quarta-feira, dezembro 30, 2020

6. M.

O Número 1000

Há anos atrás, numa ida à Baixa de Lisboa por alturas do Natal, entrei na Confeitaria Nacional para beber um chocolate quente e comer uma fatia de bolo rei. Enquanto esperava que me atendessem, entretive-me a observar o ambiente. Reparei no casal que se levantava da mesa ao canto da sala, ela com um livro grosso na mão, ele em manobras de equilíbrios a guardar o computador na mochila. Para trás deixavam as migalhas de um encontro que não sei se foi breve, se doce, se amargo, se uma rotina. E dei comigo a pensar se teriam comido o bolo mil folhas, uma das especialidades desta pastelaria, e quantas páginas teria o tal livro grosso, se pesadas se leves eram as suas estórias. Quanto ao computador, tenho a certeza que ali não existem dúvidas quanto a quantidades, este número 1000 de 4 algarismos é completamente ultrapassado em matéria de ligações. A respeito da veracidade do que lá encontramos é que não sei se é de confiar completamente.

M

https://confeitarianacional.com/

4 comentários:

Mónica disse...

Deixaram 1000 migalhas :)))
Belo texto, tudo ligado e a propósito, matemática pura e bonita. Dá-nos outros mil textos no próximo ano, mil vezes obrigada por cuidares do PPP

Justine disse...

Concordo com a Mónica, o teu texto é excelente, e reitero os seus votos!!

bettips disse...

Um efeito, com efeito, essas palavras no correr do pensamento! Mil e uma folhas se passam todos os dias. De confiança? nunca o saberemos.
E migalhas ficam de encontros adiados.

Anónimo disse...

Deve ter dado tanto trabalho acartar com o livro grosso e com o computador que não sei se mereceu a pena comer o tal mil folhas
Luisa