quarta-feira, dezembro 22, 2021

6. M.

Gosto muito de ovelhas. Acho-as afectuosas, macias, não só por causa do pêlo que lhes cobre o corpo como pela maneira pacífica como se aproximam de nós, parecendo querer questionar-nos. Talvez uma certa curiosidade as leve a afastar-se do rebanho, nem que seja apenas um afastamento temporário. Mas sei lá eu o que vai na cabeça delas! O que sei é que todas terão uma história de vida e algumas são inspiradoras de fabricantes de peluches e de histórias para crianças, chegando a fazer parte das famílias. Saltam de dentro das páginas de livros ou de filmes e passam de colo em colo até que alguém as instala nos lugares mais improváveis. Exactamente como aconteceu a esta simpática ovelha da fotografia, de imediato mimada mal chegou àquela casa em jantar de aniversário. O que não impediu, no entanto, observações de certos convidados indignados com a presença de um animal à solta em cima da mesa. Que desaforo! Se já se viu uma coisa destas! Que falta de higiene! Este mundo está choné! Mas a ovelha pouco entendeu do discurso. Reconheceu apenas a palavra choné e sentiu-se lisonjeada por, estando ali há tão pouco tempo, as pessoas saberem que se chamava Ovelha Choné.

M

1 comentário:

Justine disse...

O teu encantador texto a fazer jus à simpática Ovelha Choné!