Aquela casa era o encanto da menina. E também a sua inquietação. Imaginava os longos corredores vazios, onde poderia andar de triciclo com a irmã, em corridas sem paragem. Imaginava os muitos quartos, onde, com os primos, jogaria às escondidas sem nunca ser encontrada. Mas havia também os sótãos, cheios de mistérios, de bichos e, quem sabe, também de alguns fantasmas. E pensar nisso fazia medo, até provocava pesadelos em algumas noites mais agitadas.
Mais tarde, a jovem mulher perguntava-se, ainda com uma curiosidade quase infantil, como seria possível manter organizada aquela infindável casa, quem seriam as pessoas que a habitavam e, acima de tudo, desejava, uma vez que fosse, acordar uma manhã naquele terraço virado à lagoa, em que bastava apenas virar o pescoço e tinha-se tudo: o mar, o morro, a povoação do outro lado e, ao longe, as duas ilhas.
Hoje, a idosa senhora cada vez mais recorda a sua infância e juventude e a casa misteriosa, como um ser vivo, continua a exercer um sortilégio que, crê ela, nunca se desvanecerá.
Aquela casa foi o romance da sua vida…
Justine
5 comentários:
Há casas que despertam em nós essa imaginação. Casas com magia.
Pareceste-me Klimt e o quadro "As três idades da vida" na tua descrição!
Um palácio de fadas, uma coisa de sonhar...
Gostei muito!
Foz do Arelho?
Uma casa mágica
Teresa Silva
É a casa dos Viscondes de Almeida Araújo na Foz do Arelho?
É sim, Teresa e Luísa.
Enviar um comentário