quinta-feira, maio 12, 2011
9. M.
Pareceu-me curioso de mim.
Deslizava sobre as águas do lago, tão bonito na sua plumagem de alvuras, o bico bem fechado guardando silêncios, o olho pequeno a espreitar-me por detrás das pedras luminosas a arderem na indolência da tarde. E eu ali em artes de malabarismo, a tentar segurá-lo dentro do visor da máquina fotográfica onde sorriam memórias vivas de cisnes moldados em espuma de sabão pelas mãos da minha mãe. Como flutuavam leves na água dos meus banhos de menina!
O motivo do seu interesse por mim não sei, mas, estando metade do meu rosto encoberta pela máquina fotográfica, não me custa imaginar que talvez pensasse que também eu tinha um olho de cada lado da cabeça.
M
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8 comentários:
Parece-me um doce esta comparação do cisne de hoje com aquele feito de espuma que nadava no teu banho de menina...
Belo!
Agrades
A beleza pura que te inspirou um texto poético belíssimo!
Curiosa
a imaginação! Que se perde na infância e entra dentro da perfeição do cisne
(para quem eras "um bicho"!).
Flutuamos contigo.
Curioso e magnífico na sua imponente brancura a lembrar inocências.
Lindo, Manuela!
Depois de te ler, olho o cisne e vejo-o a flutuar na água do teu banho de menina.
Um olho de cada lado da cabeça. Como seria diferente o nosso mundo visto assim. Isto de só olharmos em frente traz-nos grandes limitações. Só tu, M.!
Sempre as mais belas fotos quando assim acompanhadas por palavras de sonho
Pareceu-me uma doçura a lembrança do cisne de espuma que habitava o teu banho de menina...
Agrades
Pelo que li, pareceu-me que pensaste nalgum principe encantado. Seria? Pareceu-me....
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