quarta-feira, maio 06, 2020

10. Mena M.



Umas das alegrias do meu amanhecer no verão, é saltar da cama cedinho e ir dar o meu passeio matinal à praia. Gosto de pisar a areia arada, bordada a ponto-de pé-de gaivota e nela deixar também o rasto dos meus passos. 
Mena

9. Margarida



As alegrias do meu amanhecer eram brancas e frias, mas reconfortantes.
Um friozinho cortante que congelava a ponta do nariz mas não fazia mal, era bom.
Deslizávamos na neve, os quatro, com um plástico ou uma pá, até ao sopé daquele pequeno montículo, acumulado durante a noite, naquele quintal britânico.
Lembro-me dos flocos que caíam, leves e ténues, no lago quase-congelado a caminho da escola. Quase tão branco como os cisnes que por lá nadavam, impávidos e felizes.
Agora, na minha burra, subi na vida. As alegrias do meu amanhecer são mais adultas, mais difusas, menos concretas mas nem por isso mais quentes.
Margarida

8. M.



Amanhecer é palavra luminosa. Supõe desejo. Desejo de mudança, de abandono do que se não quer mais, ou de continuidade, de concretização de pensamentos felizes. Amanhecer é uma palavra linda e é movimento, é o despertar da Natureza e o nosso de seres humanos inseridos nesse ritmo natural a que pertencemos. É abrir os olhos devagarinho e esperar que se habituem à luz, é mandar o sono embora, é empurrá-lo para fora das horas que são outras, é levantar da cama e escancarar as janelas, é respirar frescura, é planear, é sonhar. Ah mas que fazer quando a Natureza fica lá fora e eu tolhida na triste repetição dos passos, sempre os mesmos, esbarrando em minutos lentos? Onde procurar alegrias para alimentar o meu amanhecer sem agenda de futuro? Tento encontrá-las nas pequenas coisas, na memória de momentos vividos entre amarelos e silêncios campestres, na lembrança de gestos afectuosos. Dentro deste saco, feito e oferecido como manifestação de boas vindas pela dona do pequeno hotel onde fiquei uma vez que visitei Serpa com amigos, guardo as molas da roupa. Gosto muito de sacos, têm a macieza das recordações dos lugares que me encantam. E neste sol em miniatura, que também pode ser uma flor, ponho a esperança de um dia voltar ao Alentejo.
M

7. Luisa



Como o meu amanhecer é sempre tardio, prefiro publicar a foto dum livro que fez as delícias da juventude da minha geração. 
Luisa

6. Licínia



Manhã

Sim também pertenço 
a esta claridade matinal 
suaves cortinados 
frescas névoas 
macia a cal na fímbria dos telhados 
restos de noite a deslizar nas ruas 
mornas as vozes 
esperança de sol na humidade das ervas 
vagas promessas de árvores futuras

Manhã se te pertenço
traz-me o dia
farei dele o meu rosto
o meu vestido branco
a flor do meu papel de fantasia
 
Licínia

5. Justine



Hoje acordei com o cheiro a pão quente. Um daqueles cheiros primordiais, telúricos, enriquecedores. O cheiro permaneceu dentro de mim, e dentro de mim se esboçou um sorriso: sei que é dia de R fazer pão no seu antiquado forno de lenha, sei que, como de costume, me será oferecido um desses pães ainda a deitar fumo, e que a oferta virá embrulhada num paninho de algodão branco, puído pelo tempo, mas onde ainda se consegue ler a inicial do nome de sua mãe, pertença de enxoval fora de moda.
Ah, a alegria das pequenas coisas! 

Justine

4. Jawaa



As alegrias do meu amanhecer começam nas madrugadas quentes, antes da noite parir o dia, num levíssimo pipilar de dor. Logo depois a luz se filtra pelo rendado das folhas em brilhos embalados pela brisa, pelo outro rendado que mãos hábeis teceram, penetra fundo nos meus olhos extasiados, nos meus ouvidos acordados pelo gemer duma rola ou soar de um cuco madrugador a contar os anos que tenho de vida; não já, como o cuco da Beira, a contar os anos que tenho de solteira! 
Jawaa

3. Isabel




As alegrias do meu amanhecer
Amanhecer é o começo. É a luz que regressa. O calor. O sol.
Amanhecer é a vida que recomeça em cada dia. 
Antigamente gostava da noite. Hoje não gosto. Gosto do amanhecer, gosto do dia, gosto da luz do sol. 
O meu amanhecer tem sempre um agradecimento a Deus, à Vida, por mais um dia. Mesmo (e principalmente) nos dias de rabugice.
Gosto de ver o sol aparecer nas minhas janelas e da luz quente que se vai espalhando. É uma luz tão bonita! 
Isabel

2. Bettips



Já fui por obrigação mas não sou, agora, pessoa de madrugadas, a menos que se me alterem os ritmos. Mas sou capaz de acordar por coisas boas, partidas, passeios, gente de quem gosto.
Bettips 
(Vista de madrugada, pelas 6h da manhã.)

1. Agrades



As alegrias do meu amanhecer

Pela primavera de há dois anos, proporcionou-se uma viagem a Almeida, para conhecer aquela fortaleza de rara arquitetura. Houve uma paragem na Guarda, a cidade dos Fs, e visita guiada à Catedral Salão. O caminho ainda era longo e logo continuámos a viagem para chegar comodamente ao destino. À chegada ao Hotel, depois das formalidades, jantar e conversas, fomos para os quartos para descansar e recuperar para o dia de visita propriamente dita.
Logo de manhãzinha espreitei pela janela do quarto para ver como estava o tempo e tive a grata surpresa de ver que, durante a noite, tinha nevado. Fui logo buscar a máquina fotográfica e registar aqueles momentos tão raros onde vivo e tão banais para quem está mais a norte. Foi uma alegria quase infantil aquele amanhecer em Almeida.

Agrades

quinta-feira, abril 30, 2020

AGENDA PARA MAIO DE 2020

Proposta de Justine
Provavelmente Alegria
(A vida não está para graças! O peso dos dias dobra-nos, sendo necessário ir inventando forças sabe-se lá onde, cada dia, todos os dias! Pensei então: e se passássemos um mês inteirinho a inventar alegrias? Não seria demais, pois não? E bem poupadinhas, até podia ser que durassem até ao fim do ano. Vamos então todos, durante Maio, à descoberta de alguma alegria!)
Gostaria que os vossos textos fossem acompanhados de fotografia

Dia 7 - As alegrias do meu amanhecer
Dia 14 - Se eu fosse ainda criança
Dia 21 - Os meus antónimos de alegria
Dia 28 - A Arte, fonte de alegria

O DESAFIO DE HOJE


Proposta de Isabel

Dia 30 – A foto apresenta uma parte de...

Não vale a pena republicar aqui a fotografia do mistério, a resposta está lá em baixo na Isabel.

13. Zambujal

A foto apresenta uma parte de… logo, logo, à primeira vista vi uma parte de um coronavirus… depois acalmei (e lembrei-me de uma anedota do meu tempo juvenil, em que uma professora primária chamou um pai para trocar impressões com ele sobre o filho, que dera uma resposta pouco conveniente sobre o que lhe lembraria um desenho que ela fizera, resposta reveladora de alguma obsessão do miúdo, e o pai – vendo o desenho – respondera “também a sôra professora faz cada desenho!...”).
Pois!..., depois acalmei, desconfinei-me e ao que me faz lembrar o que vejo, certamente virulado do avesso, e arrisco-me a achar que a foto apresenta uma parte de um vitral!

Zambujal

12. Teresa Silva

A foto apresenta uma parte de um vitral numa qualquer Igreja ou Capela.

Teresa Silva

11. Rocha/Desenhamento



Esta fotografia mostra um detalhe de um objecto... 
Rocha de Sousa

10. Mónica

A fotografia apresenta parte de um vitral que serve de abajur.

Mónica

9. Mena M.

A foto apresenta uma parte de um abajur.

Mena

8. Margarida

... 1 cristal de Murano...

Margarida

7. M.

Parte de uma caixa de tartaruga ou de um abat-jour de candeeiro.

M

6. Luisa

A fotografia da Isabel é para mim parte "do estofo surrado dum cadeirão muito usado".

Luisa