundo à minha procura - Ruben A. 30 anos depois"
24 de Novembro de 2006 a 7 de Janeiro de 2007
A casa do Jardim Botânico recebe a exposição O mundo à minha procura - Ruben A. 30 anos depois, entre 22 de Novembro e 7 de Janeiro de 2007, para assinalar 30 anos sobre o desaparecimento em Londres de Ruben Andresen Leitão (1920-1975), conhecido literariamente como Ruben A.

Esta exposição, concebida a partir de uma parceria estabelecida entre a Universidade do Porto (UP) e a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), tem como objectivo comum suscitar o interesse e a reflexão em torno desta obra singular. Pretendemos assim evocar uma obra que se desdobrou no plano historiográfico e, sobretudo, no universo da ficção literária de influência surrealista. A exposição será comissariada pelo Dr. Jorge Pais de Sousa, professor da FLUC.

O acolhimento desta exposição na antiga Quinta do Campo Alegre, actuais instalações da Faculdade de Ciências, é também uma forma da UP convocar a memória da literatura contemporânea referente a este magnífico património edificado e botânico da cidade.

Evocações do espaço na literatura

O reencontro marcado com a obra de Ruben A. na casa do Jardim Botânico não acontece por acaso. Dois escritores do século XX associaram a sua obra à memória deste espaço único.

Ruben A. escreveu em 1964, no texto introdutório à edição da sua autobiografia O Mundo à Minha Procura I, as seguintes palavras: «Voltar ao Campo Alegre foi para mim qualquer coisa de enorme na vida, mais importante do que ir à Lua, ou andar em órbita à volta da Terra.» Nelas pretendeu referir-se, com certeza, à importância sentida pelo escritor em revisitar a paisagem humana e o território únicos de uma infância que partilhou com a sua prima, a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, elementos afectivos e paisagísticos que marcarão indelevelmente o seu imaginário ficcional.

A título de convite para visitar a exposição, eis a extraordinária evocação literária, de Ruben A. e de Sophia, do átrio da casa que virá a ser o cenário que acolherá a exposição da obra rubeniana:

«O átrio do Campo Alegre é célebre, coisa de embasbacar. É um perfeito quadrado erguendo-se livre até vinte metros ou mais, tendo do primeiro andar (a casa só conta o piso térreo e o primeiro andar, não mencionando as caves) uma enorme varanda quadrada que se debruça sobre o átrio e que serve todos os quartos na parte virada à luz. Lá no cimo, no cocuruto, estava uma forma de clarabóia, com varandim circular, de onde nós no Carnaval atirávamos serpentinas à cabeça de quem obrigatoriamente passava lá por baixo. No entanto, a grandeza do átrio mostrava-se, além da sua maravilhosa perspectiva de simetria, no andar nobre da casa que era o andar da entrada, ultrapassada a curta escadaria exterior. O átrio do Campo Alegre apresentava o mercado da casa, o lugar de reunião, a ágora grega onde as pessoas vinham falar e discutiam os assuntos mais variados, onde cada um que saísse dos seus quartos estava imediatamente debaixo da alçada visual de um estranho ou de um desconhecido. Era a praça pública íntima dos familiares, lugar de suspiros ao chegar a casa e onde se dizia adeus pelo eco daqueles trinta metros acima que fazia ressoar a voz humana com um sentido correcto de simetria. As condições acústicas surgiam musicais. O mínimo som denunciava a presença de alguém, a mais íntima declaração amorosa estendia-se em pequenos timbres pelas colunas que suportavam a álea de quartos da casa.» O Mundo à Minha Procura I

5 comentários:

Licínia Quitério disse...

E eu sabia lá que o A de Ruben era de Andresen! Obrigada, Bettips, por toda esta informação, menina curiosa e cooperante.

Beijinho, B.

mena maya disse...

Muito se aprende por aqui!
Obrigada Bettips!

Anónimo disse...

Há as pontes romanas - lindas;
há as pontes Manuelinhas - preciosas.

Assim, mão e pensamento.
(também vomeceses me despertam letargias velhas, minhas queridas...!)
Bjinhos da bettips

Justine disse...

Para que precisamos nós dó Google se temos uma Bettips curiosa e generosa???

Manuel Veiga disse...

um referência cultural. sem dúvida...

beijos