quinta-feira, setembro 27, 2012
«COM AS PALAVRAS DENTRO DO OLHAR»
Tendo chegado a minha vez de, no dia 25, ser eu a propor-vos uma fotografia minha, aqui fica ela à disposição do vosso olhar e das vossas palavras.
AGENDA PARA OUTUBRO DE 2012
Agenda para outubro
de 2012
Dia
4 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “ca”
para formar as nossas palavras. Poderá ser colocada no início, no
meio ou no fim da palavra que escolhermos. E não se esqueçam da
fotografia.
Dia
11 – Neste dia não haverá o habitual encontro de quinta-feira
Dia
18
– Reticências
com
a frase “
Estava ali” a
iniciar o texto
Dia
25 - Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia de M.
NOTA:
Lembremo-nos
que «Sílaba
é o conjunto de um ou mais fonemas pronunciados numa única emissão
de voz. Na língua portuguesa, o núcleo da sílaba é sempre uma
vogal: não existe sílaba sem vogal.»
E PORQUE a Maria de Fátima teve gosto em a partilhar connosco...
«... a frase do Desassossego, desassossegou-me a lembrar-me do filho duma amiga, fotógrafo, e que publica, algumas dele outras nem isso, umas fotos lindas no FB...
... foi tirada da net e eu responsabilizo-me por isso, fica aqui dito é uma foto linda e que acho que ficará muito bem a despir a roupagem da frase...»
Maria de Fátima
O DESAFIO DE HOJE
Hoje, no Fotografando as palavras de outros, as catorze participações abaixo identificadas são a expressão, através de fotografia, do que cada um sentiu ao ler esta frase de Fernando Pessoa, que também era Bernardo Soares:
354.
O calor, como uma roupa invisível, dá vontade de o tirar.
Livro do Desassossego, Fernando Pessoa, edição Richard Zenith, Assírio & Alvim
354.
O calor, como uma roupa invisível, dá vontade de o tirar.
Livro do Desassossego, Fernando Pessoa, edição Richard Zenith, Assírio & Alvim
quarta-feira, setembro 26, 2012
PRECE
Adaptação de foto de B.
Prece
Meu Deus, dai-me
paciência! Tende piedade de mim, desventurada criatura que sou,
injustamente forçada a aturar inteligentes complexados!
Meu Deus, se sois meu
verdadeiro amigo, libertai-me daqueles outros que o dizem ser!
Protegei-me das
palavras vãs dos néscios, Senhor!
Desfaleço neste caminho de
pedras que me atrapalham o passo.
Deus meu, tende
misericórdia desta pobre cibernauta que anda com os pés na terra e
o pensamento no céu! Mas, Senhor, se for de vossa vontade, que passe
eu a estar ao contrário, com os pés no céu e o pensamento na
terra! Talvez assim me seja dado um melhor entendimento das coisas,
nem que seja pela posição em que o meu corpo passará a estar.
Tende compaixão de
mim, Senhor!
M
quinta-feira, setembro 20, 2012
AGENDA PARA SETEMBRO DE 2012
Dia
27
- Fotografando
as palavras de outros sobre
esta frase de Fernando Pessoa, que também era Bernardo Soares:
354.
O
calor, como uma roupa invisível, dá vontade de o tirar.
Livro
do Desassossego,
Fernando Pessoa, edição Richard Zenith, Assírio & Alvim
O DESAFIO DE HOJE: "COM AS PALAVRAS DENTRO DO OLHAR"
14. Zé-Viajante
Ao
olhar por aquela janela, o terror. Mar negro, revolto. Em grande
evidência vi uma figura que me fez lembrar o Mostrengo. A seu lado
um polvo enorme. Com os seus temíveis tentáculos apanhava todos os
peixes miúdos (e depois também os médios) que andavam à sua
volta. De apetite insaciável, julguei que só pararia quando
devorasse tudo o que encontrava. Poder e riqueza era a ideia dada por
aquele animal.
Felizmente ao acordar do pesadelo (será que foi?) olhei de novo aquela janela. Linda, toda ela. E o mar ao fundo, calmo e muito bonito. Foi depois um dia feliz aquele. Espero que não voltem os pesadelos, pois os "polvos" continuam por aí.
Felizmente ao acordar do pesadelo (será que foi?) olhei de novo aquela janela. Linda, toda ela. E o mar ao fundo, calmo e muito bonito. Foi depois um dia feliz aquele. Espero que não voltem os pesadelos, pois os "polvos" continuam por aí.
Zé-Viajante
13. Zambujal
Uma
janela fechada separa sempre dois mundos. Um interior, só nosso, e
outro lá de fora, dos outros.
Na arquitectura portuguesa, as janelas de pequenos quadrados de vidro na esquadria de madeira são um convite para que essa separação seja sentida… e para apoiar a testa num dos quadrados de vidro lá deixando, como impressão digital, a rodela de suor de quem esteve a ver o mar, ou os verdes, ou o betão, ou os outros, do outro lado-mundo do seu mundo interior.
Mas também a arquitectura muda e, hoje, são os rasgões nas paredes, com a aparente maior comunicação entre os dois mundos. Ou será ilusão? Onde apoiar a cabeça, como sentir na testa o frescor do outro lado, como tomar a consciência de que há um outro mundo, o mundo dos outros?
Zambujal
Na arquitectura portuguesa, as janelas de pequenos quadrados de vidro na esquadria de madeira são um convite para que essa separação seja sentida… e para apoiar a testa num dos quadrados de vidro lá deixando, como impressão digital, a rodela de suor de quem esteve a ver o mar, ou os verdes, ou o betão, ou os outros, do outro lado-mundo do seu mundo interior.
Mas também a arquitectura muda e, hoje, são os rasgões nas paredes, com a aparente maior comunicação entre os dois mundos. Ou será ilusão? Onde apoiar a cabeça, como sentir na testa o frescor do outro lado, como tomar a consciência de que há um outro mundo, o mundo dos outros?
Zambujal
12. Teresa Silva
É
urgente que alguém abra a janela para que entre a brisa marítima e
refresque o ambiente pesado vivido atrás dos vidros. Só olhar o mar
não chega...
Teresa
Silva
11. Rocha/Desenhamento
Com
as palavras dentro do olhar
De facto, com as
palavras dentro do olhar, as imagens surgem do real ou da memória e
colam-se a uma deriva que apela ao imaginário. Outras vezes olhei
uma janela assim, ela dentro dos meus olhos, e lá fora um mar que
apetecia sulcar na perpendicular ao horizonte. Os vidros são a
transparência que se atravessa para uma distância igualmente
próxima da invisibilidade. Da janela ou depois dela, o mar é ainda
uma realidade e uma memória que nos devolve à história, às
navegações, às profundidades azuis, cada vez mais escuras, e aos
dias e aos anos em que ali se naufragaram veleiros portugueses, entre
triunfos de outros.
Rocha de Sousa
Rocha de Sousa
10. ~pi
Há
um Verbo que se espalha e alimenta das sombras abertas nas casas.
Dos seus olhos de água se conjugam, infinitamente, as coordenadas da Palavra-Chave - a sudeste se chocam, a nordeste se dançam, a oeste se agacham e, pela calada epifania branca da estrela do norte, a mil fogos se lavram.
~pi
Dos seus olhos de água se conjugam, infinitamente, as coordenadas da Palavra-Chave - a sudeste se chocam, a nordeste se dançam, a oeste se agacham e, pela calada epifania branca da estrela do norte, a mil fogos se lavram.
~pi
9. Mena M.
Com
as palavras dentro do olhar desta bela foto da Luisa, cresce-me no
coração o forte desejo de um dia viver à beira-mar e poder não só
adormecer embalada ao som do seu ritmo, mas
também acordar, abrir a janela, encher os pulmões de maresia e
lavar a alma na brancura das ondas!
Se não for nesta
vida, será na próxima! :-)
Mena
8. Mac
Da
minha janela vejo o mês de Setembro...
A
praia vazia, o mar encrespado...
Da
minha janela vejo os dias mais curtos...
Vejo
as gaivotas a regressarem à sua casa e a tomarem conta do areal.
Mac
7. M.
Sempre
que o meu olhar se espraia na beleza do mundo, sinto que toda essa
limpidez me purifica e me resguarda.
M
M
6. Luisa
Nesta
fase da vida, hesito entre sair pela porta do fundo e voltar ao mundo
ou ficar à janela a ver o mar.
Luisa
5. Licínia
Limpos
os vidros da noite, abre-se o dia e à nossa janela aporta o mar.
A mansidão dos peixes, a ternura da espuma, o sal, afloram o nosso olhar.
Uma música esquecida alaga-nos os anos e um pássaro muito leve, chegado do longe, poisa-nos no ombro.
É quando dizemos “hoje”, como se ali estivéssemos pela primeira vez.
Licínia
A mansidão dos peixes, a ternura da espuma, o sal, afloram o nosso olhar.
Uma música esquecida alaga-nos os anos e um pássaro muito leve, chegado do longe, poisa-nos no ombro.
É quando dizemos “hoje”, como se ali estivéssemos pela primeira vez.
Licínia
4. Justine
Era
miúda. Cirandava pela casa inventando brincadeiras, que nessa altura
os brinquedos eram escassos, e ia cantarolando o que ouvia na
telefonia que se mantinha ligada o dia todo. Cem
anos que eu viva?
Como
é possível viver cem anos, se o meu pai tem 40 anos e já é velho?
E
aquela janela, virada pró mar… como
será uma janela virada para o mar? Daqui só vejo o pinhal e as
laranjeiras!
Então parava, e a minha imaginação voava janela fora, até encontrar o mar.
Justine
Então parava, e a minha imaginação voava janela fora, até encontrar o mar.
Justine
3. Jawaa
Da
minha janela vê-se o mar e dele eu vejo o mundo dos sonhos.
O sono, a ilusão, a fantasia, a magia são o condimento da vida e o mar é tudo isso rolando e batendo e espreguiçando-se sensual na areia das praias, a contar-lhe os segredos das profundezas, a tocar-lhe a música dos outros continentes.
O sono, a ilusão, a fantasia, a magia são o condimento da vida e o mar é tudo isso rolando e batendo e espreguiçando-se sensual na areia das praias, a contar-lhe os segredos das profundezas, a tocar-lhe a música dos outros continentes.
Jawaa
2. Bettips
“Com
as palavras dentro do olhar": Afastou a cortina, fascinada de
azul e espuma, os pequenos pés impacientes mexeram-se atrás da
janela, os adultos falavam lá dentro coisas que nem entendia. Que
chatos, os grandes, que não sentiam o apelo do mar, eram capazes de
ficar ali a discutir até ao almoço! "Mãe, vamos para a
praia?"
Bettips
Bettips
1. Agrades
Uma
janela sobre o mar que sugere um dia feliz. O mar está calmo, não
há nuvens, nem nevoeiros nem sinais de tempestade. Lá fora tudo
parece calmo. E cá dentro, do lado de dentro da janela? Haverá
saúde, paz, segurança? Oxalá!
Agrades
quinta-feira, setembro 13, 2012
AGENDA PARA SETEMBRO DE 2012
"RETICÊNCIAS"
Mais abaixo, como poderá perceber quem não souber de que se trata por nunca aqui ter vindo, estão publicados, e devidamente identificados, 13 conjuntos de fotografia e texto. São a resposta ao desafio Reticências que, esta semana, propunha que escrevessemos um texto a partir da frase "Como num filme" e o completássemos com uma fotografia da nossa autoria.
M
M
13. Zé-Viajante
Como num filme, sabia que nem sempre aquilo que julgamos ser, é. Há truques, mas também a inteligência de nos fazerem olhar para as coisas de várias maneiras. Eram mais ou menos 5 e tal da tarde e o relógio da farmácia tinha os ponteiros num local diferente. Pensava eu. Afinal foi habilidade do artista que concebeu um relógio com dois mostradores diferentes. 12 de um lado e 24 horas de outro. Estava desfeito o mistério. Mas como "o hábito faz o monge" dou-me melhor a olhar para a outra face. Como num filme, temos que usar vários sentidos. Não só a vista.
Zé-Viajante
12. Zambujal
Como num filme…
… o pormenor fotografado do painel na parede da cela do forte de Peniche aviva a memória e o vivido.
Como num filme, sofre-se de novo a violência bruta, a violência que, ainda que bem contada em filme (ou em pintura), pouco é quando confrontada com a sofrida ao vivo, com a realidade nos limites do suportável (ou do outro da fronteira, no já insuportável).
Como num filme, lutamos para que “nunca mais”, mas os tempos são de susto, são da violência camuflada em conferências de imprensa, em horas de antena, em páginas de jornais noticiando medidas aparentemente inocentes e ditas inevitáveis, em catadupas de comentadores encartados e síncronos.
Como se fosse num filme a fazer, vivem-se tempos de lutar para que o filme não tenha como guião a realidade vivida, e de novo vivida pelos mesmos e pelos que vieram ou venham depois.
Zambujal
11. Teresa Silva
10. Rocha/Desenhamento
... Como num filme, plano a plano, cena a cena, sequência a sequência, os jornais e a televisão trazem até aos meus olhos e à minha consciência o desastre de uma guerra que a Síria suporta através de um «Exército Livre», mal armado e mal amado por etnias desfocadas. As forças do regime, utilizando a própria aviação de combate e artilharia pesada, parece estar mandatada para destruir cidades inteiras, alargando a mortandade a homens, mulheres e crianças, todos os que o destino não favorece com atalhos para a Turquia onde já estão alojados mais de trezentos mil deslocados daquele país. Sem beneficiar do auxílio da comunidade internacional, por oposição da China e da Rússia, o regime decide como quer, destruindo sistematicamente cidades, estruturas comuns. Daqueles que não lograram alcançar os atalhos da salvação, contam-se cerca de trinta mil mortos. Toda esta guerra desproporcionada e absurda, é bem um exemplo de como a civilização do século XX e do século XXI, a par de uma espécie de apocalipse financeiro, já não tem rosto nem grandeza, banaliza a espectacularidade do mal e da cultura de massas.
Rocha de Sousa
9. ~pi
Como num filme com final aberto, como se os olhos nada fossem senão uma máquina de traduzir a causa absurda de tantas palavras engolidas do acaso, ancorara ali, a desfazer o miolo do pão no prato quase intacto: como num filme se fora parando a sua vida, esférica era a visão que se lhe esfarolava neste preciso momento, em câmara lenta, por dentro do cenário a preto e branco, cine citá construída no estaleiro pesado de muitas horas vagas, como agulhas muito finas.
Como num filme, à medida que o dia e a memória desse dia em que fora o princípio dum barco avançava, ali se via sempre, amarrado pelo pulso ao cais, numa outra vida, numa outra tela, perplexo de si, vagueando por dentro das palavras desse guião absurdo e quase informe, metadiscurso e mimese de si, sem dedos, sem veias, sem tecidos. E la nave va, murmurou, inaudível.
~pi
8. Mena M.
Como num filme, transportei-me para a minha infância ali encostada às grades do portão desta belíssima Quinta da Picanceira, quando vi tantos " rabos de macaco" por ali espalhados pelo chão...
Rabos de macaco, passo a explicar, eram as folhas desta árvore que também havia na Quinta do Tojalinho em Benfica, onde moravam os meus avós paternos e onde brinquei durante muitos anos, vezes sem conta!
Mena M.
7. M.
6. Luisa
5. Licínia
"Como num filme...", pensava ela. "A atriz principal, glamorosa nas suas roupas frescas, a cabeça coberta por uma capeline vintage, toma lugar na esplanada sobranceira ao mar de agosto. O rapaz aproxima-se sem ela notar: Amélie!". Não fora aquele inchaço no tornozelo, o filme poderia ter sido um sucesso de bilheteira.
Licínia
4. Justine
Como num filme… e de tantos me recordo – a selva labiríntica, a destruição sistemática, a fúria cega do invasor, a resistência determinada das populações.
Como num filme… era esse o meu sentimento em toda a viagem pelo Vietname – a praça em Saigão de “O americano tranquilo”, a floresta de árvores de borracha de “Indochina”, mas principalmente Da Nang, o delta do Mekong e os túneis em Cu Chi de “Apocalipse now”.
Como num filme. Só que ali, à minha frente, era a realidade.
Justine
3. Jawaa
Como num filme, a luz acende uma alvorada na noite que deseja pousar, apressada pelas nuvens escuras. E tudo fica mais belo outra vez, menos triste, a confirmar-nos que os barcos estão de regresso, que os homens chegam da faina, que as ondas continuam pelos séculos a desdobrar na areia as rendas brancas.
Jawaa
2. Bettips
Como num filme... uma manhã igual às outras, as abas da saia do quimono revoltearam à volta duma pétala, duma humilde erva, pousaram por momentos num muro com os pés frescos no musgo, seguiram a prata dum ribeiro manso. Sonhou subir bem alto pelo tempo bom, sonhou amores e flores, sonhou um filho: tal "Madama Butterfly" veio morrer na concha da minha mão, perdido o brilho das suas asas. Recolhi-a com ternura.
Bettips
quinta-feira, setembro 06, 2012
"PROVÉRBIOS FOTOGRAFADOS"
Recomeçamos hoje os habituais e variados desafios à volta dos quais nos encontramos semanalmente no Palavra Puxa Palavra.
O provérbio «O
sono é bom conselheiro» serviu de inspiração às nossas fotografias, todas elas abaixo identificadas. Parece que dormimos razoavelmente bem, não acham?
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