Olhar
a fotografia da Benó dá-me ânsias de desapertar botões e
colchetes, encontrar todas as chaves e poder abrir os aloquetes (é
assim que se diz no Norte – como os magnórios...), libertar
a imaginação, encontrar uma abertura e ir além do muro, para o
azul da água ou a tépida longitude de um palácio.
Imagino
igualmente aquelas árvores no Oriente, aqueles caminhos de montanhas
e rios gelados, onde se deixam tiras de pano ou papel ao vento,
escritas com orações e desejos.
Imagino
ainda o Templo de Angkor Wat (que nunca vi) onde o protagonista Cho
Mo Wan (do filme “In The Mood for Love”, de Wong Kar Wai, ano
2000), sussura o seu segredo de amor-desilusão num buraco da pedra
milenar.
São
assim as velas e os membros enformados em cera, as alianças e
cordões aos pés dos santos milagreiros, as coroas de flores
oferecidas, as promessas e votos que pedem (ainda mais) um pouco de
eternidade.
“All memories are trace of tears”: quantas o serão nesta rede de cadeados fechados?
Bettips
1 comentário:
Uma belíssima "viagem" que nos ofereceste por via da foto da Benó! Gostei especialmente da passagem pelo "in the mood for love", um dos grandes filmes da minha vida!
E quase tudo, de facto, se resume a símbolos...
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