quinta-feira, julho 30, 2020

AGENDA PARA AGOSTO DE 2020

Proposta de Luisa
Será talvez descabido propor o Fado como tema para este mês, visto o fado ser sobretudo música. Atendendo porém a que esta canção vive também da letra e ela nos levar a imaginar imagens, espero não ser do vosso desagrado editarem fotos sobre o que sentiram ao lerem os excertos abaixo.
Dá-se também o facto de estarmos a celebrar o centenário da Amália Rodrigues e, acima de tudo, o meu gosto pelo fado que herdei da minha Avó materna que mostro aqui numa foto muito gasta dos princípios do séc. XX em que ela (a segunda a contar da direita) toca guitarra com os seus irmãos na Quinta do Brandão em Alenquer.




Dia 6 - Fado Abandono - Amália Rodrigues
«Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar
Tão longe que o meu lamento
   Não te consegue alcançar
   ...»

David Mourão-Ferreira/Alain Oulman
Dia 13 - Fado do Castanheiro - Maria Teresa de Noronha
«No cimo daquele outeiro
Debruçado castanheiro
Geme de sede e fadiga
...»

João Augusto de Vasconcellos e Sá/Joaquim Campos Silva
  
Dia 20 - Senhora do Monte - Alfredo Marceneiro
«    «Naquela casa de esquina
Mora a Senhora do Monte
E a providência divina
Mora ali quase defronte
...»

Gabriel Oliveira/Alfredo Duarte
  
Dia 27 - Os lugares por onde andámos - João Ferreira-Rosa
«Os lugares por onde andámos
Não os esqueço, meu amor
Nem tudo quanto falámos
Quer seja alegria ou dor
...» 

Franklim Godinho/João Ferreira Rosa

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Jawaa
Dia 30 - Quando eu voltar
As palavras que escolhi para este mês retirei-as de excertos de poemas/prosas que aprecio, e delas direi algo mais em cada semana. Pedia assim que enviassem uma imagem a ilustrar as palavras do pequeno texto que vos ocorrer compor a partir desse início de frase proposta.
E o poema de onde a Jawaa retirou esta frase é:
Ah! quando eu voltar...
Hão-de as acácias rubras,
a sangrar
numa verbena sem fim,
florir só para mim!...
E o sol esplendoroso e quente,
o sol ardente,
há-de gritar na apoteose do poente,
o meu prazer sem lei...
A minha alegria enorme de poder
enfim dizer:
Voltei!...

Alda Lara

12. Zambujal

Quando eu voltar…
depois de todas as quarentenas,
que pátria minha vou encontrar?


                                                  (foto de Serendipando

os campos, campos, campos 
da arte de ser pobre alegremente?
         cruzados – em cruzada… – por cabos e fibras 
de uma dita economia dita digital ?! 
                       (palavras – e foto – de hoje
                                 a pensar no amanhã) 
                                                                                           Zambujal

11. Teresa Silva



Quando eu voltar ao mesmo sítio espero continuar a encontrá-lo deslumbrante.

Teresa Silva

10. Rocha/Desenhamento



Quando eu voltar terá passado muito tempo sobre as coisas más que me aconteceram. E chego e desconheço a luz parda, tenho medo daquela espécie de cão cego e do bicho alado que vem espreitar aquele cão máquina. Agora vou abrir todas as janelas e tomar consciência de que estou vivo. De súbito, reconheço tudo, à minha espera.

Rocha de Sousa

9. Mónica



Quando eu voltar a Catumbela irei à procura deste sobrado que me encantou quando lá estive em 2013, estará como na fotografia ou provavelmente mais carente de manutenção. Lancei o desafio a um amigo que está em Catumbela para o comprar, restaurar e transformá-lo num espaço que deixasse à vista o interesse histórico/arquitetónico do sobrado. Sonhos que se partilham entre amigos, claro, uma antecipação da procura do mercado imobiliário de edifícios “com história”, que não existe em Angola. Estas construções antigas ocupam a parte do meu cérebro que quer saber mais da história e da construção e preservá-la, e a parte do meu cérebro que sabe que não é sustentável dar outro destino ao sobrado. Porque é que haveria de pôr as famílias e os seus tarecos dali para fora e transformar aquilo num museu ou na sede de uma empresa ou num hotel de charme ou qualquer outra coisa que esteja na moda em Angola? A reabilitação deveria respeitar os materiais e métodos de construção da época ou seria com os novos materiais e técnicas muito mais resistentes? O sobrado transformou-se na habitação de muitas famílias, seguiu o percurso da história, porque haveria de impingir ao sobrado o meu “ interesse” histórico/arquitetónico?
Mónica

8. Mena M.



Quando eu voltar desta viagem ao meu lado mais nublado, esperar-me-á um sol radioso. 
Mena

7. Margarida



Quando eu voltar à terra dos infantes, serei a tua lua próxima.
  O reflexo da minha incandescência pura, o espelho da pele.
                      No espelho da tua pele!

Margarida

6. M.



Quando eu voltar logo vejo se o pé do candeeiro continua um pouco inclinado e em risco de cair ou se o problema está nos meus olhos. Entretanto, deixo o fio de prumo pendurado ao seu lado, talvez a companhia o ajude a recompor-se do cansaço que é permanecer em pé anos e anos a fio, sempre pronto a iluminar quem se senta perto dele. Pelo menos têm em comum a palavra fio, um bom pretexto para início de conversa entre os dois, a quebrar o frio metálico existente.
M

5. Luisa



Quando eu voltar da prisão em que me encerraram, vou a correr mergulhar no mar. 
Luisa

4. Licínia



Quando eu voltar a África, lá estarão à minha espera suas cores de carne e terra, seus cheiros de animais a acordar, seus espaços maiores que o meu olhar, seus ritmos alucinantes, suas trovoadas em coreografias medonhas e fascinantes, seus poentes súbitos e apoteóticos. Quando eu voltar a África, hei-de lembrar Malangatana, Craveirinha, Luandino, Pepetela, Alda Lara, Elsa Noronha e tantos outros que me ensinaram África, terra onde nunca estive.
Licínia

3. Justine



Quando eu voltar àquele lugar inóspito e tão belo, quero de novo encontrar as pessoas que fizeram frente à calamidade sem baixarem a cabeça, que não desistiram de reconstruir as suas casas engolidas pela lava, que mais uma vez plantaram as vinhas queimadas pelo vulcão, que fizeram as suas vidas renascer das cinzas. Pessoas inteiras, duras, determinadas, serenas, exemplares, comoventes.
Justine

2. Bettips



Quando eu voltar... serei uma pedra, uma gota, uma erva, uma nuvem, uma estrela perdida no fim da noite. Mas serei eu, o meu olhar e sentimento, sempre junto do mar. Como Sophia o exprimiu tão bem.

Bettips

1. Agrades



Quando eu voltar, espero que os meus filhos se tenham portado bem! Adeus, até já! 
Agrades

sexta-feira, julho 24, 2020

11. Zambujal (HOUVE UMA RAZÃO FORTE PARA SÓ HOJE SER PUBLICADO)

A coisa mais bonita 

Pode ser um gesto, uma palavra, um sorriso, um desenho
A invenção do amor
A descoberta da amizade
é o ser humano descobrir-se nos outros,
inventar-se nas coisas entre que nasceu e vive,
saber que, por mais que saiba, pouco sabe,
perceber o hoje porque não se esqueceu o ontem
Ver-se no espelho e reconhecer-se

A coisa mais bonita…
pode ser…

Zambujal

quinta-feira, julho 23, 2020

AGENDA PARA JULHO DE 2020

Proposta de Jawaa
Dia 30 - Quando eu voltar
As palavras que escolhi para este mês retirei-as de excertos de poemas/prosas que aprecio, e delas direi algo mais em cada semana. Pedia assim que enviassem uma imagem a ilustrar as palavras do pequeno texto que vos ocorrer compor a partir desse início de frase proposta.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Jawaa
Dia 23 - A coisa mais bonita
As palavras que escolhi para este mês retirei-as de excertos de poemas/prosas que aprecio, e delas direi algo mais em cada semana. Pedia assim que enviassem uma imagem a ilustrar as palavras do pequeno texto que vos ocorrer compor a partir desse início de frase proposta.

E o texto de onde a Jawaa retirou a frase acima é:
«A coisa mais bonita que vi até hoje não foi um quadro, nem um monumento, nem uma cidade, nem uma mulher, nem a pastorinha de biscuit da minha avó Eva quando era pequeno, nem o mar, nem o terceiro minuto da aurora de que os poetas falam: a coisa mais bonita que vi até hoje eram vinte mil hectares de girassol na Baixa do Cassange, em Angola.
...»

António Lobo Antunes

(Crónica para ser lida com acompanhamento de kissange, Segundo Livro de Crónicas, Dom Quixote)

10. Teresa Silva



A coisa mais bonita é de difícil escolha, pode ser qualquer imagem. Escolhi uma foto da que considero a cidade mais bonita de Portugal. 
Teresa Silva

9. Rocha/Desenhamento


O que é mais bonito, seja de onde for que venha, está sobretudo dentro de nós, amadurece no imaginário, liberta-se para os ollhos, crava-se na retina e atravessa o cérebro para ganhar um nome competente: as mãos enlaçadas, de escalas diferentes e apertadas, porventura meio laças, são a sinalização da comunidade humana afirmando amor e crescimento.

ROCHA de SOUSA

8. Mena M.



A coisa mais bonita que vi hoje no Oceanário de Lisboa, onde estive a festejar o 2° aniversário do meu sobrinho-neto Francisco, foi este dragão marinho. Fascinou-me não só a sua beleza natural e a sua capacidade de se camuflar, mas também me identifiquei com ele, pois sou, no signo chinês, um dragão de água. 
Mena

7. Margarida



A coisa mais bonita nem sempre se vê.
Pressentindo a minha aproximação, as plantinhas gotejaram.
E entre a minha emoção e o seu imediato abandono, sorriram. 
Margarida

6. M.



A coisa mais bonita não sei qual será, existem tantas que me encantam. Depende do que sinto em cada momento. Como neste caso, por exemplo, em que achei lindo ver o mundo de pernas para o ar e ligeiramente enevoado. Ajudou-me a esquecer o outro que nos atormenta e prende os passos. 
M

5. Luisa



A coisa mais bonita que podemos encontrar na Região do Oeste é com certeza a Vila de Alenquer.
Luisa

4. Licínia



A coisa mais bonita não será, mas uma das mais atraentes que fixei em foto numa visita ao palácio da Ajuda: Esta escultura de Amor e Psyche, o mito do amor de Corpo e Alma eternamente perseguido. 
Licínia

3. Justine



A coisa mais bonita… para mim? Pois depende do dia, da disposição, da companhia! Tanto pode ser a elegância de um gato a espreguiçar-se, a perfeição de uma rosa a abrir, a emoção provocada por um trecho musical ou uma pintura ou um filme ou um livro, ou apenas o sortilégio do olhar curioso, interrogativo e sério de uma criança. A coisa mais bonita? Depende do dia, da disposição, da companhia! 
Justine

2. Bettips



A coisa mais bonita que poderia haver seria embarcarmos todos (oh homens de boa vontade) numa viagem de muitas cores e raças, de entreajuda e alegria, num barco grande que fosse o nosso Mundo. "All lives matter". Alegorias minhas para este tempo tão perigoso que vivemos. 
Bettips

1. Agrades



A coisa mais bonita ontem, hoje é lixo ou recordação. 
Agrades

quinta-feira, julho 16, 2020

AGENDA PARA JULHO DE 2020

Proposta de Jawaa
Dia 23 - A coisa mais bonita
As palavras que escolhi para este mês retirei-as de excertos de poemas/prosas que aprecio, e delas direi algo mais em cada semana. Pedia assim que enviassem uma imagem a ilustrar as palavras do pequeno texto que vos ocorrer compor a partir desse início de frase proposta.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Jawaa
Dia 16 - Creio nos deuses 
As palavras que escolhi para este mês retirei-as de excertos de poemas/prosas que aprecio, e delas direi algo mais em cada semana. Pedia assim que enviassem uma imagem a ilustrar as palavras do pequeno texto que vos ocorrer compor a partir desse início de frase proposta.
E o soneto de onde a Jawaa retirou a frase que nos propôs para o desafio desta semana é este:
CREDO

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
creio na deusa com olhos de diamantes,
creio em amores lunares com piano ao fundo,
creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;

creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes dissonantes,
creio que tudo é eterno num segundo,
creio num céu futuro que houve dantes,

creio nos deuses de um astral mais puro,
na flor humilde que se encosta ao muro,
creio na carne que enfeitiça o além,

creio no incrível, nas coisas assombrosas,
na ocupação do mundo pelas rosas,
creio que o amor tem asas de ouro. Amém.

Natália Correia

11. Zambujal

Creio nos deuses...
de um astral mais puro...

De muitos credos foste, Natália!
e nem todos teriam coexistido em paz
também ateia terás sido, que outro credo é




na luta pela Paz nos encontrámos (e não só)     

Zambujal

10. Teresa Silva



Creio nos deuses, como quase toda a humanidade desde os tempos mais remotos. 
Teresa Silva

9. Rocha/Desenhamento



CREIO NOS DEUSES, decisão afirmada e crença mais curta das outras, há mais de cem mil anos agarrada pelos primeiros humanos, desde a junção de formas contrárias e silenciosas numa fresta entre dois declives. Coisas estranhas e assim inertes foram convertidas no monte de Zeus, engaladas por festins visuais e acusadas de espalharem o bem e o mal. Crer em Deus é inventar quase tudo. 

ROCHA de SOUSA

8. Mónica



Creio nos deuses que abençoam o rapaz que faz estas figuras com pedaços de lixo, desta vez um galo posto numa parede em Beja, em Beja? Porquê em Beja? O galináceo não devia estar em Barcelos? Os deuses a baralharem as minhas ideias feitas. 
Mónica

7. Margarida



Creio nos Deuses que pincelam beldades e nos Elfos que decidem os tons.
E creio nas Ninfas que perante eles se esboçam e que neles se enlaçam. 
Margarida

6. M.



Creio nos deuses, pensará ele, o lagarto, quando trepa o muro em direcção ao céu azul. Bem, partindo eu da ideia de que os deuses é ali que habitam. Pelo menos assim pensam os humanos neste inferno terreno que por vezes a vida é. 
M

5. Luisa



Creio nos deuses transformados em homens e mulheres que tanto têm lutado para que os rios beijem as terras por onde passam e continuem a chegar ao mar sempre azuis. 
Luisa

4. Licínia



Creio nos deuses que me dizem:
Morres todos os dias.
Nas bermas dos caminhos velhos,
no papel manchado das cartas,
no mofo das gavetas,
no toque do abandono,
no que ainda não sabes,
no que já esqueceste,
na fuga do desejo,
no sabor perdido das amoras,
no odor perdido dos amores.
Morres e revives todos os dias.
Quando o galo canta ao longe,
quando chegam notícias de primaveras,
quando as dores amortecem,
quando um riso atravessa a planície,
quando sobes à árvore com os olhos,
só com os olhos,
e os frutos te adoçam a boca.
És isto,
um corpo vivo
a percorrer o domínio dos deuses,
implacáveis,
insensatos, brutais, amáveis, serenos,
misericordiosos.
Somos deuses mortais.
Como tu.

Licínia

3. Justine



Creio nos deuses que os homens inventaram para responderem às suas ignorâncias, para explicarem o seu desejo de imortalidade, para terem um espelho de si próprios e das suas fragilidades. 
Justine

2. Bettips



Creio nos deuses como o eterno desejo do Homem em sublimar a vida comum, os acontecimentos que ultrapassam a sua compreensão, e os hábitos. Uma procura do transcendente, explicando e justificando assim, crime e castigo, festa e desgraça, amor e ódio. 
Bettips

1. Agrades



Creio nos deuses castigadores. 
Agrades

quinta-feira, julho 09, 2020

AGENDA PARA JULHO DE 2020

Proposta de Jawaa
Dia 16 - Creio nos deuses

As palavras que escolhi para este mês retirei-as de excertos de poemas/prosas que aprecio, e delas direi algo mais em cada semana. Pedia assim que enviassem uma imagem a ilustrar as palavras do pequeno texto que vos ocorrer compor a partir desse início de frase proposta.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Jawaa
Dia 9 - Ignoro o que seja
As palavras que escolhi para este mês retirei-as de excertos de poemas/prosas que aprecio, e delas direi algo mais em cada semana. Pedia assim que enviassem uma imagem a ilustrar as palavras do pequeno texto que vos ocorrer compor a partir desse início de frase proposta.

E o poema completo enviado pela Jawaa é este: 
 
Ignoro o que seja a flor da água 
mas conheço o seu aroma:
depois das primeiras chuvas
sobe ao terraço
entra nu pela varanda,
o corpo inda molhado
procura o nosso corpo e começa a tremer:
então é como se na sua boca
um resto de imortalidade
nos fosse dado a beber,
e toda a música da terra,
toda a música do céu fosse nossa,
até ao fim do mundo
até amanhecer 

Eugénio de Andrade

11. Zambujal

IGNORO O QUE SEJA
ter fome, 
sofrer frio, 
ser só eu e não humano! 
que seja meu (ou teu) 
o que é nosso, de todos. 
não quero ignorar 
ou calar (que é o mesmo…). 

para mim, quero o perfume, 
o sabor das coisas, 
o calor do outro-que-sou-eu
o amor-meu que és tu 

Zambujal

10. Rocha/Desenhamento



Há diferenças entre olhar e ver. Ver acede ao mundo de uma realidade. Ver estes papéis é conhecê-los. Olhar desliza pela imagem mas não habilita a consciência a entrar, de todo, no modo da terceira dimensão. 
Rocha de Sousa

9. Mónica



Ignoro o que seja a peça, conheço-a de vista: instalada no passeio da minha rua, nunca vi pessoa ou coisa que dali viesse ou usasse, um cabo, uma luz, um anúncio, um técnico de reparações, nada, só cada vez mais suja. Uma coisa é certa, Eugénio, tenho a certeza que não é uma flor da água. 
Mónica

8. Mena M.



Ignoro o que seja que leva alguém a pôr uma boneca do tamanho de uma criança à varanda de sua casa. Quando olhei de longe, pensei no perigo que podia estar a correr a menina, já mais perto fotografei aquele ser de plástico que me sorria feliz e sem o menor sinal de estar incomodada pelo sol, que fora ela de carne e osso, a estaria a queimar. 
Mena

7. Margarida



                   Ignoro o que seja este ser 
                      Se ave, vento ou mar.
                   Estranho que sempre o veja
                      Como a luz no meu luar
Margarida

6. M.



Ignoro o que seja viver numa casa isolada à beira de um caminho de terra batida onde ninguém passa e com uma única árvore no cimo do monte. Admito que em certos momentos possa ser agradável mas que sei eu, apenas imagino, quem lá mora faz caixinha e nunca me falou do canto dos pássaros. 
M

5. Luisa



Ignoro (ou ignorava) o que seja (ou seria) um verão sem mar. 
Luisa

4. Licínia



“Ignoro o que seja a flor da água” afirma Eugénio de Andrade. No dizer dos cientistas, água é H2O. Dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio, bem juntinhos, nas condições ideais de pressão e temperatura. Sem mistérios. Mas os poetas, esses seres que se dedicam a complicar tudo o que é simples, perguntam o que é a água. Olham-na, molham nela as palavras para que escorram pelos poemas. Mergulham até ao fundo dos lagos sem precisarem de deixar as margens. Bebem a chuva sem mexer os lábios. Cumprimentam as estrelas espelhadas nos charcos. Muitas vezes, ficam com os olhos rasos da água que não conhecem. 
Licínia
(Mãe d’Água, Amoreiras)

3. Justine



Ignoro o que seja mais agradável: se ficar em casa a ler um bom livro ao som do sax do Coltrane, ou passear pela praia ao fim da tarde saboreando a brisa com cheiro a maresia! 
Justine

2. Bettips



Ignoro o que seja mas calculo ser um belo petisco para a aranha que fiquei a observar uns minutos! 
Bettips

1. Agrades



Ignoro o que seja o futuro. 
Agrades

quarta-feira, julho 01, 2020

AGENDA PARA JULHO DE 2020

Proposta de Jawaa
Dia 9 - Ignoro o que seja
As palavras que escolhi para este mês retirei-as de excertos de poemas/prosas que aprecio, e delas direi algo mais em cada semana. Pedia assim que enviassem uma imagem a ilustrar as palavras do pequeno texto que vos ocorrer compor a partir desse início de frase proposta.

O DESAFIO DE HOJE

Proposta de Jawaa
Dia 2- Há uma Primavera
As palavras que escolhi para este mês retirei-as de excertos de poemas/prosas que aprecio, e delas direi algo mais em cada semana. Pedia assim que enviassem uma imagem a ilustrar as palavras do pequeno texto que vos ocorrer compor a partir desse início de frase proposta.

E o poema completo de onde a Jawaa retirou a frase que nos propôs é este:

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca in Charneca em Flor

12. Zambujal

               HÁ UMA PRIMAVERA



Há uma primavera em todos os calendários, medida do tempo
inventada pelo homem (e pela mulher pois foi o ser humano).
Nos calendários deste ano de 2020, está lá afixada a primavera:
de 21 Março a 21 de Junho! Com Abril e Maio meses cheios.
Mas nem demos por ela, a não ser em fotos de anos passados.
Valha-nos o verão. Lá p’ra Setembro. Depois de Julho e Agosto. Veremos…
Zambujal

11. Teresa Silva



Há uma Primavera verdejante. Tudo renasce, flores, árvores, campos. Mas mal começa o calor, tudo seca, tudo muda de cor. 
Teresa Silva

10. Rocha/Desenhamento



A Terra com flores. Tudo em medida e há quem não goste. Flor bela com a luz da manhã para nos amarmos, da flor, em perfume ao odor da pele, os olhos cheios a contar cada pétala entre dedos curvados ou a espalmar o tempo por dentro do corpo. 
Rocha de Sousa

9. Mónica



Há uma Primavera por cada flor que nasce, aqui está a primeira flor do ano do meu vaso, chegou mesmo a tempo para o desafio, no primeiro dia de Julho. 
Mónica