Dia
18 -
Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia
da Jawaa.
quinta-feira, novembro 27, 2014
AGENDA PARA DEZEMBRO DE 2014
Proposta
da Jawaa
Dia
4 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “te”
para formar as nossas palavras. O
texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
Dia
11 - Reticências
com
a palavra “Sonho”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
18 -
Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia
da Jawaa.
Dia
26 em vez de 25
- Fotografando
as palavras de outros sobre
o excerto
[…]
Quase
invisível na penumbra, com o divino filho ao colo, a Mãe de Deus
parecia sorrir-lhe.
-
Boas Festas! - desejou-lhe então, a sorrir também.
Contente
daquela palavra que lhe saíra da boca sem saber como, voltou-se e
deu com o andor da procissão arrumado a um canto. E teve outra
ideia. Era um abuso, evidentemente, mas paciência. Lá morrer de
frio, isso vírgula! Ia escavacar o arcanho. Olarila! Na altura da
romaria que arranjassem um novo.
Daí
a pouco, envolvido pela negrura da noite, o coberto, não desfazendo,
desafiava qualquer lareira afortunada. A madeira seca do palanquim
ardia que regalava; só de se cheirar o naco de presunto que recebera
em Carvas, crescia água na boca; que mais faltava?
Enxuto
e quente, o Garrinchas dispôs-se então a cear. Tirou a navalha do
bolso, cortou um pedaço de broa e uma fatia de febra, e sentou-se.
Mas antes da primeira bocada, a alma deu-lhe um rebate e, por
descargo de consciência, ergueu-se e chegou-se à entrada da capela.
O clarão do lume batia em cheio na talha dourada e enchia depois a
casa toda.
-
É servida?
A Santa pareceu sorrir-lhe outra vez e o Menino também. E o Garrinchas, diante daquele acolhimento cada vez mais cordial, não esteve com meias medidas: entrou, dirigiu-se ao altar, pegou na imagem e trouxe-a para junto da fogueira.
- Consoamos aqui os três – disse com a pureza e a ironia dum patriarca. - A Senhora faz de quem é; o pequeno a mesma coisa; e eu, embora indigno, faço de S. José.
A Santa pareceu sorrir-lhe outra vez e o Menino também. E o Garrinchas, diante daquele acolhimento cada vez mais cordial, não esteve com meias medidas: entrou, dirigiu-se ao altar, pegou na imagem e trouxe-a para junto da fogueira.
- Consoamos aqui os três – disse com a pureza e a ironia dum patriarca. - A Senhora faz de quem é; o pequeno a mesma coisa; e eu, embora indigno, faço de S. José.
Miguel
Torga, "Novos Contos da Montanha"
O DESAFIO DE HOJE
Dia
27
- Fotografando
as palavras de outros
sobre o excerto:
"Queria
de ti um país de bondade e de bruma
queria
de ti o mar de uma rosa de espuma." Mário Cesariny, Manual de Prestidigitação (retirado de PoeMário Cesariny, 2010, Assírio & Alvim)
7. Mena M.
6. M.
quarta-feira, novembro 19, 2014
AGENDA PARA NOVEMBRO DE 2014
Dia
27
- Fotografando
as palavras de outros
sobre o excerto:
"Queria
de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma."
queria de ti o mar de uma rosa de espuma."
Mário
Cesariny, Manual
de Prestidigitação
(retirado de PoeMário
Cesariny,
2010, Assírio & Alvim)
O DESAFIO DE HOJE
9. Zambujal
O
que vejo, o que o meu olhar me dá, é uma “instalação”
colocada, como “obra de arte”, num espaço de edifício de linhas
clássicas que não identifico, quiçá a Assembleia da República.
Por aqui me fico, bastando-me para adiantar mais umas palavras em
talvez abusiva leitura da “instalação” como sendo votos numa
urna (na acepção que se quiser desta palavra) ou como o prémio que
a mão de uma criança irá retirar com o papel que o indicará ou
que designará o feliz contemplado.
Sei
lá… Travo a imaginação porque estas palavras já devem chegar
para me levarem ao nosso convívio semanal que tanto prezo.
Zambujal
8. Teresa Silva
Os
dois hemisférios da Terra. O do Sul, quente, ligado à terra, denso,
violento mas mais verdadeiro; o do Norte, frio, volátil nas suas
relações, mais dissimulado (com véus) na sua violência.. Com
pontos de ligação, sempre, no equador, nos trópicos, nos
meridianos, nas diversas linhas imaginárias em que a Terra está
dividida.
Teresa
Silva
7. Rocha/Desenhamento
Com
as palavras dentro do olhar
As
palavras (percepções) começam, neste caso, a formar-se dentro
do olhar.O
problema não é o olhar, sensação do visível. O retrato
das
coisas começa efectivamente assim e chegamos a não perceber o que
olhamos, na fonte de uma geometria improvável. O que está dentro do
olhar, agora, parece a rudimentar representação tridimensional do
mundo - cabeça redonda, marcada em tons de terra por feições de
menino, um chapéu de rede, colado ao resto dessa cabeça. Ver assim
pode ser reinventar o que se olha. Mas a memória e a capacidade
cultural podem corrigir tudo para o domínio da obra de arte,
escultura de instalação, uma hipótese da modernidade plural.
Rocha
de Sousa
6. M.
Pudesse
o mundo ser aliviado das suas dores com uma simples gaze balsâmica
pousada sobre as feridas do desamor.
M
5. Luisa
Cola,
pedaços de adesivo, rede protectora, por quantos anos ainda a terra
sobreviverá?
Luisa
4. Licínia
Difícil
dissertar sobre a foto. Sugere-me o nosso planeta, no seu eixo
inclinado, metade luz, metade sombra, gasto e remendado. Estranha
aquela calote de rede a sugerir-me a “net”, a abarcar meio mundo.
Ou o nosso mundo, de equilíbrio instável, de contradições,
destruindo-se e reconstruindo-se. Fico muito curiosa por descobrir o
sentido da obra, o pensamento do autor. É essa a função da arte,
afinal: provocar-nos interrogações, dúvidas.
Licínia
3. Justine
Gosto
do inusitado conjunto: a escultura moderna, inesperada, como um
meteorito vindo do futuro; o edifício, diria oitocentista, de lajes
silenciosas e azulejos contadores de histórias passadas; e a um
canto, a pequena mancha verde de uma planta, a sugerir vida presente.
Justine
2. Bettips
Deste
mundo e do outro, sempre encontramos as redes, as ferrugens, as
placas do impenetrável, no meio de algumas-poucas ilhas de luz.
A essência e a ciência de viver estará em imaginar que esta é unicamente a representação do fim do caminho. Porque entretanto e na caminhada há tudo o que de belo nos dá a Natureza e a bondade do Homem.
A essência e a ciência de viver estará em imaginar que esta é unicamente a representação do fim do caminho. Porque entretanto e na caminhada há tudo o que de belo nos dá a Natureza e a bondade do Homem.
Bettips
1. Agrades
A
bola, dividida em dois hemisférios, um remendado e outro pouco
transparente, é o mundo, o nosso mundo...
Agrades
quinta-feira, novembro 13, 2014
O DESAFIO DE HOJE
Dia
13 - Reticências
com
a frase "E
depois do adeus..."
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
10. Zambujal
8. Rocha/Desenhamento
...e depois do adeus, os últimos sobreviventes, cada vez mais escassos, encaminharam-se para sul, sem bússola nem mantimentos. Eram grupos cinzentos na paisagem de todas as distâncias. Nos primeiros dias dormiram, no acaso das concavidades do terreno, com algum conforto. As velhas tendas ainda prestavam esse serviço ou os sacos-cama de tons desbotados.
Após marchas sem fim, enterrando os mortos que marcariam o horror daquele êxodo, vinte ou trinta pessoas avistaram Korys, grande metrópole que atraíra sempre povos longínquos, dedicando às indústrias da reciclagem todo o seu poder.
Os sobreviventes tentaram explorar as propriedades ainda visíveis naquele monstro de torres que se desfaziam na alta e espessa atmosfera. O último par de binóculos, nas mãos dos homens mais velhos e mais sábios, permitiram escrutinar aquele mundo e verificar que ali já não havia vida há muito, muito tempo.
Rocha de Sousa
Após marchas sem fim, enterrando os mortos que marcariam o horror daquele êxodo, vinte ou trinta pessoas avistaram Korys, grande metrópole que atraíra sempre povos longínquos, dedicando às indústrias da reciclagem todo o seu poder.
Os sobreviventes tentaram explorar as propriedades ainda visíveis naquele monstro de torres que se desfaziam na alta e espessa atmosfera. O último par de binóculos, nas mãos dos homens mais velhos e mais sábios, permitiram escrutinar aquele mundo e verificar que ali já não havia vida há muito, muito tempo.
6. M.
E depois do adeus... Terríveis alguns, separados para sempre os gestos que os exprimem, o olhar, a palavra, o silêncio, o sorriso, a lágrima que se guarda dentro da tristeza. São tantos os que se vão dizendo ao longo da vida e deixam perdidos o pensamento e o coração, confuso o traço do caminho, desbotada a cor da sobrevivência.
M
4. Licínia
3. Justine
E depois do adeus… foi mais do que uma canção. Foi a senha, foi o sinal. Foi o anúncio da “…madrugada que eu esperava / o dia inicial inteiro e limpo…”. Seguiu-se a fulguração do quase-futuro. Fulguração intensa e breve. Hoje, quase todos os dias, percorre-me um arrepio de indignação, de raiva, às vezes de tristeza. Hoje é a espera, é o silêncio de coisas que hão-de vir.
- em itálico: excerto do poema 25 Abril, de Sophia de Mello Breyner Andresen
(foto alterada de um cartaz do 25 Abril da autoria de José Santa-Bárbara)
Justine
2. Bettips
E depois do adeus... frase que sempre me traz a memória festiva do 25 de Abril de 1974. A madrugada de que falava Sophia.
Do que tanto foi dito, do tanto por dizer: deixo apenas uma lembrança a quem sentiu enorme esperança e júbilo com esse dia. Uma homenagem a Salgueiro Maia.
Porque os portugueses têm esta tendência de “se fazerem esquecidos” dos homens e mulheres mais puros deste país. Assim sua simples morada em Castelo de Vide com uma placa envelhecida e à venda, deteriorada, esquecida.
Ah... e não me digam que... a não ser que tivesse sido recuperada, numa dessas iniciativas de Verão onde abundam as novas ideologias absolutas e da rebaldaria institucionalizada.
Bettips
Do que tanto foi dito, do tanto por dizer: deixo apenas uma lembrança a quem sentiu enorme esperança e júbilo com esse dia. Uma homenagem a Salgueiro Maia.
Porque os portugueses têm esta tendência de “se fazerem esquecidos” dos homens e mulheres mais puros deste país. Assim sua simples morada em Castelo de Vide com uma placa envelhecida e à venda, deteriorada, esquecida.
Ah... e não me digam que... a não ser que tivesse sido recuperada, numa dessas iniciativas de Verão onde abundam as novas ideologias absolutas e da rebaldaria institucionalizada.
quinta-feira, novembro 06, 2014
AGENDA PARA NOVEMBRO DE 2014 (Proposta da Bettips)
Dia
13 - Reticências
com
a frase "E
depois do adeus..."
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
O DESAFIO DE HOJE (Proposta da Bettips)
Dia
6 -
Ao jeito de cartilha:
Proponho que usemos a sílaba "ti"
para formar as nossas palavras. O
texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
11. Zambujal
9. Rocha/Desenhamento
Tiritando
Tiritando a cada passo que dava, a velha senhora parecia anunciar a morte, Quando parou na vereda de lama, olhou em volta e viu as folhas e as pedras e o tronco da árvore frondosa. Retirou da bolsa o terço e foi até àqueles restos de algum palácio antigo onde se estendeu junto das pedras, pensando que nunca achara tão bom sítio para rezar.
Rocha de Sousa
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