quinta-feira, julho 25, 2013
PAUSA
Precisamos de parar um pouco para retemperar as forças e a criatividade, por isso os nossos desafios semanais ficarão em repouso durante o mês de agosto.
Voltaremos a encontrar-nos aqui em setembro.
Até lá.
Fiquem bem.
M
O DESAFIO DE HOJE
Dia
25 - Fotografando
as palavras de outros sobre
um dos contos do livro criativamente estranho, ou estranhamente
criativo, de Lydia Davis.
Numa
Casa Sitiada
Um
homem e uma mulher viviam numa casa sitiada. Refugiados algures na
cozinha, o homem e a mulher ouviam pequenas explosões.
-
O vento - dizia a mulher. Caçadores - dizia o homem. - A chuva –
dizia a mulher. - A tropa – dizia o homem. A mulher queria ir para
casa, mas já estava em casa, ali no meio do campo numa casa sitiada.
Contos
Completos,
Lydia Davis, Relógio D'Água Editores, Julho de 2012
10. Rocha/Desenhamento
9. ~pi
Essa
foto foi tirada em Trás-os-Montes, onde as mulheres e essa mulher,
nesse particular momento, se me tece nos olhos e nessa coisa de ser
numa casa sitiada a ouvir as explosões do fogo de artifício e a ter
uma casa que já não sabe o que é.
O homem, aqui, tem que ser imaginado, numa conversa precisa e igual à do muito poético texto de Lydia Davis.
Ainda assim e apesar de tudo, a vida segue e vai, dentro do fora - ambígua e perplexa.
O homem, aqui, tem que ser imaginado, numa conversa precisa e igual à do muito poético texto de Lydia Davis.
Ainda assim e apesar de tudo, a vida segue e vai, dentro do fora - ambígua e perplexa.
~pi
domingo, julho 21, 2013
AGENDA PARA JULHO DE 2013
Dia
25 - Fotografando
as palavras de outros sobre
um dos contos do livro criativamente estranho, ou estranhamente
criativo, de Lydia Davis.
Numa
Casa Sitiada
Um
homem e uma mulher viviam numa casa sitiada. Refugiados algures na
cozinha, o homem e a mulher ouviam pequenas explosões.
-
O vento - dizia a mulher. Caçadores - dizia o homem. - A chuva –
dizia a mulher. - A tropa – dizia o homem. A mulher queria ir para
casa, mas já estava em casa, ali no meio do campo numa casa sitiada.
Contos
Completos,
Lydia Davis, Relógio D'Água Editores, Julho de 2012
10. Zé-Viajante
Pedem-me
um texto para comentar uma foto.
Nada
me ocorre. Ou então encontro ideias demasiado "fora de
contexto".
Almas
perdidas, amores desfeitos, eu sei lá...
Que
muitos, ou um por um, dedidiram guardar.
Só
sei que não consigo encontrar a(s) chave(s) que abre(m) o(s)
cadeado(s). E acrescentar que é uma foto belíssima que me deixa
curioso.
Zé-Viajante
9. Rocha/Desenhamento
Por
vezes, em volta de uma Quinta ou de uma casa que possuímos em certa
zona florestada
mas deserta de actividades, somos levados a cercar o nosso campo por
meio de redes metálicas, mais ou menos sustentadas com grades de
ferro. Umaestrutura dessas aparece na fotografia de Benó. Mas é
alegórica e falsamente reforçada por uma compacta rede
de
cadeados, todos fechados e como que travando ou apertando os buracos
da rede, soberba ironia da obsessão pelos recursos de defesa contra
assaltos, muros ou mesmo redes electrificadas encerrando condomínios,
palácios, riquezas ocultas. Os cadeados de Benó mostram, embora
todos fechados, como tudo isso é uma arrogância mais frágil do que
parece.
Rocha
de Sousa
8. ~pi
a
retroacção acama-se nos ossos:
há
um falar peregrino que corre na língua
e
que ao ser som se denega -
-
os calos da memória circulam livremente
e
secam o rio pela cintura
partindo
o destino da voz
como presa que regressa.
como presa que regressa.
~pi
7. M.
Ilusório pensar a consistência do amor ligada à prisão do outro. Moda lúgubre que me lembra um túmulo onde a morte toma o lugar da vida.
M
M
5. Licínia
Que
dizer do amor e das suas liturgias sempre reinventadas, como esta do
cadeado amarrado, exposto, fechado? A chave é deitada fora, se
possível às profundezas do rio, e PARA SEMPRE são as palavras dos
amantes no instante congelado, como se a eternidade assim o
recebesse. O cadeado há-de enferrujar, o amor durará o tempo dum
suspiro ou duma vida. Talvez, quem sabe, o segredo esteja no fundo do
rio, preso ao corpo de uma chave.
Licínia
4. Justine
A
foto transportou-me imediatamente até Berlim. Aí encontrei, na
Unter den Linden, uma ponte em cujas grades pendiam dezenas de
cadeados, prendendo juras de amor eterno.
Não
creio que esta ponte seja a mesma, mas a intenção do gesto é
igual, creio: o desejo de que para sempre permaneçam ligadas as duas
pessoas que praticaram este acto simbólico. Pode acontecer, o amor
eterno? Pode. Então, que assim seja, nem que para isso seja
necessário prendê-lo com um cadeado!
Justine
3. Jawaa
Prender
o amor a cadeado não é a melhor solução. Olhem o rio lá em
baixo, feliz na sua liberdade, dando e recebendo ao sabor do tempo.
Jawaa
2. Bettips
Olhar
a fotografia da Benó dá-me ânsias de desapertar botões e
colchetes, encontrar todas as chaves e poder abrir os aloquetes (é
assim que se diz no Norte – como os magnórios...), libertar
a imaginação, encontrar uma abertura e ir além do muro, para o
azul da água ou a tépida longitude de um palácio.
Imagino
igualmente aquelas árvores no Oriente, aqueles caminhos de montanhas
e rios gelados, onde se deixam tiras de pano ou papel ao vento,
escritas com orações e desejos.
Imagino
ainda o Templo de Angkor Wat (que nunca vi) onde o protagonista Cho
Mo Wan (do filme “In The Mood for Love”, de Wong Kar Wai, ano
2000), sussura o seu segredo de amor-desilusão num buraco da pedra
milenar.
São
assim as velas e os membros enformados em cera, as alianças e
cordões aos pés dos santos milagreiros, as coroas de flores
oferecidas, as promessas e votos que pedem (ainda mais) um pouco de
eternidade.
“All memories are trace of tears”: quantas o serão nesta rede de cadeados fechados?
Bettips
1. Agrades
Cadeados,
aloquetes, fechaduras, trancas, selos, elos, aros, alianças,
palavras, modas de celebrar, de marcar, de lembrar o que um olhar, um
murmúrio pode significar. Ou não, e toda esta exibição não passa
de uma moda, uma repetição, um festival... e, sendo moda, a maioria
quer segui-la, cultivá-la, exagerá-la de tal modo que chegam a por
em perigo, pelo exagero do peso, certos locais deste culto.
E tudo passa, nada agarra, nada prende, nada fica.
Agrades
E tudo passa, nada agarra, nada prende, nada fica.
Agrades
quinta-feira, julho 11, 2013
AGENDA PARA JULHO DE 2013
Dia
21 em vez de dia 18 -
Com
as palavras dentro do olhar sobre
a fotografia
da Benó.
Entre
13 e 20 de julho não vou estar mas podem mandar as vossas
participações porque ficarão guardadas na caixa de correio até eu
chegar, por isso não se admirem de eu não acusar a sua recepção.
Os
textos recebidos serão publicados no dia 21.
11. Zé-Viajante
10. ~pi
Trás-os-Montes
O dia chama o dia clama o dia chora -
Caem
passarinhos redondos na estrada
numa
dor compacta e aniquilada:
sou
Torga na loucura da mulher
que percorre o monte e não encontra nada
que percorre o monte e não encontra nada
levo
em mim os filhos de todos e
a dor
me leva inteira:
esqueci
o lugar encantado dos ninhos
e esqueci o passo-chave da entrada.
e esqueci o passo-chave da entrada.
~pi
9. Mena M.
O
dia amanheceu "sebastião", um nevoeiro tão cerrado que
não se via o mar cá de cima. Saí de casa à 7 da manhã, desci
pela marginal até ao centro no passo acelerado do "walking
matinal", dei um pulo à praça e dois dedos de conversa a uma
amiga, que já não via há muito, enquanto comprava uns morangos e
uns queijinhos frescos para o pequeno almoço.
Resolvi
voltar pela praia ainda deserta. Surpreendeu-me a brandura do mar, o
brilho das ondas, a temperatura da água.
Não
resisti, pousei a bolsa e os sacos na areia, certifiquei-me de que a
praia era ainda só minha e das gaivotas, tirei a roupa, entrei mar
dentro e mergulhei.
Mena
8. M.
6. Licínia
O
dia tórrido em terras antigas, interiores, testemunhos e sentinelas,
marcas, marcos, caminhos, santos e milagres, invasores e invadidos. É
a História que nos é mostrada, no dia tórrido, nas pedras
colossais, na verdura apaziguadora, no voo incessante das andorinhas
viageiras.
Licínia
(Lembrança de Cáceres e do seu casco velho)
5. Justine
O
dia estava a terminar, fulguração de beleza a mergulhar devagar no
Mediterrâneo. Eu assistia serenamente ao espectáculo no terraço do
histórico Hotel Cecil, diante de um chá de hortelã.
O dia tinha sido intenso, como tinham sido todos os anteriores passados na velha cidade de Alexandre – um emotivo e fundo mergulho na realidade da ficção, ou (não sendo o mesmo, é igual) uma viagem apaixonada pela ficção transformada em realidade!
O dia estava a terminar, mas não tinha importância. Amanhã continuaria o meu percurso pelas páginas/ruas do “meu” Quatuor!
Justine
O dia tinha sido intenso, como tinham sido todos os anteriores passados na velha cidade de Alexandre – um emotivo e fundo mergulho na realidade da ficção, ou (não sendo o mesmo, é igual) uma viagem apaixonada pela ficção transformada em realidade!
O dia estava a terminar, mas não tinha importância. Amanhã continuaria o meu percurso pelas páginas/ruas do “meu” Quatuor!
3. Bettips
2. Benó
quinta-feira, julho 04, 2013
AGENDA PARA JULHO DE 2013
Dia
11 - Reticências
com
a frase “O
dia”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
13. Zambujal
Es...
EStupidamente
geladas,
ESperam,
– sem grandES ilusões –,
ESperam
que a EStival Estação
não
ESteja por cá apenas
em EScassos, ESpaçados e ESpapaçados fins-de-semana.
em EScassos, ESpaçados e ESpapaçados fins-de-semana.
Zambujal
12. Teresa Silva
Estranhos acontecimentos e viagens tiveram início neste Palácio. Alguns acabaram bem, outros tragicamente. Mas mudaram para sempre a História de Portugal.
Teresa Silva
11. Rocha/Desenhamento
Esfregar
Dias depois do meu canário ter encontrado a porta da liberdade aberta, arrumei a sua casa junto de alguns instrumentos. Estava penalizado e, ao mesmo tempo, imaginando aquele voo atravessando a rua e perdendo-se nos quintais vizinhos. Decido esfregar tudo com muito zelo, a gaiola, o chão da varanda e o lugar onde, até há pouco, se situava essa prisão casa, onde o bicho parecia feliz, a cantar longamente. Espero que não esteja a proceder a uma liturgia da morte.
Rocha de Sousa
10. ~pi
Espanha
Praça de Espanha, Barcelona, rotunda múltipla de circulações - visuais, auditivas e referenciais, onde cada informação parece ocultar a seguinte, numa cacofonia urbana demencial e imparável.
~pi
6. Licínia
Estragadote
Licínia
Deu montaria à pequenada, perdeu pelo e uma orelha. A pequenada cresceu e
foi-se embora. Ele ficou, a dar testemunho de outros tempos, de outros
brinquedos. Podemos vê-lo agora no museu, em Olivença, e consta que não lhe importa se é português ou espanhol. "Crianças são crianças." - relincha
baixinho - e eu adivinho-lhe um desalinho nas crinas de cartão.
Licínia
3. Bettips
Espesso
Quantos
estios passaram? Como pode ser espesso
o coração do cacto! E todavia, cortado, se pasma perante o núcleo
de uma flor adivinhada que não chegou a ser.
Bettips
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