Ao lusco fusco do dia 13, com o carro a flutuar numa estrada infinita, incendiada por uma luz solar avinhada, quase violeta na sua aparente queda no abismo para lá da Terra, o choque de vários carros em cadeia transformou tudo numa explosão entre estrondos e gritos. Parámos a vinte metros de um
carro aberto e rasgado pelas roseiras. Só depois do nosso longo desmaio pudemos ver de novo esse carro, destroçado e vazio, iluminado por um tom quente e frio, numa espécie de silêncio pós batalha, tudo ensurdecido, entre sons de agonia e sereias gritando a dor e a esperança.
Rocha de Sousa
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