6. M.

O 2 entre os seus pares

Gosto muito das formas harmoniosas do número 2. Lembra-me um cisne. Desliza entre números diversos com o equilíbrio próprio do que é ser par, treina na tabuada com algarismos solitários, conhece todos os sinais que lhe permitem lidar com operações aritméticas, multiplica, divide, adiciona, subtrai, iguala. Já deu conta (pois pudera, está-lhe nos genes) que há quem prefere desenhá-lo com letras, mas não se importa nada com isso, desde que a sua presença se mantenha visível. Em certos casos até se sente honrado por aparecer assim nomeado em títulos de livros ou de filmes, como Duas Horas na Vida de Uma Mulher, por exemplo. Embora o título original escolhido por Agnès Varda tenha sido Cléo de 5 à 7, a sua identidade não fica posta em causa na tradução para português (louvável, conhecemos traduções absurdas em que o sentido foi completamente alterado, desvirtuando o cerne das obras). Neste caso, é apenas uma questão de apreensão mais rápida pelo leitor daquilo que o número representa, não exige contas, nem de cabeça nem pelos dedos. A quantidade que lhe é inerente está lá sempre, de uma forma ou de outra. Aliás, agrada-lhe a convivência mais alargada com letras que lhe permitam presença constante noutros universos, estou a pensar no das comunicações, por exemplo. O nome RTP 2 é uma boa escolha para esse convívio entre pares. Quanto a percentagens de visualizações pelo público é que não sei o que o 2 pensa, mas sendo a aritmética a sua área de conhecimento, certamente saberá lidar bem com a situação.

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