Dia
19 -
Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia
de Rocha de Sousa.
quinta-feira, maio 29, 2014
AGENDA PARA JUNHO DE 2014
Dia
5 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “Ce”
para formar as nossas palavras. O
texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
Dia
12 - Reticências
com
a frase “Foi
bom”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
19 -
Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia
de Rocha de Sousa.
Dia
26 - Fotografando
as palavras de outros sobre
o poema
Nos teus dedos nasceram horizontes
e aves verdes vieram desvairadas
beber neles julgando serem fontes.
As Mãos e Os Frutos, Eugénio de Andrade,
Nos teus dedos nasceram horizontes
e aves verdes vieram desvairadas
beber neles julgando serem fontes.
As Mãos e Os Frutos, Eugénio de Andrade,
Fundação Eugénio de Andrade
O DESAFIO DE HOJE
Dia
29 - Fotografando
as palavras de outros sobre
um excerto do livro Sinais
de Fogo:
«No
Bairro Novo, que atravessei, havia uma quietude matutina. Nas mesas
dos cafés só uns raros sujeitos gozavam da sombra ante uma cerveja.
Eram, como de costume, pais de família, que se recusavam a encher de
areia os sapatos na praia. Raramente pais tomavam banho, como aliás
as mães ou as tias. Nem mesmo eram olhados com bons olhos, pela
opinião das barracas, aqueles ou aquelas, raros, que o faziam. A
nudez exposta era coisa reservada à gente solteira ou muito jovem:
por extensão era tolerada ainda nos pares recém-casados. Ou então
era uma manifestação de inferioridade social, própria da gente dos
toldos (que, no entanto, muito empertigados nos seus banquinhos,
imitavam em tudo a das barracas) ou da saloiada do campo, que, ao
domingo, com grandes cestas de farnéis, que escandalizavam as
senhoras, invadiam a praia, para se banharem em grandes correrias e
gritos, atirando água e areia aos corpos desajeitados em que antigos
e bamboleantes fatos de banho eram resguardados por cuecas e por
camisas femininas que se colavam à carne. Por isso, ao domingo, de
manhã ou à tarde, as barracas ficavam vazias. E as famílias
passeavam na muralha, sem descer à praia, ou juntavam-se aos pais
nas mesas dos cafés. Aos dias de semana, ao fim da tarde, os maridos
costumavam aparecer, pelo menos alguns deles, avançando com grande
cuidado pelas pranchas de madeira, que levavam às barracas. E as
crianças deles tinham mesmo por missão especial e vespertina o
ajeitar das pranchas e o limpá-las da areia que jogos e correrias
houvessem acumulado nelas. Os senhores, de casaco e gravata,
abanando-se com os chapéus de palha, sentavam-se na frente das
barracas, entre as senhoras dos seus séquitos, e cumprimentavam-se
de umas barracas para as outras, como se mal se conhecessem uns aos
outros, das mesas dos cafés, e do casino para cujo bar, à noite,
todos mais ou menos se esgueiravam. E ficavam olhando o mar e a beira
de água onde, às vezes, uns pares de namorados se passeavam de mão
dada, recortados pelo sol-poente.»
Sinais
de Fogo (Parte
Segunda, VIII), Jorge de Sena, Guimarães Editores, 2009
10. Teresa Silva
8. M.
«Aos dias de semana, ao fim da tarde, os maridos costumavam aparecer, pelo menos alguns deles, avançando com grande cuidado pelas pranchas de madeira, que levavam às barracas. E as crianças deles tinham mesmo por missão especial e vespertina o ajeitar das pranchas e o limpá-las da areia que jogos e correrias houvessem acumulado nelas.»
Apesar das diferenças no Tempo, podemos imaginar a cena descrita por Jorge de Sena, julgo eu. M
7. Luisa
Achei muito interessante este texto do Jorge de Sena. Como sou muito antiga, lembro-me bem destas situações quando começou a "moda" de ir à praia. O meu Pai era dos que preferia não descer à areia... Raramente o fazia e ainda mais raramente vestia um fato de banho.
Tenho diversas fotografias desses tempos e, por isso, não resisti a inserir uma na minha foto. Que diferença de atitude!
Luisa
Tenho diversas fotografias desses tempos e, por isso, não resisti a inserir uma na minha foto. Que diferença de atitude!
quinta-feira, maio 22, 2014
AGENDA PARA MAIO DE 2014
Dia
29 - Fotografando
as palavras de outros sobre
um excerto do livro Sinais
de Fogo:
«No
Bairro Novo, que atravessei, havia uma quietude matutina. Nas mesas
dos cafés só uns raros sujeitos gozavam da sombra ante uma cerveja.
Eram, como de costume, pais de família, que se recusavam a encher de
areia os sapatos na praia. Raramente pais tomavam banho, como aliás
as mães ou as tias. Nem mesmo eram olhados com bons olhos, pela
opinião das barracas, aqueles ou aquelas, raros, que o faziam. A
nudez exposta era coisa reservada à gente solteira ou muito jovem:
por extensão era tolerada ainda nos pares recém-casados. Ou então
era uma manifestação de inferioridade social, própria da gente dos
toldos (que, no entanto, muito empertigados nos seus banquinhos,
imitavam em tudo a das barracas) ou da saloiada do campo, que, ao
domingo, com grandes cestas de farnéis, que escandalizavam as
senhoras, invadiam a praia, para se banharem em grandes correrias e
gritos, atirando água e areia aos corpos desajeitados em que antigos
e bamboleantes fatos de banho eram resguardados por cuecas e por
camisas femininas que se colavam à carne. Por isso, ao domingo, de
manhã ou à tarde, as barracas ficavam vazias. E as famílias
passeavam na muralha, sem descer à praia, ou juntavam-se aos pais
nas mesas dos cafés. Aos dias de semana, ao fim da tarde, os maridos
costumavam aparecer, pelo menos alguns deles, avançando com grande
cuidado pelas pranchas de madeira, que levavam às barracas. E as
crianças deles tinham mesmo por missão especial e vespertina o
ajeitar das pranchas e o limpá-las da areia que jogos e correrias
houvessem acumulado nelas. Os senhores, de casaco e gravata,
abanando-se com os chapéus de palha, sentavam-se na frente das
barracas, entre as senhoras dos seus séquitos, e cumprimentavam-se
de umas barracas para as outras, como se mal se conhecessem uns aos
outros, das mesas dos cafés, e do casino para cujo bar, à noite,
todos mais ou menos se esgueiravam. E ficavam olhando o mar e a beira
de água onde, às vezes, uns pares de namorados se passeavam de mão
dada, recortados pelo sol-poente.»
Sinais
de Fogo (Parte
Segunda, VIII), Jorge de Sena, Guimarães Editores, 2009
quarta-feira, maio 21, 2014
9. Mac
Vou
sair para a rua, apetece-me andar à chuva.
Sentir o peso da tempestade nos ossos.
Enterrar-me na própria tempestade.
A chuva escorrendo pela cara lavar-me-á da poeira da noite insone e do medo, branco medo daqueles tortuosos corredores onde me perco durante o sono, e procuro uma mão, uma corda de luz, um pedaço de espelho que me indique o caminho para ti.
Al Berto, em Diários
Sentir o peso da tempestade nos ossos.
Enterrar-me na própria tempestade.
A chuva escorrendo pela cara lavar-me-á da poeira da noite insone e do medo, branco medo daqueles tortuosos corredores onde me perco durante o sono, e procuro uma mão, uma corda de luz, um pedaço de espelho que me indique o caminho para ti.
Al Berto, em Diários
Mac
8. M.
Eu estava de passagem e assisti, por mero acaso, àquela cena de teatro ao ar livre e às orientações dadas pelo fotógrafo encenador aos atores principais. Estranha ideia a sua de os mandar pôr os braços atrás das costas e as mãos enfiadas nos bolsos, gestos que me pareceram inestéticos e soltos num momento que supostamente se desejaria fixado para a posteridade como de partilha de emoções perante a beleza. Ouvi-o e vi-o estender o véu da noiva sobre as pedras, observei a sua azáfama a compor o cenário dentro daquele outro cenário bem mais interessante que é a velha Gordes equilibrada entre a terra e o céu. Continuei o meu caminho, eles ficaram. Não sei por quanto tempo. Só espero que, no seu zelo coreográfico, o fotógrafo não os tenha forçado a fecharem os olhos. Na beirinha havia um precipício...
M
6. Licínia
4. Jawaa
1. Agrades
quinta-feira, maio 15, 2014
12. Zambujal
Páro,
olho e vejo. Vejo?...
Olho e vejo, e parece-me que tudo vejo. Não porque os meus olhos vejam tudo (aliás, estão cada vez a precisar de lentes mais fortes e de mais pingos vários…).
Mas olho e vejo. E parece-me tudo ver. Para além do que a vista alcança. Presunção? Talvez… mas isto é como a água, benta ou não. Cada um toma a que quer porque os rios, riachos, charcos e represas (ainda) não foram privatizados. Nem a chuva!
Que palavras para o que, aqui, me é oferecido ver?
Aqui, as palavras dizem policromia de azul (do mar?) a vermelho (do fogo?). Sempre os elementos juntando-se e fazendo-nos. E cada um de nós a burilar as palavras, a querer colori-las. De dentro para fora do olhar.
Olho e vejo, e parece-me que tudo vejo. Não porque os meus olhos vejam tudo (aliás, estão cada vez a precisar de lentes mais fortes e de mais pingos vários…).
Mas olho e vejo. E parece-me tudo ver. Para além do que a vista alcança. Presunção? Talvez… mas isto é como a água, benta ou não. Cada um toma a que quer porque os rios, riachos, charcos e represas (ainda) não foram privatizados. Nem a chuva!
Que palavras para o que, aqui, me é oferecido ver?
Aqui, as palavras dizem policromia de azul (do mar?) a vermelho (do fogo?). Sempre os elementos juntando-se e fazendo-nos. E cada um de nós a burilar as palavras, a querer colori-las. De dentro para fora do olhar.
Zambujal
11. Teresa Silva
Lindíssima imagem. O reflexo do sol de um final de tarde, na água do mar. Apetece passear e aproveitar o momento até que a noite comece a chegar.
Teresa Silva
10. Rocha/Desenhamento
A beleza das coisas depende de muitos factores culturais e portanto, como o olhar ajuda a formação das percepções visuais, assim elas se revelam através da memória ou do sonho.
Rocha de Sousa
9. Mena M.
O fogo destrói e ao mesmo tempo fertiliza.
A água contorna os obstáculos e ao mesmo tempo lava a alma.
Que soprem agora os bons ventos da mudança e será perfeito o começo da minha vida nova.
A água contorna os obstáculos e ao mesmo tempo lava a alma.
Que soprem agora os bons ventos da mudança e será perfeito o começo da minha vida nova.
Foi assim o meu olhar sobre esta minha fotografia tirada em novembro na Praia Grande.
Tenho agora uma casa nova, que comecei a mobilar e para onde irei viver no dia 1 de junho.
Tem sido uma caminhada difícil, mas aos poucos estou de novo a sentir-me gente.
Espero poder retomar a minha presença activa no PPP logo que toda esta mudança esteja concluída.
Um abraço a todos e um OBRIGADA pelo apoio e amizade.
8. M.
A macieza de uma túnica de seda lavrada que te cobre o corpo da memória, o da tua amada Santa Cruz, penso eu, Mena.
M
(Afinal enganei-me ao imaginar que era Santa Cruz. Mas o nome da praia será irrelevante, penso eu, o que importa é a túnica de seda.)
M
(Afinal enganei-me ao imaginar que era Santa Cruz. Mas o nome da praia será irrelevante, penso eu, o que importa é a túnica de seda.)
quarta-feira, maio 14, 2014
5. Justine
É uma labareda a morrer no mar. É um balde de tinta cor de fogo a espalhar-se numa tela azul. É um sol no poente a iluminar o céu. É uma seara onírica numa terra inventada. É o céu e a terra de pernas para o ar. É, sem dúvida, uma fotografia magnífica que me fez viajar… e viajar!
Justine
4. Jawaa
A Natureza pegou nos pincéis, misturou as tintas na paleta e um quadro perfeito aconteceu.
Jawaa
3. Bettips
Líquido, fogo e ouro líquido, derramados. Uma caldeira do sol que alimenta o mar, sempre. E tantos os dias em que os nossos humanos olhos se espantam, de perto ou de longe!
Que quietude nos peixes haverá no deslumbre desta hora.
Que quietude nos peixes haverá no deslumbre desta hora.
Bettips
2. Benó
Será o céu de Berlim incendiado pelo foguete que destruiu parcialmente o apartamento da Mena ou o seu amado mar de Sta. Cruz a arder de saudades por ela?
Benó
Benó
1. Agrades
Linhas cruzadas, na palma da mão, onde uma cigana lê a sina e vê uma vida longa e feliz, cheia de ouro e saúde no meio de momentos duros que fazem sofrer...
Agrades
quarta-feira, maio 07, 2014
O DESAFIO DE HOJE
Dia
8 - Reticências
com
a frase “Será
talvez”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
12. Zambujal
Será*
talvez a ventania:
mas
há pouco, há poucochinho,
nem
uma agulha bulia
na
quieta melancolia
dos
pinheiros do caminho
Quem
bate, assim, levemente,
com
tão estranha leveza,
que
mal se ouve, mal se sente?
Não
é chuva, nem é gente,
nem
é vento com certeza.
(…)
Mas
as crianças, Senhor
senhores*,
porque
lhes dais tanta dor?!...
Porque
padecem assim?!...
(quando
têm tanta alegria para dar!)*
E
uma infinita tristeza,
uma
funda turbação
entra
em mim, fica em mim presa.
(…)
*-agradecendo
a Augusto Gil… e sem o seu consentimento!
Zambujal
10. Rocha/Desenhamento
Será talvez um pequeno lago de jardim. Nem sempre a percepção se determina tão imediatamente instintiva. Espreito pelo óculo que me resta e vejo um plano sem margens, água ora verde, ora azul, de súbito negra, recortada, vítima de alguma sombra. Será rio na maré completa, espelhando no cachão os verdes das árvores na margem ou, bem perto, um contraste negro das sombras, com céu a rasgar aqui e além, no contraste da sombra, bocados azuis? O contraste é coisa do aperto no respectivo botão da máquina. Se abrisse luz, toda a imagem se apagaria em branco, e nem rio, nem lago, nem mar, nada de tudo o que está debaixo dos meus olhos restaria para indagar.
Rocha de Sousa
8. M.
6. Licínia
Será talvez o efeito da usura do tempo que me atraiu nesta porta que já foi sinal de riqueza de gosto e de meios dos seus proprietários. Nova se chamou a arte que nasceu na época, com os seus novos conceitos de socialização e de apreço pelos elementos naturais. Vinha aí um novo tempo e deles a casa foi testemunho. Hoje deixa-se violar pelo tecido da aranha, pela pedra afiada. Bela ainda, na velhice, a casa, a porta, em que pousei o olhar.
Licínia
5. Justine
Será talvez… exagero! É natural. E compreensível. Até mesmo respeitável. Portanto, aceitável! Quando se trata de orgulho de mãe, todos aceitam o exagero, mesmo que às vezes essa aceitação venha acompanhada de um sorriso complacente. Não interessa…
Será talvez… um enorme exagero, mas foi o melhor bife tártaro que comi em toda a minha vida!
Justine
Será talvez… um enorme exagero, mas foi o melhor bife tártaro que comi em toda a minha vida!
4. Jawaa
3. Bettips
2. Benó
Será talvez a falta de manutenção, o desleixo, o deixa andar que ocasiona o aspeto de velho e, eu diria, inoperável, desta boca de incêndio completamente enferrujada? Será talvez, assim, que mesmo os relacionamentos entre os humanos se deterioram? Por falta de atenção, de manutenção, de cuidados? Será, talvez!
Benó
quinta-feira, maio 01, 2014
AGENDA PARA MAIO DE 2014
Dia
8 - Reticências
com
a frase “Será
talvez”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
O DESAFIO DE HOJE
Dia
1 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “Mon”
para formar as nossas palavras. O
texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
NOTA:
NOTA:
A Justine pediu-me que vos avisasse que hoje não participou no nosso desafio por se encontrar ausente do país.
8. Teresa Silva
Monção
Em Setembro passado fui dar uma volta pelo Alto Minho; não ia lá há muitos anos. Fiquei decepcionada. As cidades não tinham a beleza de que me lembrava, nem mesmo Viana do Castelo. Muitas casas em ruínas, outras mal recuperadas. Poucas pessoas nas ruas. A paisagem não urbana também com casas feias entre um arvoredo mal cuidado. Apenas gostei de Ponte de Lima, essa sim, bem recuperada, com muito movimento, muito bonita. Mas estou a divagar e a fugir ao tema. Envio uma foto de Monção, a cidade que, no seu todo, achei em pior estado, embora a zona das termas esteja bem arranjada e tenha um parque bonito.
Espero, com estas apreciações, não ofender as pessoas do Norte. Mas definitivamente prefiro as cidades e as paisagens alentejanas.
Teresa Silva
3. Jawaa
2. Bettips
1. Benó
Monte
"Mon" foi a sílaba escolhida para o desafio de hoje e, confesso, que não tive um "flash" tão rápido como desejava pois as palavras que me ocorriam não se coadunavam às fotos do meu arquivo.
Creio que, MONTE, além de ser uma bonita foto, é uma imagem real dos nossos campos atuais. Ambos, o monte de terra e o monte habitação, encontram-se atualmente abandonados. O primeiro sem nenhuma sementeira ou rebanho que por lá se passeie e o segundo caindo em ruínas pela ausência dos pastores e de quem cuide das suas paredes. Resta-nos a paisagem sempre bela e sempre diferente em todas as estações do ano.
Benó
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