quarta-feira, dezembro 30, 2020

11. Zambujal


1.000 

Comecei por escrever: mil já foi muito… e, como é meu hábito quando o assunto é números, fui à estante folhear um livrinho da Cosmos. Para ganhar balanço. E se ganhei!…

Lá está, a páginas 11:

“(…) Há tribos da África Central que não conhecem os números além de 5 ou 6(‘): há outras que vão até 10.000.

(…)

(‘) - Estão, assim, próximas das crianças nos primeiros anos de vida: para elas, tudo quanto passar além de 4 é muito.

(Conceitos fundamentais da Matemática, Biblioteca Cosmos-3, B.J.Caraça, 1941)

Para o ser humano, no início das suas descobertas, mais do que 3 ou 4 é muito. Para a Humanidade, 1.000 já foi muito. Lembramos que uma nota de 1.000 escudos era um conto, e era muito. Um conto de mal reis… como por aqui se dizia.

Hoje – e não passou tanto tempo assim – esses 1.000 escudos têm como equivalência 5 euros… essa notita que apenas serve para trocos e está condenada a desaparecer. Como as moedas de 2 e 1 euros, e de 50, 20, 10 e 5 cêntimos que terão o mesmo fim das de 2 e 1 cêntimos. 


Agora, 1.000 é pouco! Só se fala em milhões, em milhares de milhões, que uns já dizem ser biliões, medida que outros reservam para os milhões de milhões… e por aí acima.

No entanto… “há tribos da África Central que…” ainda estão como em 1941, que já foi há algum tempo.

Dá a ideia que a Humanidade perdeu o controlo da dimensão, da medida das coisas (e de si, o que é muito mais grave!), e quer avançar pela digitalização, esquecida que digitalizar tem a origem em contar pelos dedos, que são só 10 ou, vá lá, 20 com os dos pés, que nada contam desde que nos pusemos, humanos, na vertical. Com cabeça nas nuvens!

                                                                                      Zambujal

5 comentários:

Mónica disse...

É a vida :)) que sem números nós ocidentais não sabemos viver. Venham para ti mil números redondinhos, bonitos e certinhos no próximo ano

bettips disse...

Num repente lembrei-me do Napoleão na Batalha das Pirâmides, 1798: "40 séculos nos contemplam". Isso dos números é tão relativo e dás-nos uma medida tão ampla com esta tua divagação! E ainda temos a numeração romana...
Fui sempre um zero a Matemática e, nas tecnologias, só o que me dá jeito.
Mil venturas para aí.
B

Justine disse...

Uma boa lição que valeu mil!

Anónimo disse...

Os tais 1, 2, 3, 4 já não são nada. Agora só se fala em biliões nas transacções mais comuns.
Luisa

M. disse...

As diferenças dos mundos no mundo. Gostei. Boa reflexão.